INÍCIO
ROTEIRO
ROY E MICHELLE
O CARRO
ENTREVISTA
unca nos conformamos muito bem em permanecer fixo aos lugares. A nossa própria história exigiu que viajássemos para descobrir novas terras e novos meios de vida. Saímos da África para povoar o mundo. E agora sonhamos até mesmo com os limites do universo. Viajar sempre será um jeito de intensificar a vida e se reconhecer em outros lugares.
Instigados por esse modo de ser, Roy Rudnick e Michelle Weiss, naturais de em São Bento do Sul em Santa Catarina, tiveram certeza que viajar era o sonho de ambos e encontram um jeito de realizá-lo. Eles deram a volta ao mundo de carro entre 2007 e 2009. Agora, o casal parte para uma nova aventura, em busca de fronteiras mais setentrionais e novamente uma volta no planeta. Serão 900 dias, 120 mil quilômetros, 50 países, milhares de fotos e vídeos e grandes histórias para contar. Conheça um pouco do que os espera até retornarem a Santa Catarina. N
Design e programação
FÁBIO NIENOW Design
BEN AMI SCOPINHO Reportagem
ERICH CASAGRANDE
Fotos e vídeos CHARLES GUERRA e divulgação
Edição de vídeo
GIULIANO BIANCO e
LUCAS AMARILDO

Pantanal (Brasil)

Roy e Michelle esperam encontrar o animal mais característico do Brasil durante sua viagem ainda em território brasileiro. Antes de chegar à Bolívia, o casal irá cruzar o Pantanal por volta do mês de setembro.

Salar Uyuni (Bolívia)

É o maior deserto de sal do mundo. Cercado por montanhas da Cordilheira dos Andes, o planalto fica a 3.650 metros de altitude e tem mais de 10 mil quilômetros quadrados com diversas áreas cobertas de sal. Quando há chuvas, uma lâmina de água cristalina cobre algumas partes.

Yosemite e Yellowstone (EUA)

Irão acampar em diversos parques nacionais. Para citar dois, Yosemite e Yellowstone. O primeiro é como um reino de vales com paredões de montanhas rochosas. Yellowstone é o mais antigo parque nacional do mundo e possui diversos gêiseres.

Alasca (EUA)

No extremo Norte do mundo pela primeira vez, Roy e Michelle pretendem atingir a latitude 70º N. Essa latitude é acima do Círculo Polar Ártico. O Alasca é famoso pela vida selvagem, como: águias, alces, caribus, salmões, baleias, ursos-negros e o grande urso-pardo.

Deserto de Gobi (Mongólia)

Uma área com 800 quilômetros no sentido Sul-Norte que será cruzado por volta do mês de outubro de 2015. Protegido de qualquer luz de cidades e com céu límpido pela pouca umidade, é um dos lugares perfeitos para se observar o céu à noite.

Estrada dos Ossos (Rússia)

No extremo frio da Sibéria, construída por Stalin, leva esse nome pela grande quantidade de pessoas que morreram durante a construção. Dizem que os corpos ainda estão por lá tamanho o frio da região. O casal pretende chegar  a latitude 70ºN e superar temperaturas de - 50ºC .

Ásia Central

Árida, a agricultura não tem vez na Ásia Central. A distância do mar a deixou isolada do comércio e suas terras. Como uma das ideias dessa viagem é interagir e estar mais próximo das pessoas desses lugares, será nessa região que o casal espera aprender com a cultura nômade das estepes asiáticas.

Leste Europeu

Depois de cruzar por todo o continente asiático, eles chegam à Turquia e entram na Europa. Ao Leste do Velho Continente, irão cruzar pelos castelos e montanhas da Transilvânia - região da Romênia famosa pelos contos de Drácula.

Monte Huashan (China)

Conhecida como a trilha mais  perigosa do mundo, o acesso ao topo do Monte Huashan é um caminho na beirada de um precipício. Há correntes e cordas que servem como material de segurança. No topo do monte há um tempo taoísta que também serve chás.

Noruega

Roy e Michelle atingem pela terceira e última vez na viagem a latitude 70º N. Em Nordkapp (Cabo Norte), o casal estará no extremo norte do continente europeu e poderá contemplar a Aurora Boreal.

Monte Fitz Roy (Argentina)

É uma montanha famosa pelos imensos paredões de pedra praticamente verticais até a base.

CRUZANDO OCEANOS

Primeiro para cruzar o Pacífico, dos Estados Unidos até a China, e depois para deixar a Europa até a Argentina pelo Atlântico, será necessário expedir o carro de navio - cerca de 2 mil dólares cada trecho. "Embalado" em um container, o veículo levará dias para cruzar os oceanos. Mais tarde, Roy e Michelle reencontram o carro no porto de chegada.

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desertos

120.000

quilômetros

Cerca de

50

países

Temperatura mínima

- 50ºC

Temperatura máxima

40ºC

900

dias viajando

Altitude máxima

6.088m

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Curiosidades
UM CAMINHO
DE AVENTURAS

​SAÍDASão Bentodo Sul 17 de agosto

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Navegue pelo mapa e descubra por onde o casal vai passar

PERFIL DO CASAL Roy Rudnick e Michelle Weiss se conheceram no Grupo Coral e Musical de Eldeweiss na cidade de São Bento do Sul e foi em uma viagem desse grupo para a África do Sul, em 2001, que os dois começaram o namoro. Se apaixonaram e passaram a namorar também com o verbo viajar. – Em um curso de pós-graduação contei do sonho de dar uma volta ao mundo para um colega. Ele me mostrou que não fazia sentido esperar 10 anos, como pretendia, para fazer essa viagem. Deveria fazê-la o quanto antes. Enquanto jovem e com tempo para errar – lembra Roy.
De volta para casa, apresentou a ideia para Michelle, que topou, ainda que não completamente convencida. Após um ano e meio de planejamento e organização, o casal partiu para a primeira viagem ao redor do planeta em 2007. Foi preciso juntar economias. Roy abriu mão da carreira na fábrica de móveis da família Rudnick, Michelle trancou a faculdade de arquitetura: tudo seria pensado mais a frente. E ao invés de comprar um apartamento, reformaram um Land Rover e o transformaram em casa.
Ela tem 30 anos e ele 39, mas o jeito de cada um não entrega a idade. Em cada palavra sobre viagens, uma certa vitalidade incorpora suas expressões. Roy possui olhos de um azul tão claro que tomam conta do rosto, como um rio de águas límpidas de um vale na primavera. Michelle é esbelta e fala com mais parcimônia do que Roy, e parece guardar segredos sobre os lugares que viu e pretende encontrar. – Uma vez que você toma a decisão e assume as consequências das escolhas, tudo fica mais fácil. Para o dinheiro, aparecem recursos, para os problemas aparecem soluções. Decidir ir é o mais difícil – conta Michelle.
Agora eles partem para encontrar mais rios na primavera e novos segredos pelas estradas do mundo.
PARAMOTOR Como uma das apostas dessa viagem é a produção de vídeos, Roy e Michelle tiveram a ideia de ousar na perspectiva de ângulos e buscaram um meio para registrar imagens áreas e também aproveitar uma perspectiva diferente em certos lugares. A solução encontrada, principalmente por ser leve e ocupar pouco espaço no carro, foi levar um paramotor nesta expedição. Auxiliado por um motor que move uma hélice e a sustentação de um parapente, é possível voar e registrar o mundo acima de 200 metros de altura.
CUSTOS Roy e Michelle juntaram recursos para financiar o sonho de viajar ao redor do mundo. O primeiro passo foi comprar o carro certo e reformá-lo para a viagem. Foi como buscar recursos para comprar um imóvel, orçado em cerca de R$ 100 mil com as reformas. Durante a viagem de 2007 a 2009, eles gastaram na média 67 dólares por dia. Nesse valor está incluído combustível, estadias, refeições, mercado, passeios, despachos marítimos, voos, manutenção do carro, vistos, balsas, internet, documentos, souvenir, taxas, pedágios, correios, telefone, médicos, estacionamentos, farmácias, lavanderias.
Após a primeira viagem, Roy se focou no desenvolvimento da marca Mundo por Terra enquanto Michelle concluiu a universidade de Arquitetura. Juntos, o casal desenvolveu um livro, ministrou palestras e realizou exposições fotográficas. Essas ações ajudaram a fortalecer o projeto de uma segunda viagem e também praticamente abater gastos da primeira expedição. Mas ainda assim foi difícil conseguir patrocínio para viajar por mais 900 dias.
Roy e Michele contaram com ajuda de apoiadores e fornecedores que contribuíram essencialmente com serviços. Mas o orçamento bruto da viagem, em torno de 90 dólares por dia, continua levantado pelo casal que acredita conseguir recuperar parte dos recursos após a viagem.
PERFIL DO CASAL
PARAMOTOR
CUSTOS
UM LAND ROVER DEFENDER 130 A marca e modelo do carro já traduzem o pedigree do veículo para superar apuros em qualquer estrada. Mas Roy e Michelle precisam de muito mais do que apenas força e tração 4x4 para as suas viagens e por isso investiram para transformar a carroceria do Land Rover em um mini motorhome. O carro custou cerca de R$ 130 mil. Sete anos e 120 mil quilômetros depois, a casa deles pelos próximos 900 dias está um pouco mais confortável e prática.
Roy buscou desde 2009 fortalecer a marca que o casal desenvolveu e com isso gerar alguns rendimentos sobre o material produzido da primeira viagem. Dessa forma, conseguiram o apoio da Victoria's Motorhomes para reformar o espaço que antes eles mesmo haviam construído. O que é mesa e sofá, vira cama. O balcão da pia tem espaço para o fogão de camping alimentado por gasolina. Armários e bolsões espalhados do rodapé ao teto. Onde antes era um chuveiro, praticamente improvisado, agora há uma ducha e um filtro para escoar água. A iluminação, antes com lâmpadas fluorescentes agora são de led – mais econômicas e eficientes. O sistema de energia continua alimentado por placas solares e baterias.
Tração 4x4 de três velocidades, um estepe preso na traseira e outro sobre o capô dianteiro e um guincho de arrasto preso ao parachoque para escapar de atoleiros.
2,88 metros 1,91 metros
"Vamos renovar o passaporte por falta de espaço"

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Por que vocês escolheram essa rota?

Roy: Na primeira volta ao mundo, percorremos mais os países ao sul do mundo, apesar de termos cruzado seis vezes a linha do Equador. Dessa vez, pretendemos conhecer países em que não estivemos antes e a rota se delineou mais ao norte. Sempre estamos buscando novas aventuras e novos desafios.

Michelle: Aproveitamos para colocar o desafio de atingir o extremo norte dos continentes por três vezes: no Alasca, na Rússia e na Noruega, sempre acima da latitude 70º N.

 

Mas vocês também pretendem ir até a Antártica?

Roy: Sim, é um plano. Mas não temos certeza de como será, até porque chegaremos a Ushuaia - a cidade mais austral do mundo - no fim da nossa viagem. Também não pretendemos embarcar em uma viagem turística como há várias na região. Se for para viajar à Antártica, manteremos nosso estilo de viagem.

Como vão enfrentar o frio nas latitudes de 70º N?

Roy: Nestes dois anos e meio vamos passar cinco verões e um inverno. O calor será mais comum e poderemos pegar até 40 graus em alguns locais. Já o frio será intenso principalmente na Rússia. Imaginamos que pelo menos -50ºC iremos enfrentar por muitos dias. Para isso vamos comprar as roupas adequadas e equipamentos para o carro, como correntes para os pneus e aquecedores.

 

Que idiomas vocês falam?

Michelle: Nos viramos no espanhol, falamos fluentemente o inglês e o Roy também se vira no alemão. Porém o inglês é a língua universal e básica para viajar o mundo. Na China e na Rússia é que veremos como vamos fazer para nos comunicar. Será um grande desafio.

Roy: Mas falar a língua certa, ou inglês, não é requisito para poder viajar. Conhecemos muita gente que viajou o mundo todo falando apenas alemão, italiano ou francês. A comunicação também se dá de outras formas.

Como funcionam os processos de vistos durante uma viagem como essa?

Michelle: O importante é ter um passaporte válido em mãos, com bastantes páginas em branco. Com certeza teremos que renová-lo no meio da viagem por falta de espaço em alguma embaixada brasileira. Já os vistos, fazemos tudo na estrada. Estamos saindo apenas com o visto dos EUA em nosso passaporte. Os demais não têm como fazer antes, muitas embaixadas não permitem fazer com tanta antecedência, até porque eles têm validade. Outro ponto é a flexibilidade, não ter nada definido nos dá muita liberdade para escolher o itinerário, que apesar de estar traçado, pode sofrer muitas alterações.

Vocês não têm preocupações com segurança?

Michelle: Grandes preocupações não temos e procuramos nem pensar nisso, senão nunca sairemos de casa. Mas, em nossa primeira expedição, o mundo se mostrou muito mais seguro do que pensávamos. Claro que sempre temos que ter cuidado. Nosso foco é o interior dos países. Ali percebemos que as pessoas não têm maldade e nem interesse, somente curiosidade. Nossa maior preocupação é sempre com nossos equipamentos, câmera fotográfica, laptop. Nos preparamos cuidando sempre do nosso carro, nunca o deixando sozinho em locais que achamos duvidosos.

Roy: Para evitar conflitos, qualquer que seja, aprendemos na primeira viagem a buscar uma boa comunicação. Sempre tentar se aproximar, respeitar e se adaptar às pessoas e suas culturas.

 

Siga Roy e Michelle pelo Diário Catarinense e pelo site Mundo por Terra

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