Quem é quem
O raio-x dos integrantes do bonde mostra o caminho, desde os seus históricos familiares, que os levaram a matar ou morrer pelo crime.
Clique nos números para ver o histórico.
1. Geovani Bueno Antunes, o Choupana, 22 anos
O bonde caiu
Morador da Vila dos Sargentos, Geovani fica em silêncio no vídeo, com olhar preocupado. Para a polícia há um motivo para isso. Ele teria sido alçado ao comando da quadrilha depois da prisão de um dos gerentes do bando dias atrás. Seria responsabilidade de Choupana organizar o bonde que atacou o Beco do Adelar, assim como a emboscada que acabou na morte, por engano, do empresário Marcelo Oliveira Dias. Na lógica da facção criminosa, ele deixou um prejuízo para trás. Tanto pelas prisões quanto pela perda de armas no confronto com a Brigada Militar.
Até chegar ao bonde que atacou o Beco do Adelar, Geovani colecionou passagens pela polícia e os benefícios da impunidade. Em 2013, aos 16 anos, ele conseguiu a proeza de ser relacionado em quatro atos infracionais diferentes no intervalo de apenas quatro meses. Só foi internado na Fase depois do último caso, em agosto daquele ano.
Na instituição, teve um histórico problemático. Envolveu-se em pelo menos quatro episódios de brigas e agressões. Em junho de 2012, com a participação de outro interno, teria tentado estrangular um adolescente dentro da Fase.
E se...
— Ele tivesse sido enquadrado em alguma medida socioeducativa logo depois do primeiro ato infracional que cometeu? Por ter cometido um delito de menor potencial ofensivo, um furto, ou ainda, o seu segundo delito, o tráfico de drogas, Geovani poderia ter cumprido a medida em uma unidade não tão restritiva, com praticas diárias de reeducação mais amplas. Em Pernambuco, essa experiência é feita em uma unidade de Jaboatão. Lá, os adolescentes são mantidos em um ambiente caseiro e saem da unidade com uma formação. O índice de reincidência é quatro vezes menor do que no sistema tradicional.
— Ele tivesse sido acompanhado após o cumprimento da primeira medida? Assim como no restante do Brasil, no Rio Grande do Sul o índice de retorno de adolescentes à Fase ultrapassa os 45%. Na Fase, há o programa POD Socioeducativo, que acompanha os egressos por um período, possibilitando a qualificação educacional e profissional, além de acompanhar a família deste adolescente. A participação, no entanto, é voluntária. O índice de reincidência reduz para 9% entre os que participam do programa.