Elas já estão na boca dos candidatos e na cabeça dos eleitores: as velhas – e nem sempre confiáveis – promessas eleitorais.

Embora o descumprimento de muitos compromissos firmados antes da apuração dos votos seja comum e contribua para o descrédito da população, as promessas são fundamentais para ajudar o eleitor a fazer a sua escolha.

Veja como funcionará o Promessômetro.

Aqueles que disputam a preferência do eleitorado precisam deixar claro que rumos pretendem dar ao Estado, município ou país – inclusive para se diferenciar dos adversários. Como o discurso dos candidatos é um dos fatores levados em conta na hora da decisão do voto, a promessa surge como forma de seduzir o eleitor. Porém, é preciso separar a boa da má promessa.

— Não se pode exigir que o candidato deixe de fazer promessas. Ele tem de ser avaliado de alguma maneira. O ideal seria que prometesse apenas o que pode cumprir, o que nem sempre acontece — diz a cientista política da UFRGS Mercedes Cánepa.

É justamente para ajudar o eleitor a avaliar os compromissos assumidos pelos candidatos a governador e a presidente que ZH lança neste domingo o projeto Promessômetro. Trata-se de um banco de promessas que, numa primeira fase, reunirá propostas feitas pelos concorrentes ao longo da campanha (veja os detalhes na página ao lado). Uma versão online permitirá ao leitor pesquisar, comparar e depois cobrar as promessas.

Para especialistas, é essencial para o eleitor ter acesso a informações para tomar sua decisão. Vale esquadrinhar o passado do candidato e procurar saber quem ele apoia, qual é a sua linha ideológica e com quem está afinado. Tais estratégias, segundo Mercedes, permitem avaliar até que ponto uma promessa merece crédito. A internet pode ser uma importante aliada. Mas os cuidados não terminam aí. 

Confira quais são as principais promessas dos candidatos à Presidência da República e ao governo do Estado.

Para especialista, eleição é o momento do julgamento

Se o eleitor conhecer minimamente o funcionamento do governo, saberá reconhecer propostas inconsistentes e não desperdiçará o voto. Um exemplo disso, conforme o cientista político da PUCRS Hermílio Santos, são os casos de candidatos que asseguram melhorias impossíveis de cumprir, simplesmente porque, mesmo eleitos, não terão prerrogativa para levá-las adiante.

A inconsistência das propostas de alguns políticos e o consequente descrédito de eleitores, na opinião de Santos, não devem ser vistos como algo negativo. Para ele, as melhores democracias são feitas por “eleitores desconfiados”. O cientista político Daniel de Mendonça, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), vai mais longe:

— A democracia é o regime da incerteza. Nunca sabemos o que vai acontecer após a eleição. Uma coisa é certa: a cada quatro anos, temos a chance de fazer um julgamento. Quem não cumpriu o que prometeu, não volta.