Ao Pé da Letra
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TEQUILA BABY - SEXO, ALGEMAS E CINTA-LIGA
Piada interna, "Sexo, Algemas e Cinta-Liga" tornou-se o maior hit da banda.
Veja James Andrew e Duda Calvin falando sobre a música.
Machista por natureza, o universo do rock é repleto de canções que retratam o homem como predador sexual e/ou a mulher como mero objeto de prazer. Mas em 1996 a Tequila Baby inverteu os papéis: com Sexo, Algemas e Cinta-Liga, é o macho está à mercê de uma poderosa fêmea, que o usa como bem entender.
Uma das primeiras músicas compostas pela banda, Sexo... não nasceu clássica. Pelo contrário: era quase uma piada entre os integrantes do Tequila, uma tiração de sarro adolescente, "a música do Inter e dos Ramones", relembra o vocalista Duda Calvin, autor da letra. Tanto que nem foi considerada para entrar na coletânea Segunda Sem Lei, que revelou o grupo na segunda metade dos anos 1990.
- O foco era Malandro do Bom-Fim, Sexo... entrou na última hora - recorda o guitarrista James Andrew.
Graças a ela, o Tequila cresceu e projetou-se pelo Brasil. Na opinião de Duda Calvin, as algemas e cintas-ligas da banda estarão onde houver um gaúcho desterrado. Inclusive nos ambientes mais improváveis.
- Sabemos que usam as músicas da Tequila em cabarés. Eu nunca vi, mas acho bem legal - declara o vocalista.
Para a dupla de ataque da banda, Sexo, Algemas e Cinta-Liga não pertence mais à Tequila Baby: ela é do público.
- Nenhuma música nossa se compara à Sexo... É incrível o poder dela - define James

O meu problema, huh, huh, huh...
O meu problema, huh, huh, huh...
O meu problema é sexo, algemas e cinta-liga
Não importa se é loira ou morena
Se ela é alta, média ou pequena
Não importa se é oriental
Mas que torça pro Internacional
O meu problema é sexo, algemas e cinta-liga
De manhã, ela vai embora
E me deixa algemado no colchão
Eu só tenho apenas
Sua calcinha vermelha no chão
Sua calcinha vermelha no chão
O que eu quero é sexo, algemas e cinta-liga
Não importa se tem outros homens
Mas que goste de ouvir Ramones
O meu problema é sexo, algemas e cinta-liga
Se ela tem um certo brilho no olhar
Ou se gosta mesmo de apanhar
O meu problema é sexo, algemas e cinta-liga
Duda: Sexo...é uma visão de mulher, é o nosso "chicobuarquismo" (risos). James: É o nosso lado brega.
Duda: Essa parte eu não sei explicar direito (risos), mas a ideia era porque o que viesse estava valendo (risos). Pros caras que estavam recém-saídos da adolescência, qualquer tipo de mulher servia, era isso.
Duda: É porque eu gosto do Inter. O James é gremista, se ele tivesse feito essa parte, teria colocado "que goste do tricolor".
James: Licença poética (risos).
James: é aquela sacanagem tipo Cascavelettes, que a gente ouvia muito.
Duda: Naquela época, quando tu gostava de alguma banda, tu usava camiseta da banda, fazia questão de mostra aquilo pras pessoas. Era tipo "curto tanto Ramones que não importa se a mina tem um namorado, se ela gostar de Ramones, eu gosto dela!"
James: E era uma época em que tudo era difícil de conseguir, até camiseta. Fiquei um tempão usando uma camiseta que eu mesmo fiz escrito "Ramones" com uma canetinha.
Duda: Fora que não tinha meninas que curtiam ramones - se tivesse, não teríamos colocado isso na letra (risos).
Gerbase: Para muitos, era mais importante ostentar ser surfista do que ser surfista de verdade. Então tinha prancha, mas não ia surfar nunca. Esse é o calhorda!
Gerbase: Foi crítica a um modo de vida: tem duas surf shops que só abrem ao meio-dia, quer dizer, antes do meio-dia o cara tá dormindo. Vive da herança milionária de uma tia: não fez nada. E vai pra Nova York estudar advocacia!
Heron: E as pessoas falavam que Porto Alegre, embora não tivesse mar, era uma das capitais que mais surf shops tinha.
Gerbase: A gente gostava de ter um personagem: o Astronauta, Surfista Calhorda, o Boy do Subterrâneo. A gente não fazia poesia, não estava interessado em expressar sentimentos, a não ser raiva de vez em quando.