Mundo | 23/06/2012 12h13min
O novo presidente Federico Franco buscará recompor as relações do governo do Paraguai com seus vizinhos após o mal-estar causado pela destituição pelo Congresso de seu antecessor Fernando Lugo, afirmou neste sábado seu chanceler, Félix Fernández, em declarações a uma rádio paraguaia.
— Ratificamos perante a comunidade internacional o cumprimento do ordenamento jurídico constitucional. Respeitamos muitíssimo os presidentes de nossas nações irmãs e vamos tentar conversar com eles — acrescentou o ministro Fernández em declarações à emissora de rádio 970.
Fernández disse que sua primeira atividade será entrar em contato com todos os países aliados do Paraguai para explicar a eles a situação vivida no país. O primeiro grande encontro internacional ao qual o novo governo deverá comparecer é a cúpula que o Mercosul, bloco integrado por Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina, realizará na cidade argentina de Mendoza na quinta e na sexta-feira.
O processo de destituição de Lugo durou um dia: na quinta-feira a Câmara de Deputados aprovou submetê-lo a um julgamento político e na sexta-feira o Senado votou por retirá-lo de suas funções, após uma audiência na qual os advogados de Lugo tiveram duas horas para apresentar sua defesa. Os governos de Equador, Venezuela e Bolívia disseram que não reconhecerão o novo governo.
O presidente Franco, em sua primeira coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, disse que Fernández se encarregaria de explicar aos sócios da Unasul que a mudança no Paraguai foi "completamente constitucional", que existe calma, ordem e nenhum ambiente de movimento militar.
— Não há ambiente de golpe, de bloqueio, não há militares nas ruas — disse Franco.
Ex-chanceler do governo de Luis Gonzáles Macchi e embaixador em vários países do continente, Férnandez é um especialista em direito internacional.
Leia mais:
Senado do Paraguai destitui o presidente
"A História paraguaia foi ferida profundamente", diz Lugo
Pesam cinco acusações sobre Lugo
Líderes latino-americanos condenam destituição de Lugo
Clima é de resignação nas ruas de Assunção
Entenda o caso
Ex-bispo católico, Fernando Lugo foi eleito presidente do Paraguai em 2008. O motivo para o pedido de impeachment — proposto ao meio-dia de quinta-feira e aprovado no final da tarde desta sexta — é o "mau desempenho de suas funções".
A maior razão que levou a oposição a desencadear o processo foi a execução de seis policiais e 11 sem-terra em um confronto que ocorreu na sexta-feira da semana passada, em Curuguaty, a 250km da capital Assunção.
A Câmara dos Deputados aprovou o pedido de julgamento político para destituir Lugo — por 76 votos a um. Na sequência, o Senado confirmou a decisão final para o impeachment para as 17h30min desta sexta. A condenação dependia da aprovação de 30 dos 45 senadores (dois terços).
Novo presidente concedeu entrevista coletiva na sede do governo paraguaio
Foto:
Norberto Duarte
/
AFP
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2024 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.