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Geral  | 19/06/2013 05h02min

Polícias divergem na forma de reagir aos protestos em Porto Alegre, Rio e SP

Manifestações pacíficas e com confrontos ocorrem desde o episódio com o mascote da Copa

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

Gostem ou não os manifestantes, cabe às Polícias Militares a missão de evitar a depredação de patrimônio e o risco às pessoas. Como isso tem sido feito? A verdade é que não há termos de comparação entre a ação dos PMs em Porto Alegre e no eixo Rio-São Paulo, principais capitais envolvidas pelas manifestações.

Na capital gaúcha, a Brigada Militar tem agido conforme recomendam as táticas de contenção de distúrbio e, via de regra, com bom senso. Seguindo orientação do governador, perseguem apenas os manifestantes que depredam. Existem exceções, claro. No episódio do esvaziamento do tatu-bola (símbolo da Copa do Mundo), a repressão aos manifestantes foi muito maior do que o episódio que a desencadeou, acarretando críticas aos exageros policiais. De lá para cá, a BM age só em última instância, quando começa a depredação — antes, se limita a acompanhar os ativistas.

Na noite de segunda-feira aconteceram alguns excessos pontuais, como manifestantes que foram detidos porque filmavam a passeata. Esses dois fatos, apesar de condenáveis, nem se comparam com a truculência registrada em outras paragens. Em São Paulo os protestos cresceram — e muito — após a pancadaria generalizada comandada pela PM na semana passada, que bateu no que viu e no que não viu. Incluindo repórteres e comerciantes, devidamente identificados, que também levaram porrada e tiros com balas de borracha.

Talvez pior do que isso só o que aconteceu no Rio, segunda-feira: encurralados pelos manifestantes que invadiam a Assembleia Legislativa, PMs sacaram de suas armas de fogo e atiraram dezenas de vezes — com projéteis de verdade. Dispararam rajadas de fuzil e tiros de pistola em sequência, algumas vezes em direção aos manifestantes.

O que armas com projéteis de aço faziam num lugar de controle de tumulto? Por que a contenção dos ativistas não foi feita com balas de borracha, gás ou cassetetes, como é usual? Em Porto Alegre, PMs encurralados por vândalos estavam de pistola, mas não as usaram. Fato elogiado pelo governador.

Confira a cronologia dos confrontos:

PORTO ALEGRE

4 de outubro de 2012 | Tatu-bola
Contrários à privatização de locais públicos, cem pessoas cercaram o tatu-bola, mascote da Copa do Mundo, no Largo Glênio Peres. Alguns manifestantes invadiram o local onde estava o boneco inflável e houve confronto com policiais munidos de granadas e balas de borracha. Houve feridos e, por dano ao patrimônio público ou lesões corporais contra policiais, 15 pessoas foram presas.

27 de março de 2013 | Protestos contra o reajuste
Em março, houve protestos após reajuste na tarifa de ônibus na Capital (no dia 21). Na quarta-feira, 27, a prefeitura foi atacada com pedras, tintas e frutas. Houve pichação e quebra de vidraças. A polícia reagiu com bombas de efeito moral. Em abril, depois de novas pichações, BM e Guarda Municipal não agiram e foram contestados. Nos atos seguintes, não houve confrontos graves.

29 de maio | Acampamento contra o corte de árvores
Em uma ação planejada, cerca de 200 homens da Brigada Militar, do Batalhão de Operações Especiais (BOE) e do Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) agiram na retirada dos manifestantes que acampavam ao lado da Câmara de Vereadores. Eles ficaram no local por mais de um mês, em protesto ao corte de árvores para a duplicação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva (Beira-Rio). Foram detidos 21 homens e seis mulheres.

17 de junho | Passeata com confronto
Mesmo com a tarifa do transporte pública com o valor antigo desde 4 de abril, os protestos continuaram na Capital. Houve dois protestos na Capital com conflitos e prisões, na quinta-feira, 13 de junho, e na segunda-feira, 17 de junho. As depredações de prédios, contêineres e veículos motivaram a reação da Brigada Militar. Nas duas ocasiões, foram usadas bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. No dia 17, o protesto reuniu cerca de 10 mil pessoas e que teve 45 prisões.

SÃO PAULO E RIO DE JANEIRO

Em São Paulo a relação entre policiais e manifestantes passou de violenta na quinta-feira passada — houve agressões e feridos por balas de borracha — à paz na segunda-feira. Isso porque a PM foi orientada a evitar o confronto e proibida de usar balas de borracha, já que em protestos anteriores cometeu excessos denunciados pela população. No Rio, porém, a situação foi oposta. Com cerca 100 mil pessoas na segunda, o protesto carioca foi o maior do país e, por ação de uma minoria, o mais violento. Os policiais reagiram ao ataque com fogo à Assembleia Legislativa usando bombas de efeito moral e gás de pimenta, além de dispararem tiros contra os participantes. Houve feridos e pelo menos três foram baleados.

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