| 11/04/2008 05h01min
Alvo da ira da torcida do Grêmio, após duas eliminações em 72 horas — Gauchão e Copa do Brasil —, o diretor de futebol, Paulo Pelaipe, demitiu-se nesta quinta-feira. O próximo a deixar seu cargo, só que afastado pelo presidente Paulo Odone, deverá ser o técnico Celso Roth. César Pacheco deverá assumir interinamente o futebol. 
Ameaças de torcedores a familiares, feitas pela internet, por telefone e pessoalmente, como ocorreu com um de seus dois filhos, quarta-feira, no Olímpico, levaram Pelaipe, 57 anos, a pedir demissão. 
No início da madrugada de quinta-feira, quando alguns torcedores ainda protestavam na saída do estádio, Pelaipe despediu-se dos amigos, no vestiário. Encerrava-se, ali, o ciclo iniciado dia 9 de junho de 2005. 
Naquela data, quando o Grêmio aproximava-se das últimas posições na tabela da Série B, Odone chamou Renato Moreira para assumir o futebol, tendo Pelaipe como assessor. Após a saída de Moreira, em dezembro de 2006, 
Pelaipe obteve plenos poderes para comandar 
o departamento. 
Até as 17h, Pelaipe ainda relutava em confirmar oficialmente sua saída. Dizia esperar por uma reunião com Odone para comunicar sua despedida. E prontificava-se a seguir colaborando, até a escolha do substituto: 
— Sou parceiro dele, iniciei com ele nessa administração. Não irei abandonar o presidente nessa hora. 
Uma seqüência de entrevistas de conselheiros oposicionistas a emissoras de rádio, algumas delas acusando-o de falta de pulso para comandar o vestiário, levaram Pelaipe a mudar o discurso. Às 18h, falando à Rádio Gaúcha, confirmou a saída. 
Atual vice de marketing, César Pacheco já atuou como vice de futebol em 1998, sob a presidência de Luiz Carlos Silveira Martins, o Cacalo. Integrantes do Conselho de Adminsitração apóiam sua indicação. Lembra que ele tem presença constante no vestiário, participando, inclusive, de todas as viagens do time. 
Também cotado, o vice-presidente do Conselho 
Deliberativo, André Krieger, com passagem pelo cargo em 1999, 
garante não ter sido procurado. 
— O departamento de futebol é um moedor de carne. Foi assim comigo, com o Cacalo, entre outros. As pessoas acabam sendo coagidas a ter que assumir — afirma o presidente Paulo Odone. 
Em vídeo: torcedores sugerem o que a direção deve fazer para salvar o ano do Grêmio
Quem pega o rojão? 
César Pacheco 
Vice de marketing, já exerceu a função em 1998. Hoje, deve assumir interinamente. 
André Krieger 
Advogado, foi vice de futebol em 1999. Disse que não foi convidado e, por isso, não vê motivos para abordar o assunto. É vice-presidente do Conselho 
Deliberativo. 
Homero Bellini Jr 
Advogado, influente conselheiro e liderança emergente, foi vice jurídico na gestão do 
presidente José Alberto Guerreiro. Depois de ser insultado após um jogo na presença das filhas por um torcedor, decepcionou-se e hoje colabora nos bastidores. Não pretende assumir cargos, por enquanto. 
Antônio Vicente Martins 
Diretor de futebol em 2000, anos depois concorreu à presidência do clube. É respeitado no Olímpico, mas problemas de saúde na família o impedem de aceitar o cargo. 
Sobre as ameaças a Pelaipe 
Os protestos contra Pelaipe chegaram a um fórum de torcedores no site de relacionamentos Orkut. Um torcedor colocou o telefone residencial do dirigente e sugeriu que todos os descontentes ligassem para ele. Em seguida, um outro internauta interveio e pediu que a família fosse desvinculada da indignação com Pelaipe 
Luiz Carlos Silveira Martins, ex-presidente: "Questões do esporte se resolvem no âmbito esportivo. Repudio com veemência 
qualquer tipo de violência" 
Homero Bellini Júnior, ex-vice-presidente 
jurídico: "Absolutamente lamentável e inaceitável. O Pelaipe tem folha de trabalho indiscutível no Grêmio. E é um vencedor. Isso é coisa de marginal. Dou todo o apoio a ele" 
Zélio Hocsmann, conselheiro: "É uma tremenda injustiça. Este homem pegou o Grêmio em um momento tortuoso e segurou a bronca com dedicação e prejuízos pessoais" 
Raul Régis de Freitas Lima, presidente do Conselho Deliberativo: "A violência não se justifica em segmento algum da vida social. É condenável. O dirigente sempre busca sempre o melhor. Pode ser criticado, claro, mas dentro de limites" 
 
							
							
								Críticas de conselheiros a emissoras de rádio também influenciaram a decisão de Pelaipe
								
									Foto: 
									Jefferson Botega 
									
									
								
							
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