A tensão entre as relações políticas entre a China e o Tibete ganhou mais um capítulo nesta sexta-feira. Autoridades chinesas afirmaram que o Dalai Lama, líder espiritual tibetano que vive no exílio, tentará sabotar os Jogos Olímpicos de 2008. O Partido Comunista chinês acusa o religioso constantemente de tentar minar a autoridade da China ao fazer pressão pela independência do Tibete, apesar de o Dalai Lama afirmar que busca autonomia para a região, e não independência. As informações são do site GloboEsporte.com.

– A China ganhou o direito de sediar as Olimpíadas, mas ele tenta sabotar até mesmo este importante evento e espalhar rumores – disse Zhang Qingli, principal autoridade do Partido Comunista chinês, sem, no entanto, revelar de que forma o Dalai Lama poderia sabotar os Jogos, que começam em cerca de cinco meses.

O ganhador do Prêmio Nobel da Paz disse à rede de TV britânica ITV no início do ano que protestos durante as Olimpíadas poderiam mostrar a política chinesa que, segundo ele, estaria acabando com a tradicional cultura budista no Tibete.

O Tibete ganhará importância durante o revezamento da Tocha Olímpica, que seguirá uma rota ambiciosa, que incluirá uma parada no topo do Monte Everest, que fica na fronteira entre o Tibete e o Nepal. Alguns ativistas deram a entender que poderão usar a popularidade do evento para fazer manifestações contra o governo chinês. O chefe da polícia chinesa, Kang Jingzhong, no entanto, alertou-os contra quaisquer protestos.

– Se houver qualquer sinal de instabilidade no Tibete, como por exemplo atividades de sabotagem vindas do Dalai Lama, teremos que responder com medidas que façam voltar a estabilidade na região.

Zhang e Kang falaram durante o evento anual no Grande Salão do Povo, em Pequim, que reuniu delegados para uma sessão do Congresso Nacional Chinês.

Tropas chinesas ocuparam o Tibete em 1951, e Pequim continua até os dias atuais a comandar a região com mão de ferro. Pequim exerce controle expresso sobre as instituições religiosas e constantemente vilaniza o Dalai Lama, que fugiu para a Índia em 1959, abortando uma reação contra o controle chinês. Em 1989, foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz.

A China diz que controlou o Tibete por muitos séculos, enquanto muitos tibetanos afirmam que seu país foi um estado essencialmente independente durante boa parte deste período.