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Eleições  | 31/10/2010 23h24min

Serra discursa para acalmar ânimos após terceira derrota consecutiva no PSDB

Tucano esperou pronunciamento da adversária e Dilma Rousseff (PT) para falar

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

José Serra não poderia ter escolhido lugar mais emblemático para falar aos brasileiros sobre sua derrota na candidatura à Presidência da República. Deu uma entrevista coletiva num comitê do PSDB situado dentro do edifício Joelma, o mesmo que pegou fogo em fevereiro de 1974, matando 188 pessoas. Foi uma das maiores tragédias nos quatro séculos e meio de existência da capital paulista.

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Pois Serra, desta vez, tenta apagar um outro incêndio, nos ânimos dos seus correligionários. É a terceira derrota consecutiva do PSDB para o PT na disputa à Presidência da República. A irritação dos militantes tucanos era grande, tanto contra os tradicionais adversários petistas, quanto contra as mazelas internas do seu próprio partido.

O debate sobre o que deveria ser dito à imprensa foi tão intenso que a coletiva, programada para acontecer logo que o vencedor do pleito fosse matematicamente revelado (por volta das 20h30min), atrasou mais de duas horas. Ele esperou o pronunciamento da adversária e presidente eleita, Dilma Roussef (PT), antes de falar.

Eram 22h40min quando um séquito de tucanos ingressou no prédio, escoltando José Serra. Estavam presentes os mesmos que o apoiaram no final do pleito: o governador Alberto Goldman (PSDB), o prefeito paulistano Gilberto Kassab (DEM), o governador eleito Geraldo Alckmin e o senador tucano Aloysio Nunes Ferreira. Chamou a atenção a ausência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Saudando brasileiros de todos os cantos do território, ele afirmou ter recebido com respeito e humildade o recado dos brasileiros nas urnas. Cumprimentou Dilma pela vitória e desejou que ela faça bem ao país. Começou então a ler um discurso escrito a mão.

— Quis o povo outro caminho. Mas sou muito grato aos 43 milhões que me escolheram. A todos que colocaram um adesivo e carregaram uma bandeira com Serra 45. Agradeço também aos milhões que lutaram na internet em defesa de um Brasil mais democrático. Vou carregar comigo cada olhar recebido. Cada mensagem, inclusive no Twitter. Foram sete meses de peregrinação. O problema é como dispender essa energia acumulada nos próximos meses — brincou, se referindo ao fato de estar agora sem ocupar qualquer cargo político.

Serra lembrou ainda que foi apoiado por 10 dos 27 governadores brasileiros. Entre eles, Geraldo Alckmin, saudado com uma salva de palmas pelos militantes presentes no Joelma.

— A maior vitória desta campanha não foi mérito meu, mas de vocês. Pode parecer estranho para um candidato que não ganhou eleição, mas vim aqui para falar de esperança. Vocês alcançaram uma vitória estratégica, cavaram uma grande trincheira, consolidaram um campo político de defesa da liberdade e da democracia no Brasil. É um até breve, não um adeus. E me despeço com uma frase: Brasil, verás que um filho teu não foge à luta — concluiu Serra.

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