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Geral  | 26/03/2013 19h40min

Albatrozes serão devolvidos à natureza nesta quarta-feira

Aves foram encontradas na Lagoa do Peixe e tratados no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) em Rio Grande

Rafael Diverio  |  rafael.diverio@zerohora.com.br

Após uma semana de tratamento no Centro de Recuperação de Animais Marinhos (Cram) da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), um grupo de albatrozes-de-nariz-amarelo-do-Atlântico (Thalassarche chlororhynchos) será devolvido à natureza nesta quarta-feira. O número exato de quantas das 19 aves que receberam atendimento poderão voltar para casa só será definido durante a manhã, depois de um último exame. A tendência é que sejam levados de sete a dez exemplares. A ação contará com apoio da Praticagem da Barra, que disponibilizará uma lancha para transportar os bichos.

Os albatrozes apareceram na semana passada na Lagoa do Peixe, mais precisamente entre a Praia de São Simão e o Farol do Capão da Marca de Fora, num trecho de 77km no município de Tavares. Equipes técnicas do Parque Nacional da Lagoa do Peixe (PNLP), ao recolher os animais, perceberam a presença de quase 150 aves mortas. Além dos albatrozes, mais de 50 pardelas também foram encontradas, todas já sem vida.

O aparecimento intrigou os cientistas e o mistério permanece. Isso porque os animais não apresentaram lesões ou sinais de óleo nas penas. Apenas estavam fracos e cansados. Não tinham sequer hipotermia.

A hipótese levantada pelo oceanólogo Lauro Barcelos, diretor do Museu Oceanográfico, é que os animais tenham sido vítima de alguma intempérie. 

— A única possibilidade que encontro, até agora, é que eles tenham sido jogados na costa por alguma rajada de vento durante um temporal. O grupo estava todo junto e sem machucados — explicou.

A necropsia dos albatrozes e pardelas será feita pelo Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos da UFRGS (Ceclimar), de Imbé. O Cram analisará as amostras de sangue coletadas dos animais atendidos. O cruzamento desses dados poderá apontar eventuais novos caminhos na investigação de como os animais foram parar na costa gaúcha.

Apesar de viverem em regiões paralelas ao sul do Brasil, Uruguai e Argentina, no Atlântico Sul, os albatrozes são vistos em alto-mar. Na maior parte do tempo, perseguem embarcações pesqueiras e aproveitam os restos devolvidos pelos pescadores.

 

Ainda que tenham população estimada de 26 mil a 46 mil casais, são considerados em risco de extinção. Isso porque, segundo Barcelos, o número de exemplares diminuiu cerca de 60% nos últimos 72 anos. A captura não intencional, por anzóis destinados à pesca de atuns, tubarões e espadartes, é apontada como uma das causas.

Entre as curiosidades dos albatrozes está a criação dos filhotes. Cada casal põe somente um ovo por ano, entre setembro e outubro. Após ser chocado por 70 dias, eclode entre novembro e dezembro. Tanto o macho quanto a fêmea são responsáveis pela criação do filhote durante os três primeiros meses, quando o animal aprende a voar e abandona o ninho.

A maturação sexual, que configura o início da idade adulta, se dá aos 13 anos. Eles se reproduzem apenas no Arquipélago de Tristão da Cunha e Ilhas Gough, no Atlântico Central, que fica a cerca de 3,5 mil km da costa do Rio Grande do Sul.

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