Ao Pé da Letra
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Júlio Reny - Amor e Morte
"Eu achava que o rock gaúcho estava muito machista. Queria uma resposta para esse fato"
Lançada em 1985, Amor e Morte nasceu a partir da vontade que Júlio Reny tinha de retratar o universo feminino em uma canção. Ele achava que o rock gaúcho estava muito machista. - Uma vez eu estava em um show e ouvi mulheres cantando um refrão masculino e achei aquilo muito estranho. Queria dar uma reposta - conta. E foi com a ajuda de sua então mulher, Jaqueline Vallandro, que a música nasceu. - Ela era escritora e, na época morando na Bahia, mandou um poema por carta, com a temática anti-machista. A liga foi instantânea e, em cerca de 20 minutos, eu fiz a melodia - explica.
Você não tem muita chance
Você que manda flores
E diz que o seu negócio é romance
Você tem olhos perfeitos
Garra bonita, coxas demais
Você tem quase tudo
Para ser considerado um belo rapaz
Mas no seu beijo falta corte
Mas no seu beijo falta corte
Dispense a lua baby e me dê
E me dê amor e morte
Amor e morte
Amor e morte
Amor e morte
Você diz que o amor
Só pode rolar a toda velocidade
E que uma gata tem que andar muito ligada
Por esse pique de cidade
Às vezes você parece com James Dean
E realmente a gente
Sente vontade de roçar
Nesse blue jeans
Mas no seu beijo falta corte
Mas no seu beijo falta corte
Venha com tudo baby
E me dê amor e morte
Amor e morte
Amor e morte
Amor e morte
É o estereótipo do romantismo, o que, teoricamente, todo conquistador usa.
Era o que ela (Jaqueline) não queria. Queria mostrar que o romantismo convencional não importava.
Mostrava o que, à primeira vista, toda mulher iria gostar. Mas não era o que bastava.
Mostrava que a mulher também poderia reclamar, contestar, não gostar de algo, ainda que tudo indicasse que fosse um cara bonito, romântico.
A busca era por um amor intenso, verdadeiro, autêntico.
Ele era a grande sensação da época, o exemplo de cara bonitão.