Política | 28/06/2012 20h32min
A CPI do Cachoeira deve aprovar, na semana que vem, requerimento de convocação do empresário Fernando Cavendish, principal acionista da Delta Construções. Com a convocação do empresário, a cúpula da comissão espera dar uma resposta às críticas de que a comissão não investiga as relações da Delta com o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Declarada inidônea pela Controladoria Geral da União, a Delta é a principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo Federal.
A ideia é que o depoimento de Cavendish ocorra antes do início do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho. Se aprovada a convocação na sessão administrativa da próxima quinta-feira, dia 5, a ida do empresário deverá acontecer na semana seguinte, provavelmente entre os dias 10 e 12 de julho. "Estou tratando desse tema (convocação Cavendish) e vamos enfrentá-lo na próxima reunião administrativa", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
Os partidos aliados do governo na CPI não devem, no entanto, permitir a aprovação da convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot. Os governistas alegam que Pagot não tem nenhuma ligação com a organização criminosa de Cachoeira e, por isso, não há motivos para sua ida à CPI. Há duas semanas, os governistas impediram a convocação tanto de Cavendish quanto do ex-diretor do Dnit. Na ocasião, o sobrestamento (adiamento) da convocação de Cavendish foi aprovado por uma margem apertada de votos: foram 16 a 13. A de Pagot foi por 17 a 13.
Com a provável aprovação da convocação de Cavendish, os integrantes da CPI esperam dar uma injeção de ânimo nos trabalhos da comissão. Esta semana foi considerada perdida pela maioria dos integrantes da CPI, uma vez que a maioria dos depoentes optou por ficar calada. E os que falaram pouco teriam acrescentado às investigações. Ao longo da semana, a CPI serviu mais uma vez para palco de disputa política entre PT e PSDB.
Briga entre oposição e base
Os tucanos acusam o relator Odair Cunha de ser "parcial" ao afirmar que há provas de que integrantes do governo do tucano Marconi Perillo (Goiás) integravam o esquema criminoso de Cachoeira. Já os petistas alegam que o PSDB quer tapar o sol com a peneira ao não aceitar o envolvimento do governo tucano com o contraventor.
Nesta quinta, Perillo engrossou o coro dos descontentes com a condução dos trabalhos da CPI por Odair Cunha: o governador se disse vítima de "perseguição política" por parte do relator da comissão de inquérito. Marconi afirmou que Cunha "não pode ser cabo de chicote de ninguém" e tem de agir "como relator isento".
Irritado, o relator reagiu: "Eu não vou me intimidar com qualquer tipo de declaração, de qualquer pessoa". Ao rebater as críticas, Cunha afirmou que "vai continuar investigando a organização criminosa". "Infelizmente, esta organização criminosa está no governo de Goiás. Espero do governador que ele colabore com a investigação, que as pessoas que são submetidas às ordens dele ou serviram ao seu governo venham aqui, colaborem com a investigação, que ele coloque a Polícia Civil, Militar do Estado dele para combater a contravenção. ê o que eu espero dele", argumentou o relator.
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