Os canais de televisão de Cali, na Colômbia, não apresentam programas brasileiros. Até agora, Luz Angela, mãe de Perea, que até domingo se compadecia com os desabafos do filho sobre a falta de gols, ainda não assistiu aos quatro que ele marcou nos 6 a 0 contra o Jaciara, pela Copa do Brasil.
Mas ela já conhece detalhes de como a façanha aconteceu. Quarta-feira, a cada gol, recebia um telefonema do segundo marido, que acompanhava o jogo pela internet.
— Quando liguei, depois do jogo, ela já sabia de tudo. Estava emocionada. E disse ter a certeza de que eu lhe daria esta alegria. Minha mãe é tudo para mim. Criou seis filhos sozinha vendendo frutas — emociona-se Perea.Telefonemas entre a mãe e o filho são um ritual que se repete antes e após cada jogo. Na
véspera, Luz Angela recomenda ao filho que evite as
divididas mais fortes. E proteja, sobretudo, "as canelas e os joelhos".
— Ela ainda me trata como um menino. Quando estou em férias, liga todos os dias, para saber se já estou em casa. E isso que já estou casado há oito meses — diverte-se o jogador, que passou toda a manhã de ontem procurando um apartamento para morar com a mulher, Joana.
Nos três anos em que Perea atuou pelo Bordeaux-FRA, os telefonemas de Angela eram marcados pela aflição. Em longos relatos, ela contava ao filho a campanha feita por jornalistas de Cali, que não entendiam suas convocações para a seleção colombiana, apesar de estar na reserva.
— Ela começava a ouvir rádio às 6h e ficava revoltada com o que diziam de mim. Hoje, pede para que eu trabalhe com seriedade para dar a resposta aos críticos — afirma.
Para escapar ao assédio, o mais novo herói da torcida do Grêmio tem evitado sair do hotel em que mora. Ainda mais agora que os gols começaram a surgir. Em
Porto Alegre, porém, reencontrou a alegria
perdida na França. No Bordeaux, não conseguiu conquistar a simpatia do técnico Laurent Blanc, que fez gol contra o Brasil na Copa do México. Não teve a mesma sorte dos jogadores brasileiros e argentinos, que agradavam ao treinador.
Aqui, tudo é diferente. Com quatro anos de contrato com o Grêmio, Perea já faz planos de trazer familiares para morar aqui. É certo que, entre eles, não estará a mãe, apesar dos fortes laços que os unem.
— Ela tem medo de avião. Quando eu jogava no Nacional, ia de ônibus de Cali a Medellín para me visitar — diz o atacante.
Filho do vento
Perea revelou o apelido que tinha na Colômbia. Era conhecido como "Filho do vento".
— Não pela velocidade, mas pela impulsão nas bolas aéreas — esclareceu o próprio atacante, que se tornou personagem da semana depois dos seus quatro gols contra o Jaciara, nenhum de cabeça.
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