Política | 28/06/2012 12h29min
Em depoimento à CPI do Cachoeira, Cláudio Monteiro, ex-chefe de gabinete do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), negou ter ligações com o grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Mesmo tendo um habeas corpus que lhe garantia permanecer em silêncio na sessão, Monteiro disse que não poderia ter "de uma hora para outra a minha vida jogada na lata de lixo e a minha história riscada completamente".
— Cadê o rádio? Cadê a propina? Cadê a facilitação da licitação? Cadê o tráfico de influência? —, questionou Monteiro, que afirmou ter ido à CPI na "condição de quem não tem nada a perder".
Ele colocou à disposição os sigilos bancário, fiscal e telefônico pelo período que a comissão quiser. O ex-chefe de gabinete disse que jamais recebeu um rádio Nextel para falar com integrantes do grupo de Cachoeira, suspeita levantada pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. Monteiro disse que, em 475 dias de escuta, não há nenhuma fala pessoal com integrantes do esquema comando pelo contraventor.
— Onde está o rádio? Qual a gravação que aparece em que está a minha voz? —, perguntou.
Monteiro também afirmou que não recebeu qualquer propina ou mensalidade por supostamente ter interferido em nomeações no Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A estatal do lixo era área de influência da Delta Construções, que detinha o contrato do setor.
Em um grampo da PF, o araponga Idalberto Matias, o Dadá, pede ao ex-diretor da Delta Construções Cláudio Abreu que pague ao ex-chefe de gabinete propina para indicar uma pessoa do grupo para o cargo de diretor do SLU. Na sua fala inicial, o ex-chefe de gabinete relatou à CPI os depoimentos prestados por Dadá e Marcello Lopes, ex-assessor da Casa Militar do DF (e também supostamente envolvido com o grupo de Cachoeira), em uma investigação feita pelo governo local que o isentaram de qualquer recebimento de propina ou tráfico de influência.
— Fala de terceiros não são provas, muito menos indícios, não servem sequer para abrir um inquérito. E é com isso que estamos lidando hoje —, afirmou.
Monteiro disse que pediu que os ministérios públicos local e federal o investiguem e, ao mesmo tempo, propôs a abertura de uma ação contra Idalberto Mathias, o ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e o delegado Matheus Mela Rodrigues, responsável pela operação Monte Carlo. Monteiro disse que não pretende voltar ao governo até que seja isentado de todas as investigações oficiais.
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