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Mundo  | 27/06/2009 03h33min

O legado de Michael Jackson

Triunfou nos anos 1980, caiu na década seguinte, mas será para sempre rei

Renato Mendonça  |  renato.mendonca@zerohora.com.br

Talvez soe como crueldade afirmar-se isso quando ainda se pranteia a morte do Rei do Pop, mas Michael Jackson “morreu” artisticamente em 1991, quando lançou o álbum Dangerous. Na verdade, bastaram nove anos – entre Thriller (1982) e Dangerous –, para que Michael deixasse sua marca definitiva na música pop ocidental.

Quando lançou Thriller, Michael afirmou-se não apenas como um músico que, em parceria com Quincy Jones, modernizou na forma de batidas eletrônicas o balanço da música negra americana. Michael colocou-se em cena como um entertainer que invadia o imaginário do público não apenas com música, mas também com clipes refinadamente produzidos. Era um artista total, forjado em som, imagem e fúria. Fúria, sim, porque além dos falsetes de timbre feminino de Michael, por trás de suas coreografias erotizadas, era possível perceber um quê de quebra, de revelação de algo oculto, um misto quente de ingenuidade e malícia.

A tal fraternidade entre povos e raças, que soava tão idealizada no discurso do artista, ganhou ares de revolução em sua obra. O Rei do Pop convidou guitarristas roqueiros como Eddie Van Halen (Beat it) e Slash (Black or White) para gravarem com ele, e a majestade de Neverland também teve o tino de trasladar a dança dos subúrbios negros americanos para o palco do mundo, nos passos do moonwalk. Michael fez duetos com o único rival à sua altura: The Girl Is Mine, em que ele dividiu vocais com Paul McCartney, é uma das canções mais edulcoradas que já se ouviu.

A importância do criador de Billy Jean é tal que deve ser medida não apenas pelo som que ele criou, mas pela reação que provocou. No início de 1992, a hegemonia de Jackson foi abalada quando Nevermind, do Nirvana, desbancou Dangerous dos primeiros lugares das paradas. Jackson, que tanto lutou contra a passagem do tempo, seja submetendo-se a cirurgias plásticas ou câmaras hiperbáricas, via outra geração desafiando seu reinado.

Depois vieram várias tentativas mais ou menos frustradas de reafirmar a majestade. A próxima seria uma volta triunfal aos palcos, estrelando 50 shows no auditório O2 de Londres, que estreariam no próximo dia 13 de julho. Alguma dúvida de que Michael ainda sustentava a condição de Rei do Pop foram dissipadas quando 1 milhão de pessoas adquiriram ingressos em tempo recorde.

O problema parece ser que o próprio Michael não estava tão certo disso. Inseguro quanto a cumprir a agenda de shows, consumindo forte medicação para suportar os esforços físicos, Michael Jackson parece não ter resistido à exigência de ser Michael Jackson.

Não há coração que resista.

Especial: relembre momentos marcantes do astro

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