Ambiente | 14/03/2011 08h13min
Se um desavisado começar hoje a acompanhar as discussões sobre o Código Florestal é bem provável que não entenda exatamente o que cada lado defende. Parte disso, apontam ruralistas e ambientalistas, é culpa da falta de embasamento científico nos argumentos e da participação de mais setores nas discussões.
- Ninguém discorda que é preciso modernizar, mas o substitutivo foi feito sem muitas discussões técnicas. Estamos num debate entre os dois grupos (ambientalistas e ruralistas). Precisamos de uma discussão mais técnica e mais isenta - afirma a advogada especialista em Direito Ambiental Bibiana Carvalho Azambuja da Silva.
Bibiana destaca o papel fundamental da lei para toda a sociedade. Ela lembra que o código é uma norma que disciplina a proteção da flora e institui espaços territoriais especialmente protegidos. Ao cuidar da flora, ele protege águas, fauna e solo. Em um país com a riqueza natural do Brasil, determinar como a terra será utilizada tem um peso imenso.
Por isso a insistência de entidades como a Academia Brasileira de Ciências (ABC) em estender o debate. Em carta enviada ao deputado Aldo Rebelo (PC do B/SP), a ABC e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) afirmam entender que "qualquer aperfeiçoamento deva ser conduzido à luz da ciência, com a definição de parâmetros que atendam a multi-funcionalidade das paisagens brasileiras".
A boa notícia é que nenhum dos lados parece estar totalmente fechado ao debate, que deve contar com novas audiências públicas nas próximas semanas, antes da votação final do projeto. Em recente entrevista, a senadora Kátia Abreu (DEM/TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), afirmou que tudo é negociável desde que tenha explicação científica. Na mesma linha, Rebelo disse estar aberto ao aprimoramento do projeto:
- Minha ambição é aprovar uma lei que atenda aos interesses do povo brasileiro em todas as instâncias.
Para Mário Mantovani, presidente da SOS Mata Atlântica, a discussão será reforçada com o ciclo de audiências:
- Todos têm de apresentar suas questões. A pressa na aprovação é inimiga.
Bibiana concorda:
- A busca do consenso é importante para todo mundo. Quanto maior for o consenso, mais chance de a norma ser cumprida.
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