Luís Henrique Benfica
							
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Foi quase uma sessão de análise, com duração de 49 minutos, fora a conversa informal, já com os microfones dos repórteres desligados. Alvo de uma rejeição poucas vezes vista entre torcedores de um time de futebol, o técnico Celso Roth atribuiu nesta terça-feira parte da imagem de antipático ao tratamento que recebe da imprensa. 
Ele discorda do conceito de unanimidade negativa que lhe é atribuído até mesmo por alguns dirigentes do Grêmio. Roth diz receber nas ruas elogios e palavras de estímulo. 
— É aquela coisa: ficam batendo todo dia que sou ruim, que preciso sair, que o torcedor acaba tendo o mesmo tipo de reação — desabafa. 
O técnico diz se orgulhar de sua ética profissional. Garante jamais ter dado tratamento privilegiado a qualquer 
jornalista. Nem de ter fugido de entrevistas, "na alegria e na tristeza". 
Por isso, afirma sentir-se à vontade para cobrar melhor tratamento. 
— Vocês querem deixar o torcedor informado, mas, às vezes, não medem como fazem isso. Não enxergam a outra ponta. Tem um ser humano ali — lembra. 
Roth, contudo, também assume sua parcela de responsabilidade pela situação. Lembra que, em 1997, adotou um procedimento não condizente com a situação de técnico do Inter. Admitiu que "respondia totalmente errado" aos repórteres e não dava satisfação aos torcedores. 
— Naquele momento, tive um sério desequilíbrio com a imprensa. Depois, mudei. Mas, aí, já havia adquirido o rótulo. Nessas horas, ninguém quer saber se a pessoa mudou ou não — queixa-se. 
Para se manter distante das críticas e conservar a privacidade, Celso Roth não usa e-mail. Também não lê jornais gaúchos, nem escuta emissoras de rádio, excetuados os de FM. Mas comparece a shows e cinemas. Na semana passada, assistiu ao filme A Família Savage. Também faz 
compras nos supermercados", sem problema algum". 
— As pessoas param para conversar comigo, me dão bom dia, perguntam se está tudo bem — afirma. 
Segundo o técnico, os resultados obtidos dentro de campo não justificariam uma rejeição. Cita o fato de ter trabalhado nos principais clubes do Brasil e desfrutar de prestígio entre dirigentes renomados. Mas não deixa de reconhecer que a falta de maiores conquistas fragiliza sua imagem junto aos torcedores. 
— É claro que ainda falta conseguir o título nacional. Quando ele chegar, as coisas irão se encaixar — confia.