Marcelo Gonzato  |  marcelo.gonzato@zerohora.com.br

A tarefa de escolher um bom candidato pode se tornar motivo de angústia para o eleitor responsável. Com o uso eficiente da internet, porém, é possível obter argumentos mais concretos que as repetitivas propostas e promessas: de sites oficiais a páginas de instituições dedicadas a acompanhar os políticos, a rede oferece um conjunto de ferramentas que dá mais poder ao eleitor.

O eleitor não precisa depender dos tradicionais santinhos de campanha e de promessas para escolher em quem votar nas eleições.

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A internet oferece um número crescente de informações sobre a trajetória de candidatos de todo o país, como eventuais processos judiciais, contas eleitorais e produtividade parlamentar, capazes de formar uma peneira virtual que separe bons de maus políticos.

O problema é que, conforme o cientista político Paulo Moura, da Universidade Luterana do Brasil, pesquisas demonstram que mais de 80% dos eleitores gaúchos não costumam saber em quem vão votar para deputado a menos de um mês das eleições. Isso é um indício de que, apesar da considerável oferta de informações em sites oficiais e de organizações não-governamentais (ONGs), o manancial de dados permanece quase intocado.

Para o coordenador de projetos da ONG Transparência Brasil, Fabiano Angélico, a falta de tempo ou de familiaridade com a informática ainda inibe as varreduras virtuais. A entidade mantém diversos sites que permitem conferir doações de campanha, notícias sobre corrupção ou desempenho parlamentar. Bastam poucos cliques para verificar se o postulante carrega pendências judiciais ou já esteve envolvido em escândalos de corrupção.

A disponibilidade de dados na rede é maior quando o candidato ocupa ou já ocupou cargo público – nesse caso, seu nome é incluído em um dos muitos bancos de dados da ONG. O eleitor dedicado pode ainda verificar a situação de candidatos nas fontes oficiais, como cortes de Justiça ou o Tribunal Superior Eleitoral. Veja, nestas páginas, algumas das ferramentas disponíveis na rede de computadores e o que elas oferecem ao internauta.

“O eleitor não tem mais desculpa”
Paulo Moura, Cientista político

Coordenador do curso de Ciências Sociais da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o cientista político Paulo Moura acredita que a quantidade e a variedade de informações oferecidas na internet formam uma peneira virtual capaz de separar os bons dos maus políticos. Confira a entrevista concedida a Zero Hora:

Zero Hora – Há informação suficiente disponível para o eleitor escolher um candidato?

Paulo Moura – Pelo menos, podemos dizer que o eleitor não tem mais desculpa, depois de a internet disponibilizar essa abundância de informações, para se queixar de desinformação. Por mais que uma parcela expressiva da população ainda não tenha acesso à internet, o Brasil é hoje um dos países mais conectados. Mesmo quem não tem computador se conecta em lan houses ou no trabalho.

ZH – Essa pesquisa ainda é uma atitude pouco comum?

Moura – O gaúcho se vê como um povo politizado, mas pesquisas revelam que mais de 80% dos eleitores não decidem em quem vão votar para deputado estadual ou federal até 30, 20 dias antes da eleição. A maioria junta um santinho na rua ou telefona para um amigo para saber em quem votar na última hora. Não se dá ao trabalho de sentar diante do computador. Para ter qualquer informação que se queira, basta digitar o nome.

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