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Os pais e a educação

(Gilmar Fraga/Agência RBS)

Uma mudança no comportamento dos pais, consolidada nas últimas décadas, vem interferindo diretamente nos resultados da educação de crianças e adolescentes. É o enfraquecimento da figura da mãe também como educadora, o que acabou sobrecarregando a escola com uma responsabilidade historicamente compartilhada. O fenômeno, provocado pela participação cada vez mais intensa das mães no mercado de trabalho, não é, no entanto, o único a comprometer a educação como atribuição da escola e da família. Há um distanciamento generalizado entre família e escola, determinado por omissões que podem ser medidas de várias formas. Uma pesquisa do Ibope, por exemplo, revela que apenas 7% da população brasileira considera que a educação também é uma responsabilidade dos pais.

O que aparece na pesquisa e em outras manifestações, de forma nem sempre explícita, é a confusão sempre presente entre a educação formal e a educação em seu sentido mais amplo. Mudar esse quadro não significa cobrar apenas das mães, envolvidas cada vez mais em tarefas fora de casa, uma participação ativa na vida escolar dos filhos. Significa chamar também o pai, os cuidadores, enfim, todas as pessoas que têm a obrigação de proteger suas crianças e seus adolescentes, para que sejam efetivos no envolvimento com professores e com o ambiente escolar.

A necessidade da aproximação dos pais do processo educacional é o foco da terceira das seis interrogações apresentadas pela campanha da RBS A Educação Precisa de Respostas. Por que é importante os pais participarem da vida escolar dos seus filhos? Algumas conclusões podem parecer elementares. Pais participativos sabem que seus filhos terão melhor desempenho, desde a escola infantil.

O que se apresenta como óbvio, no entanto, não vem sendo traduzido em atitudes, como comprova a realidade do ensino brasileiro. Infelizmente, não são maioria os pais que participam das lições que os filhos levam para casa, que incentivam a leitura, elogiam seus esforços, apontam e ajudam a corrigir erros e, o que mais importa, inspiram a convicção de que estudar não é um sacrifício. Ainda são minoritários os pais que contagiam os filhos com a certeza de que têm responsabilidades complementares na educação formal.

Não se espere que as respostas a essa terceira pergunta sejam originais ou espetaculares. As melhores respostas são as cotidianas, de quem não se contenta em transferir aos governos, às escolas e aos professores todas as culpas pelas insuficiências da educação. Pais precisam passar, pelo exemplo, a convicção de que suas atitudes são coerentes com o que pregam, ou não terão autoridade para exigir um melhor ensino para seus filhos.

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