O resultado da pesquisa Ibope sobre as eleições ao governo do Estado, publicada ontem em Zero Hora, foi comemorado pelas coordenações de campanha de Tarso Genro (PT) e Yeda Crusius (PSDB) e recebido com preocupação no comitê de José Fogaça (PMDB) – embora, oficialmente, nenhum dos líderes da campanha admita. A estagnação do peemedebista já desencadeou mudanças de foco na campanha.

O trabalho de reforço começou a ser desenhado ontem à noite, em reunião em Porto Alegre, com membros da linha de frente da campanha. Uma das decisões, baseada no que apontou a pesquisa, foi de que a campanha tem de ser reforçada em Porto Alegre, com a criação de uma coordenação.

A outra definição é de que a coordenação geral de campanha deve ser ampliada, e, para isso, o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior, foi chamado a integrar o grupo de forma permanente. Sobre os dados do Ibope, o candidato a vice, Pompeo de Mattos, avaliou que se trata do retrato de um momento:

– O Tarso está andando pelo Estado faz mais de um ano. Mas a campanha começa agora. Temos fôlego, temos estrutura para buscar. O que é preciso é movimentar essa estrutura. O assunto não preocupa, mas temos de tratá-lo com atenção.

Outro tema debatido no encontro foram as manifestações do ex-governador Alceu Collares e do prefeito de Taquara, Délcio Hugentobler, do PDT, em favor da candidatura de Tarso.

– Vamos reunir a executiva para avaliar. O efeito das manifestações deles pode ser o de unir mais o partido. Estou triste com Collares, que nunca deu chance para a nova geração crescer. Ele é um líder importante, mas sem perspectiva eleitoral e que está atrapalhando a nova geração nessa fase de afirmação – disse Pompeo.

Apesar de ressaltar que os 29% de Fogaça, que ontem participou de missa na Igreja Nossa Senhora das Graças, na Capital, já eram esperados, o deputado Fernando Záchia (PMDB) disse que o candidato terá de investir mais no corpo a corpo. Para Záchia, o fato de Fogaça ter optado pela neutralidade em relação à disputa presidencial não influenciou no resultado. Porém, admitiu que o tema merecerá uma “discussão interna”.

Tarso, que aparece liderando com 39% das intenções de voto, avaliou a pesquisa, por meio da sua assessoria, como positiva.

– Acho que nem na época em que Olívio era governador nós largamos tão bem – disse Carlos Pestana, coordenador da campanha.

Yeda disse estar “feliz” com números da pesquisa

Os petistas investirão forte esta semana no interesse de dissidentes de partidos que não apoiam Tarso. O comando da campanha espera ter na terça-feira um raio-x sobre a dissidência de PDT, PTB e PP. O levantamento está sendo feito nos municípios por meio de prefeitos e vereadores. O apoio a Tarso, que no sábado esteve em Santa Maria, deve se confirmar em uma plenária no dia 17.

Com posição mais confortável para avaliar a pesquisa, petistas comentavam, ontem, um suposto engessamento de Fogaça na corrida eleitoral.

– Não sei se ele vai manter a estratégia. Acho que o pessoal repete a mesma fórmula das duas últimas eleições, mas a conjuntura é outra – analisou um integrante do comitê de Tarso.

Apesar de se manter em terceiro lugar na pesquisa, Yeda Crusius demonstrava ontem confiança. A governadora, que passeou no parque com a família e disse a ZH estar “feliz” com os números, lembrou que, em 2006, nessa mesma época, também aparecia na terceira colocação, só que com 11% dos votos – agora tem 15%. Para quem espera vê-la em debates, ela voltou a dizer que não participará de nenhum enquanto estiver trabalhando e destacou que aposta no apoio da militância, no contato direto com a população e na internet para derrubar o índice de rejeição, de 47%. Líderes do PSDB, por sua vez, também apostam em um quarto elemento.

– Os votos de Fogaça estão vindo ao natural para Yeda. Esperamos que continue assim – disse um tucano.