André Baibich  |  andre.baibich@zerohora.com.br

A Polícia Civil suspeita que o furto de equipamentos de dois fotógrafos na Arena, na semifinal da Copa do Brasil entre Grêmio x Atlético-PR, seja de autoria de uma quadrilha especializada que transita em grandes eventos esportivos.

A estimativa é de que cerca de R$ 100 mil foram levados dos dois profissionais.
A primeira vítima foi Lucas Uebel, que presta serviços para o Grêmio. Logo após registrar imagens da chegada dos jogadores à Arena, ele acomodou seu equipamento na zona mista — que tem acesso restrito a profissionais credenciados — e abriu o computador para editar e enviar o material. Quando foi recolher a câmera e a lente para se dirigir ao campo, viu que não estavam mais lá.

Fotógrafos têm equipamentos furtados no gramado da Arena

Poucos minutos depois, no gramado, o repórter fotográfico de Zero Hora Diego Vara deixou seus instrumentos de trabalho próximos à bandeira de escanteio, de onde desapareceram. Os dois foram ao posto da Polícia Civil no estádio e registraram boletins de ocorrência. Com outros equipamentos, fotografaram o primeiro tempo.

No intervalo, deixaram alguns pertences junto ao gramado para marcar o lugar onde trabalhariam na segunda etapa e foram verificar, junto à administração do estádio, se as câmeras de segurança registraram o momento do furto. Receberam a resposta de que as imagens não poderiam ser recuperadas durante o jogo, já que não havia como retroceder os vídeos sem prejudicar a gravação do restante da partida (veja abaixo a nota oficial da Arena sobre o episódio).

Quando retornaram ao campo, Uebel percebeu que havia sido furtado pela segunda vez: sua mochila foi trocada por outra, que continha apenas uma camiseta azul e um arame. Imagens levadas à polícia pelos fotógrafos mostram um suspeito com uma mochila semelhante às costas, flagrado instantes antes do crime. Ele vestia o colete exigido dos profissionais de imprensa para acessar o gramado.

— A suspeita recai sobre o indivíduo mostrado, já que a mochila é muito semelhante à deixada com a vítima. Parece ser uma ação de uma quadrilha especializada, que migra para estar em grandes eventos esportivos — destacou o comissário Lindomar Souza, da 4ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre.

Neste ano, antes do amistoso entre Brasil e França, um profissional que trabalhava para um canal de TV japonês teve seus equipamentos furtados do saguão do hotel onde se hospedou a Seleção Brasileira. Em São Paulo, o problema é recorrente. Dois suspeitos foram detidos com câmeras após o jogo entre Corinthians x Vasco, no Pacaembu, ano passado. Foram registrados crimes semelhantes em outros estádios da capital paulista, além de etapas da Fórmula-1 e Fórmula Indy.

A Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos (Aceg), responsável pelo credenciamento, informou que forneceu à polícia uma lista com os nomes dos 296 profissionais registrados para a partida — 60 com autorização para entrar no gramado. O presidente da entidade, Haroldo Santos, revelou que a Aceg proibirá a entrada de pessoas com mochilas no campo como medida de segurança.

A Arena do Grêmio publicou nota oficial sobre o episódio. Confira a íntegra:

Em relação ao furto dos equipamentos dos repórteres fotográficos Lucas Uebel e Diego Vara ocorrido durante a partida entre Grêmio X Atlético-PR, a Arena do Grêmio informa que está colaborando com as investigações conduzidas pelo delegado Herbert Moura Ferreira, da Polícia Civil, desde a noite de ontem, atendendo a todas as suas solicitações.

Na tarde de hoje, foram solicitadas pela Polícia as imagens das câmeras de segurança interna, que serão disponibilizadas em até 72 horas. A Arena do Grêmio está empenhada em auxiliar as autoridades na solução deste caso, na inibição de situações futuras e manifesta seu pesar com o ocorrido.

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