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Geral  | 25/07/2013 22h52min

Um mar de gente para ver Francisco

Cerca de 1,5 milhão de pessoas se reuniram na orla de Copacabana para ver e ouvir a palavra do Papa

Itamar Melo, Enviado Especial / Rio  |  itamar.melo@zerohora.com.br

Pegue o Réveillon do Rio, troque os fogos de artifício por um Papa bonachão a desfilar em carro aberto de uma ponta a outra da praia de Copacabana e você terá o que aconteceu ontem à noite, em um dos momentos mais esperados da Jornada Mundial da Juventude.

Um mar, um outro mar, de gente formou-se ao longo da tarde para esperar o encontro da juventude com o Pontífice, que subiu ao papamóvel às 17h15min, no Forte de Copacabana, e percorreu cerca de quatro quilômetros à beira-mar até alcançar o altar onde falou aos jovens, no outro extremo da praia.

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Durante o trajeto, que se estendeu por 50 minutos, Francisco parou várias vezes para cumprimentar os fiéis e beijar crianças. Chegou a tomar um chimarrão.

- Ai, meu Deus, é muita santidade - derramou-se uma mulher, ao ver o Papa no telão.

No meio do trajeto do papamóvel, montada sobre os ombros de um amigo havia meia hora, esperava por um instante de Francisco a estudante Lorena Portugal, 14 anos. Era tanta gente à frente que ela havia sido a encarregada de filmar a passagem do Papa do alto, para depois mostrar aos amigos, que estavam ao nível do chão e não viam nada.

Quando o papamóvel se aproximou, contudo, Lorena descobriu que a câmera do celular não estava ligada. Entrou em pânico. Mas conseguiu colocar o aparelho em funcionamento no último instante. Enquanto filmava, soltava gritos agudos que conseguiram a proeza de se destacar no meio da algazarra geral.

Quando conferiu o vídeo tremido em que o Papa aparecia duas vezes no meio de braços e câmeras, surpreendeu-se com seu berro:

- Ai, meu Deus, nem percebi que tinha gritado. Foi um impulso. Era emoção demais. Eu não parava de tremer - contou.

O Papa subiu ao altar pouco depois das 18h para celebrar o que chamou, em português, de “festa da fé”. Espantou-se com a quantidade de gente diante de si, um público estimado em cerca de 1,5 milhão de pessoas, estendendo-se a perder de vista na areia e na Avenida Atlântica.

- Vocês são tantos! Vim aqui para me contagiar com o entusiasmo de vocês. Sempre ouvi dizer que os cariocas não gostam do frio e da chuva, mas vocês estão mostrando que a fé é mais forte do que o frio e a chuva - disse o Papa, em referência ao mau tempo.

Só uma pequena porção de jovens conseguiu ficar perto do altar. Muitos sequer viam o palco, localizado a quilômetros de distância. A solução era aglomerar-se na areia diante dos telões que foram colocados ao longo de quase toda a extensão da praia. Ali tremulavam ao vento forte bandeiras dos países mais insólitos.

As amigas Kawana Tavares, 15 anos, e Rosana Carvalho, 16 anos, de Osasco (SP), aproveitavam a oportunidade para pedir aos estrangeiros que escrevessem mensagens nas bandeiras do Brasil que traziam amarradas ao pescoço.

- Começou no alojamento que estamos dividindo com 10 argentinas. Aí tivemos a ideia de comprar uma caneta e pedir mensagens a pessoas de todos os continentes, para levar como lembrança. Já temos toda a América do Sul. Também conseguimos Estados Unidos, Áustria, Japão, Coreia, Alemanha, Luxemburgo, África do Sul e muitos outros países. Identificamos de onde a pessoa é pela bandeira. Eu faço a abordagem em espanhol, a Rosana faz em inglês. Quando não sabemos de onde é a bandeira, perguntamos a origem do peregrino - explicou Kawana.

Para não se perderem no meio das ondas de gente, os grupos se moviam de um lado para outro de mãos dadas, formando longas fileiras que serpenteavam por entre a massa e tornavam ainda mais difícil o trânsito de um lugar a outro. A equatoriana Lissette Ronquillo, 23 anos, não tomou essa precaução e acabou separando-se do seu grupo, de Guayaquil:

- Saí para ir ao banheiro, não achei banheiro e depois não consegui voltar para perto do meu grupo, porque havia muita gente. O lado bom é que fiquei perto das grades e vi o Papa passar.

Antes de ir ao Rio, o grupo de Lissette esteve hospedado com uma família de Viamão, para a Semana Missionária. Ela diz que ficou “acarinhada” com os gaúchos.

- A acolhida foi muito boa. Foi precioso. E no Rio Grande do Sul a organização era melhor - avaliou.

Enquanto isso, no palco, o Papa recebia presentes de jovens e acompanhava uma sequência de encenações e apresentações musicais, incluindo a interpretação de uma canção sobre o Círio de Nazaré por Fafá de Belém. Quando a cantora paraense apareceu, outra paraense, Alana Nogueira, 21 anos, começou a gritar e chorar, sem controle, nas areias de Copacabana.

- Passei três dias e meio no ônibus para chegar aqui. Foi um sacrifício. Fiquei emocionada porque a Fafá de Belém é da minha cidade e trouxe ao Papa o Círio, que para nós é como o Natal - explicou.

Às 19h30min, quando Francisco leu sua mensagem final, milhares de jovens já estavam a caminho de seus locais de hospedagem. O morador de Bonsucesso Marco Aurélio Alves, 42 anos, ao contrário, fincava raízes na praia: montava uma pequena barraca na areia, para passar a noite. Ele adiou para hoje a volta ao lar para evitar os ônibus superlotados.

- Sou da Igreja Batista, mas vim ver Francisco, porque o Deus é o mesmo - afirmou.

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