"Desde o começo, a gente sabia que a situação era difícil, porque acompanhava a discussão na Assembleia, a questão da dívida, as questões referentes ao caixa do Estado, os financiamentos e tudo mais. Mas sempre confessei que não sabia que a realidade era tão dura."
(Entrevista a David Coimbra, publicada em ZH em 4 julho.)
COMENTÁRIO
"Partilho da ideia de que se construiu um "discurso da crise", em uma ação que se iniciou no período da campanha eleitoral de 2014. E esse discurso produziu uma disparada circular difícil de se conter pelo fato de atuar como um mote que atende a sujeitos e interesse diversos. A exemplo de muitos outros líderes, o governador também se vale dessa "ordem do discurso", na qual a atuação pífia encontra abrigo rápido e fácil – dado seu caráter de evidência inquestionável – na razão de que tudo o que ocorre, é devido à crise."
Vanice Maria Oliveira Sargentini, professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e coordenadora do Laboratório de Estudos do Discurso (Labor)
"O remédio é amargo, muito amargo, mas o Estado está na UTI. A época de crise, de dificuldade, do desafio, exige verdade, mas exige também união e ação. (...) Também sou contra medidas assim. Fizemos de tudo para evitar, mas o Estado vive uma situação de emergência e precisa de ingresso urgente de dinheiro no caixa para dar conta das obrigações mais emergenciais
no próximo ano."
(Ao enviar o projeto de aumento do ICMS para a Assembleia, em 20 de agosto)
COMENTÁRIO
"O discurso do governador, ao dizer que Estado está falido e que está na UTI, não é propositivo. Não é um discurso bom para um governante que já tem oito meses de mandato. Demonstra uma inabilidade para quem já foi prefeito de uma cidade importante. Ele teria de mudar esse discurso. Já fez o diagnóstico de causa – a situação é muito ruim –, está convidando a população a participar, mas dizer que está tudo na UTI? Quem vai querer embarcar?"
Antônio Flávio Testa, cientista político e professor de história da comunicação política na da Universidade de Brasília (UnB)
"Sempre uso uma expressão: não chegamos ao fundo do poço, passamos do fundo do poço. Uma atitude dessa natureza
(proposta de aumento do ICMS) me impacta pessoalmente, mas sei o que serve para o Estado. Para alguém que está com câncer, não adianta dar Novalgina. É preciso criar condições de manter a máquina funcionando, os serviços
públicos funcionando."
(Em entrevista a Rosane de Oliveira, publicada em ZH em 25 de agosto)
COMENTÁRIO
"Estamos vivendo um momento geral de incertezas econômicas e sociais. Então, os líderes têm de entender que eles, primeiro, precisam ter propostas concretas e, segundo, que comunicação tem de espelhar um momento de "sim, estamos enfrentando um problema, mas precisamos resolvê-lo". Isso precisa ser comunicado de maneira que passe credibilidade. Colocar as pessoas em estado de alerta, de pânico é mais ou menos
como terceirizar o problema."
Gil Castilho, presidente da Associação Latino-Americana de Consultores Políticos
"Os servidores merecem uma explicação, mas hoje o assunto
é Expointer."
(Em 29 de agosto, na abertura da Expointer, na manhã em que servidores tiveram a confirmação de que receberiam parcela de apenas R$ 600)
COMENTÁRIO
"A partir do momento que você vai a um lugar público, sim, você tem de dar satisfação. Não estamos falando de figuras diferentes. Estamos falando da mesma pessoa e da mesma situação crítica, e não importa se está na Expointer, no supermercado ou na feira. Se a opinião pública está questionando, o que importa enquanto figura pública é você dar uma satisfação. Se você não quisesse responder, tem a opção de não ir, o que seria uma ótima medida."
Patrícia Teixeira, especialista em gestão de crise e professora de assessoria de imprensa para
políticos na Universidade
de São Paulo (USP)
"Chegou a hora da verdade para o Rio Grande do Sul no campo financeiro. Por isso, muitas vezes, tenho dito, tenho afirmado, que a situação financeira é emergencial. Nós poderíamos chamá-la quase que de calamidade."
(Ao anunciar o segundo parcelamento de salários de servidores, em 31 de agosto)
COMENTÁRIO
"A impressão que passa para a população – principalmente para a camada mais baixa, que necessita da Brigada Militar, da saúde pública, de educação e do transporte escolar – é a de desgoverno, de ausência do Estado, o que gera uma sensação de caos e abandono social. Isso, a médio prazo, pode ser perigosíssimo, pois cria descrença nas instituições e pode gerar um descompromisso político da população para com a vida em sociedade, com a regra, com a lei."
Bruno Lima Rocha, cientista político, professor da Unisinos e ESPM-Sul
Desequilíbrio financeiro
REMÉDIO
AMARGO
FUNDO
DO POÇO
Uma
EXPLICAÇÃO
HORA DA
VERDADE