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Conteúdo: unimedespacovida  | 12/10/2009 15h39min

Efeito dominó

Relacionar a disposição de doar órgãos com o exercício da generosidade não é difícil. Mas a força dessa relação pode ir além de constatações óbvias – como a de que, por exemplo, mais de 20 pessoas podem ser beneficiadas a partir de um único doador; ou ainda considerar o alívio que essas vidas salvas causará a familiares e a amigos do doente, como num jogo de dominó.

Questionado sobre o exercício da generosidade, o professor e terapeuta Pablo Mendes, doutorando em filosofia, lembrou de citar o filme “A Corrente do Bem” (Pay It Forward, 2000), que aborda o efeito positivo, e em cascata, de fazer o bem ao próximo. Sua lembrança está associada à construção de um ambiente, de uma atmosfera de generosidade – evidentemente mais saudável e revigorante do que um cenário carente dessa virtude.

“Podemos pensar que a generosidade, como forma de qualidade de vida, é uma opção para quem deseja ser feliz e percebe que, se conhecendo melhor e compreendendo com mais propriedade o mundo a sua volta, pode certamente contribuir mais e obter a paz, a felicidade desejada. Alguém que constata que a generosidade pode sim mudar para melhor o mundo a sua volta. Afinal, não saímos ilesos de nenhum relacionamento, pois aquilo que somos afeta as pessoas a nossa volta, como também o modo de ser destas pessoas nos afeta”, explica ele.
 
As atitudes que o filme expõe não partem de uma necessidade evidente ou urgente – na pressão de uma catástrofe, como uma grande enchente, por exemplo, porque nesse caso estaria mais para solidariedade. “A generosidade independe da quantidade que se dá, mas do estado do doador. Dá-se apenas porque se gosta de dar, sem quaisquer outras finalidades ou razões” , ensina Mendes. Nem são isoladas, por mais generosas que possam ser ações individuais. No filme, estabelecer elos é parte do jogo e, o mais importante: o bem feito pelo outro ou para o outro é uma atitude motivada por certa dose de idealismo.
 
Práticas generosas têm algo de idealismo, de fé no bem – tanto que o professor recorre à ética aristotélica para comentar sobre o tema aqui proposto. “Ética é a conduta que designa as concepções morais nas quais um ser humano se apóia, nutre fé. Na obra Ética a Nicômaco, Aristóteles elenca a generosidade entre as virtudes relacionadas ao bem viver. Para ele, o homem tem um único objetivo a ser perseguido: o bem, que conduz à felicidade”, afirma.
 
Clarisa Wolff Garcez, 61 anos, professora aposentada, é voluntária na ONG Via Vida, em Porto Alegre. Sim, Clarisa já avisou sua família que é doadora, mas não é por esse gesto que está citada aqui. Seu relato traz elementos que lembram a “corrente” do filme e também atestam os benefícios que ela própria experimenta, como explicou o professor.
 
Clarisa dedica conhecimento, experiência, energia e parte de seu tempo a evitar que crianças transplantadas ou em lista de espera por órgãos percam completamente o contato com a escola. A Via Vida mantém uma pousada para receber pacientes – e lá há uma sala de aula.

A professora não segue um programa de conteúdo. Seus alunos são crianças que vêm de longe, com realidades escolares diferentes. Então, depois de um contato com a escola de origem, identifica-se uma dificuldade que pode ser trabalhada, algo que estava incomodando.
 
“A ideia é aliviar, ajudar, de modo que possam seguir os dias mais tranquilos. Teve o caso do menino que voltou pra sua cidade dizendo “eu tenho câncer, mas sei inglês!”. Entende?”, conta a professora, que faz esse tipo de trabalho há 10 anos no Hospital da Criança Santo Antônio e há quatro na ONG.
 
“Sempre gostei de educação e de trabalhar com crianças. Na vida profissional, tive casos de alunos doentes e eu ia ao hospital, isso me despertou. Quando me aposentei, não queria ficar parada”, explica.

Também ocorre de os pacientes da Via VIda assistirem a aulas em escolas próximas à ONG. A situação é bastante diferenciada para a escola, em função de possíveis ausências e ajustes de realidades pedagógicas. Mas é possível. No ano passado, a presença de uma paciente baiana em uma escola da capital gaúcha motivou a instituição a trabalhar o tema da doação de órgãos em uma ampla campanha entre os alunos. Uma reação inesperada, em cascata (ou corrente!?) e extremamente positiva. 

“Posso dizer que foi depois de aposentada que atingi a plena satisfação profissional. Esse trabalho é uma via de duas mãos: sentimos uma satisfação imensa ao ver que nossa ação melhorou alguma coisa na vida do outro”, diz a professora.


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