A Rússia qualificou hoje de ilegal o envio ao Kosovo da missão civil da União Européia (UE), ao considerar que esse tipo de decisão exige a adoção de uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU.

— Qualquer mudança do caráter, composição ou planos operacionais da presença civil no Kosovo exige uma nova decisão do Conselho de Segurança — disse Mikhail Kaminin, porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores russo, citado pela agência oficial Itar-Tass.

Além disso, Kaminin disse que essa decisão deve contar com o beneplácito tanto de Belgrado quanto de Pristina.

— Esperamos que o secretário-geral da ONU (Ban Ki-moon) e nossos parceiros compreendam as funestas conseqüências de cenários unilaterais e ações que violam a Carta da ONU — acrescentou.

O diplomata pediu para "se abster de passos que coloquem um precedente destrutivo para o sistema de relações internacionais".

Na mesma linha, o chefe do Comitê de Exteriores da Duma, Konstantin Kosachev, qualificou de ilegal a decisão de Bruxelas, já que nem Sérvia, nem Kosovo são membros da UE. O vice-presidente do Comitê de Exteriores do Senado russo, Vasily Likhachev, disse hoje que o envio da missão civil da UE abre uma "grave crise nas relações internacionais".

O presidente russo, Vladimir Putin, disse esta semana, em entrevista coletiva no Kremlin, que "o reconhecimento da independência do Kosovo seria ilegal e imoral". Putin defende a vigência da resolução 1.244 do Conselho de Segurança da ONU, que reconhece o Kosovo como parte integrante da Sérvia e também contempla o retorno da minoria sérvia a seus lares.

A Rússia declarou que nunca reconhecerá a independência kosovar sem o beneplácito da Sérvia, e acusa o Ocidente de ignorar os princípios de inviolabilidade das fronteiras em algumas regiões do mundo.