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Geral  | 04/02/2013 00h52min

Engenheiro contrapõe informações dadas por sócio da boate Kiss no "Fantástico"

Conforme Miguel Ângelo Pedroso, apenas um leigo sugeriria o uso de espuma para isolamento acústico

Após a veiculação da entrevista de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios da boate Kiss, no Fantástico, a reportagem de Zero Hora procurou o engenheiro Miguel Ângelo Pedroso para comentar as declarações. Conforme o sócio da boate, o uso de espuma seria uma das opções dadas pelo especialista para isolar o barulho, informação que Pedroso diz ser uma "inverdade tremenda":

— Não se usa espuma em isolamento acústico. Eu nunca usei espuma porque é um absorvente acústico. O projeto contempla alvenaria de pedra, gesso acartonado e lã de vidro. O resto foi colocado por conta própria pelo Kiko. Qualquer leigo poderia ter dado a ideia de utilizar a espuma de borracha, mas não eu, que sou engenheiro pós-graduado em acústica arquitetônica.

Conforme Pedroso, para que o isolamento acústico seja eficiente, é necessária a utilização de material com grande quantidade de massa, o que não seria o caso da espuma:

— Além disso, o Kiko, mesmo tendo sido mal orientado para utilizar uma espuma de borracha para fazer o trabalho na boate, usou uma espuma de borracha inflamável. Ninguém em são juízo daria essa informação (de usar do tipo inflamável).

O engenheiro diz que, depois de executada a obra, em que foi colocado o gesso, ele foi chamado à boate, pois o barulho persistia. Na saída, após as medições, ele teria combinado com Kiko que uma parede de alvenaria seria construída atrás do palco.

— E quando fui fazer a primeira inspeção (antes do projeto e da obra), a boate era forrada de espuma nas paredes. Eu disse para tirar tudo, porque não adianta nada — acrescentou Pedroso.

 

Clique na imagem e confira o perfil das 237 vítimas

Como aconteceu

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelecimento, pelo menos 237 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considerada a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos últimos 50 anos no Brasil.

Em gráfico, entenda os eventos que originaram o fogo:

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A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade de Santa Maria, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes - além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com a Polícia Civil, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver o antes e o depois da danceteria:


A festa

Chamada de "Agromerados", a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia.

Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas "Gurizadas Fandangueira", "Pimenta e seus Comparsas", além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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