Eles não querem ser adotados

Eles não querem ser adotados




Sem expectativa de ganhar uma nova família, jovens abrigados em casas lares precisam aprender a ter autonomia a partir dos 12 anos. Rede auxilia, mas dificuldades são inúmeras

Criada em uma casa de acolhimento desde os 16 anos, Dara da Silva Machado tomou uma decisão que tem sido recorrente entre adolescentes na fila adoção em Caxias do Sul: desistiu de esperar por uma nova família e optou por tocar a vida sozinha. Não foi uma decisão fácil, mas a jovem de 19 anos percebeu que a única saída seria trilhar esse caminho. Dara precisou se desligar do acolhimento porque atingiu a maioridade — pela legislação, todo adolescente ao completar 18 precisa sair da instituição. É um momento crucial para muitos jovens ignorados pelos candidatos a pai.

Há duas semanas, Dara ocupa um apartamento no loteamento Campos da Serra. Queixa-se da solidão ao chegar em casa à noite, diariamente, por volta das 20h30min. Para mudar o clima, liga a televisão, brinca com o filho João, de três anos, mas ainda assim sente falta das conversas e até das brigas que ocorriam na Casa Lar Murialdo, onde morou por três anos ao lado de sete jovens. Destituída da família de origem, que não tinha condições de criá-la e nem às outras cinco irmãs, ela nunca quis ser abraçada por novos pais. Tinha consciência de que não voltaria para o cuidado dos biológicos, mas também não se imaginava com um novo sobrenome.

A história de Dara se assemelha a de diversos outros jovens em Caxias, que estão na mesma situação, disponíveis para adoção. Por não serem bebês, os preferidos na hora da escolha dos pretendentes, e cientes de que a adoção tardia, após os 12 anos, não é comum, eles já chegam aos abrigos e instituições sem expectativas de uma vida fora dali. Os números ajudam a entender essa falta de esperança. Na cidade, de acordo com o Juizado Regional da Infância e Juventude, há 21 crianças e adolescentes que aguardam por uma família, sendo que 12 deles têm mais de 11 anos; no Brasil, segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA), 3.954 dos 6.583 estão nessa faixa etária, ou seja 60%. O perfil escolhido por quem está em busca de um filho também ilustra a desesperança: dos 230 pretendentes que estão na fila em Caxias, nenhum aceita crianças maiores de 9 anos.

— Quanto mais tempo eles passam dentro das instituições, mais sem esperança eles ficam. Um dia na vida deles faz diferença. Nas casas lares, eles ainda se acostumam com a rotina, criam suas manias e não pensam em se adaptar em outro lugar. Alguns também não pensam em morar em outra casa porque gostariam de voltar para os pais biológicos, mesmo cientes de que eles não teriam estrutura para mantê-los. Nós não criamos essa expectativa com eles, já que sabemos que, infelizmente, a adoção de adolescentes é difícil — explica Ketlyn Girelli, psicóloga da Casa Lar Murialdo.

Dara entrou na instituição, aos 16 anos, sem vontade de ser acolhida por outra família, mas também demorou para aceitar que o lar, que abriga no máximo oito crianças e jovens, seria seu novo endereço. Mas resolveu não cruzar os braços. Voltou a estudar e, há um ano, trabalha como atendente em uma padaria. Todo o dinheiro que ganha, guarda. A economia e a força de vontade fizeram com que ela conseguisse comprar o apartamento que hoje divide com João.

— Sempre fui bem tratada na casa lar, mas sabia que não seria meu lugar para sempre. Optei por dar um rumo para a minha vida. Não foi fácil, e nem está sendo, mas tudo vai ir para o seu lugar. Sei que tem quem olha para casa, de fora, e pensa "coitadas das crianças que moram aí", mas não é assim. Se você souber aproveitar todas as oportunidades antes de completar 18, vive muito bem depois. A cabeça só precisa ficar no lugar — diz Dara.

A jovem passou no vestibular no início do ano, mas ainda não começou a cursar em função da mudança para a nova casa. Com um sorriso largo e sem pensar muito, conta que planeja cursar Pedagogia para trabalhar com crianças. Embora goste de organizar a vida, não faz grandes planos:

— Não gosto de me frustrar. A vida sempre me mostrou que sonhar muito não é bom.

Sem apoio, migração para o crime




Não são todos os jovens institucionalizados que pensam como Dara e se sentem preparados para a vida fora de uma casa de acolhimento. Mesmo com uma rede de apoio formada e treinada, que oferece cursos profissionalizantes e chances de estudo, muitos não têm perspectivas longe das casas lares. Diante da possibilidade que a falta de preparo dos jovens pode favorecer a migração para a criminalidade e prostituição, grupos de apoio à adoção vêm pensando em alternativas para evitar que essas situações ocorram.

— Adolescentes egressos de instituições de acolhimento, se não tiverem algum referencial afetivo ou algum amparo até que consigam atingir a sua autonomia psicológica e financeira, são candidatos em potencial a enfrentarem dificuldades na vida. Encaminhá-los deve ser uma preocupação constante da sociedade e do poder público — acredita Suzana Schettini, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad).

"Estou com medo de não conseguir"




A boa estrutura oferecida pelas casas-lares também pode, sem querer, dificultar o processo de desprendimento do abrigo temporário. Acostumados a ter uma rotina doméstica sem grandes preocupações, já que os acolhidos não têm a obrigação de ir ao supermercado ou preparar suas refeições, por exemplo, eles podem sofrer na hora de ter que se virar.

Uma das irmãs de Dara, que não pode ser identificada por ser menor de idade, tinha 14 anos quando as duas chegaram na Casa Lar Murialdo. Hoje ela tem 17, segue morando na instituição, e também vem se preparando para viver longe do acolhimento. Frequenta aulas no Educação de Jovens e Adultos (EJA), trabalha em um hipermercado e, assim como a maioria dos demais jovens da casa, guarda todo o dinheiro que ganha. Mas, ao contrário da irmã que já mora em um apartamento com o filho, tem medo do seu futuro. Quer morar em uma casa perto do lar e não esconde o maior motivo da sua preocupação:

— Aqui está sempre cheio de gente e tudo está ao meu alcance. Quando for para um lugar meu, vai ser uma solidão, vou ter que saber de todo o funcionamento das coisas...

Antes de sair da instituição mantida pelo Murialdo, há duas semanas, Dara pensou em convidar a irmã para viver com ela no aparamento que recém adquiriu. Não levou os planos adiante por achar que a convivência com a caçula, de gênio forte, poderá atrapalhar o relacionamento entre as duas caxienses.

— São duas pessoas diferentes, com características e ritmos distintos. Além de nem pensarem em ser adotadas por outra família, ambas sempre deixaram claro a mesma vontade de tocar a vida longe daqui quando chegasse a hora. A legislação prevê o desligamento do acolhimento aos 18 anos, mas analisamos cada caso. Se algum precisar de mais tempo para se adaptar, daremos — explica Ketlyn Girelli, psicóloga da Casa Lar Murialdo.

Expectativa para nova família não é alimentada




Não é bom uma criança não querer uma família, mas muitas vezes as experiências que ela tem são tão traumáticas, que elas preferem não ter isso



Além de enfrentarem a separação dos pais biológicos — muitas vezes essa situação causa traumas irreversíveis —, conviverem em abrigos com pessoas até então desconhecidas, e terem que buscar autonomia para conseguirem viver fora das casas-lares, muitos dos jovens institucionalizados ainda precisam lidar com a falta de expectativa de crescerem com suporte de uma família. A adoção tardia, após os 12 anos, infelizmente não é comum no Brasil. Por saberem dessa dificuldade, a maioria dos abrigados com essa idade nem espera ser retirada dos abrigos.

Hoje, Caxias tem 21 crianças e adolescentes disponíveis para adoção, sendo que o mais novo tem seis anos. Dos 230 pretendentes que estão na fila em busca de um filho, nenhum aceita crianças maiores de 9 anos.

— Quando eles chegam aqui grandes, a partir dos 10 anos, a gente nem trabalha mais a perspectiva de uma nova família com eles. Não podemos criar uma expectativa de uma coisa que a gente sabe que será muito difícil. Alguns ainda não pensam em morar em outra casa porque gostariam de voltar para os pais biológicos, mesmo cientes de que eles não teriam estrutura para mantê-los. Não é bom uma criança não querer uma família, mas muitas vezes as experiências que ela tem são tão traumáticas, tão doloridas, que elas preferem não ter isso. E nós entendemos — explica Ketlyn Girelli, psicóloga da Casa Lar Murialdo.

Muitos ainda se acostumam com a rotina da casa lar e não se imaginam vivendo com outras pessoas. Sentem falta de carinho, mas preferem focar na busca por autonomia.

— Os maiores, acima dos 10 anos, não querem ser adotados e isso é realidade porque eles perdem a esperança. Esperam, esperam e a família nunca vem. Mas, pelo menos, as instituições veem se preparando para isso — acredita Marta Mazzuchini, presidente do Instituto Filhos, de Caxias.

Modalidade de casa lar auxilia no processo




Com o intuito de desenvolver um modelo de acolhimento que se aproxima do familiar, o programa de casas lares, fundamentado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e em leis sobre acolhimento de crianças e adolescentes no país, também surgiu para ajudar os jovens afastados do convívio familiar a buscarem autonomia. Esses locais, que começaram a ser implantados em Caxias há quase três anos, são lugares provisórios, assim como os abrigos tradicionais, mas diferem na sistemática: neles, pelo menos uma pessoa ou casal trabalha como cuidador residente, prestando cuidados a um grupo de crianças e adolescentes.

— Por muito tempo, os abrigos trabalharam como uma instituição muito completa. Todos os serviços, como médico e psicólogo, estavam disponíveis dentro do espaço. Então os jovens não precisavam sair, o que era bom por um lado pela facilidade, mas muito ruim por outro, já que era tudo muito fácil. Hoje, com a casa lar, se precisam ir ao médico, devem pegar o ônibus e se virar — explica Elói Gallon, coordenador da Casa-Lar Murialdo.

Para Marta Mazzuchini, presidente do Instituto Filhos, o número menor de acolhidos pelas casas lares — são no máximo oito, enquanto os abrigos tradicionais acolhem 20 — ajuda a equipe a tratar individualmente e dar mais atenção a cada um dos residentes.

— O objetivo é oportunizar para essas pessoas que necessitem do espaço protetivo, a vivência de um modelo de relações que possibilite o resgate da autoestima, hábitos e atitudes de autonomia, além da construção de um projeto de vida — acredita.

Em Caxias, são 12 lares mantidos por organizações não-governamentais em parceria com a Fundação de Assistência Social (FAS), que desembolsa quase R$ 250 mil mensais com os convênios. Seis são administradas pelo Instituto Leonardo Murialdo, seis estão sob a responsabilidade da Ação Social Aliança (Asa) do Rio Grande do Sul e outras três pela Associação Jesus Senhor. A cidade ainda tem três abrigos.

Programa no Texas é referência




Muito é feito enquanto eles não completam a maioridade, mas ainda não há um preparo adequado



Assim como no Brasil, os jovens abrigados em instituições nos Estados Unidos são desligados do acompanhamento ao completarem 18 anos. Lá, a situação também é crítica e já motivou inúmeros estudos de comportamento. Um deles, recente, apontou que grande parte dos cerca de 1,2 mil homens e mulheres que deixam os abrigos no Texas anualmente se envolvem com drogas e com a criminalidade.

Preocupado com essa situação, Kile Bateman resolveu agir. Há três anos, o americano fundou a Phased In, uma ONG que trabalha com adolescentes que estavam abrigados e atingiram a maioridade, dando esperança e condições para que eles consigam viver fora das instituições. Em uma espécie de república, uma em Dallas e outra em Wichita Falls, 18 jovens moram e participam de atividades e cursos profissionalizantes. Eles podem permanecer no programa até os 21 anos, mas há exceções.

— Em muitos casos, mesmo com apoio, muitos não tinham condições de se virar fora dos abrigos. Foi aí que resolvemos nos mexer para evitar que eles se envolvessem com drogas e prostituição, ou fossem para as ruas. Oferecemos a esses jovens um lugar para viver e começar um novo capítulo da vida, com o apoio e estrutura necessários para que desenvolvam a plena autonomia. Estamos vendo bons resultados — comemora Bateman, fundador e coordenador do Phased In.

O sucesso do programa chamou a atenção de Sara Vargas, presidente da ONG Pontes de Amor, de Uberlândia (MG). Criada em 2012, a entidade tem como uma das preocupações a situação dos jovens que saem de abrigos, e viu na proposta do Phased In uma maneira de ajudar os brasileiros. Sara entrou em contato com Bateman e agora começa a estruturar a ideia na capital mineira.

— Muito é feito enquanto eles não completam a maioridade, mas ainda não há um preparo adequado. Estamos desenvolvendo também o projeto Trilhas para Autonomia para que, além de serem acompanhados socialmente, possam desfrutar de ações em parcerias com empresas e universidades. Penso que se não estiverem preparados, sem estudo, não terão condições de se virar fora daquela casa. Não queremos que eles saiam do abrigo com as roupas dentro de um saco de lixo e sem rumo. Todo o nosso trabalho, realizado até então, seria perdido — explica Sara, detalhando que ainda não há data para que o Phased In comece a ser aplicado em Uberlândia.

Residência Inclusiva acolhe abrigados com deficiência




Se os abrigados que tem condições, mentais e físicas, de conseguirem entrar no mercado de trabalho e tocar a vida após completar 18 anos já precisam lutar muito, quem sofre com alguma deficiência precisa ainda mais de apoio. Foi para dar suporte a esses jovens, dependentes de ajuda, que as Residências Inclusivas foram criadas pelo Sistema Único de Assistência Social (Suas), programa ligado ao Governo Federal. Elas podem acolher até 10 pessoas egressas das casas de acolhimento e promovem, por meio de atividades, o desenvolvimento de capacidades adaptativas à vida diária. Os jovens entram na casa aos 18 anos e não tem data para sair. Atualmente, o Brasil conta com 205 residências inclusivas, espalhadas em 155 municípios.

Uma delas está em Caxias e foi inaugurada em agosto do ano passado. A Casa de Acolhimento Institucional Santa Clara de Assis abriga seis pessoas, duas mulheres e quatro homens, entre 18 e 24 anos. É mantida pela Legião Franciscana (Leman) graças a um convênio com a Fundação de Assistência Social (FAS) com repasse mensal de R$ 25.858,80. Os residentes e a casa não podem ser identificados para que o processo de adaptação e de contato com as famílias biológicas não seja prejudicado.

— Todos que estão aqui precisam de medicação constante, tomam remédios com recomendação psiquiátrica. Eles não têm como voltar para as famílias, já que por diversos motivos elas não têm estrutura para recebê-los. Acreditamos que muitos envelheçam juntos, que formem uma comunidade aqui, já que a maioria cresceu em abrigos e não tem para onde ir. Um ou outro, um dia, talvez consiga seguir uma vida fora daqui. Nós trabalhamos para isso, nosso sonho é esse — espera Bernardet Pegoraro, coordenadora da residência desde fevereiro.

A Casa de Acolhimento Institucional Santa Clara de Assis tem a rotina de uma casa comum, com horários para refeições e atividades em grupo, e conta com assistente social, terapeuta ocupacional, psicóloga, auxiliar-geral e cuidadores que se revezam nos atendimentos. Um dos jovens residentes trabalha em uma empresa em um turno e os demais participam de cursos de artes, de cuidados pessoais e de organização financeira. Hoje, segundo Bernardet, os seis vivem em harmonia, mas o início foi difícil.

— Tivemos que mostrar para eles que aqui era o lugar deles. Alguns, mesmo cientes das dificuldades, têm o desejo de voltar para a família. Por isso, temos o cuidado do uso do "mãe" e "tio", por exemplo, porque isso pode gerar um apego entre eles e os funcionários. Queremos poupá-los de mais sofrimento. Eles sentem falta de uma família, mas infelizmente não há como suprir totalmente essa carência — lamenta a coordenadora, com os olhos cheios de lágrimas.

Quase um ano depois de inaugurada, a Casa de Acolhimento está mostrando resultados com os jovens em Caxias e, por isso, pode passar a oferecer mais duas vagas, pulando de seis para oito. A ideia ainda passa por estudos.

— Hoje vemos que tem demanda e que a residência faz muita diferença na vida dessas pessoas que precisam de amparo. Elas vivem muito tempo nos abrigos, mas agora pelo menos têm para onde ir e são bem cuidadas — define a presidente da FAS, Marlês Andreazza.

Eles não querem ser adotados

Por que a conta não fecha




Hoje o Brasil tem 35.836 mil famílias habilitadas e 6.588 crianças disponíveis. Perfil desejado pelos pais e lentidão nos processos retardam adoções

Se fosse levado em conta somente os números do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), todos os meninos e meninas do Brasil teriam uma família que os acolhesse, e as unidades de abrigamento não existiriam. De acordo com os dados, hoje há 35.836 mil famílias habilitadas e 6.588 crianças disponíveis, ou seja, há cinco pais para cada pessoa apta à adoção no país. Em Caxias do Sul, esse número é ainda maior: há 230 possíveis pais para 21 crianças e adolescentes. Mas e qual a justificativa, então, para que as instituições ainda mantenham crianças e adolescentes em busca de uma família? O perfil desejado pelos pretendentes e a lentidão nos processos de desligamento da família de origem são as principais justificativas para essa conta não fechar.

Nos abrigos brasileiros, crianças com idade superior a quatro anos são maioria e, ao mesmo tempo, os menos desejados pelos aspirantes a pais. As estatísticas do CNA, criado em 2008 e administrado pela Corregedoria Nacional de Justiça, mostram que mais de 20% dos pretendentes exigem que seus filhos tenham até três anos. A partir daí, o percentual diminui a medida que a idade aumenta, a ponto de só 1% se interessar por crianças com até 10 anos. A cor de pele e o fato da criança ter irmãos também são condicionantes com peso decisivo nessa equação: segundo o CNA, 22% dos possíveis pais só aceitam crianças brancas e 69% só quer adotar uma criança, sem irmãos.

— Urgentemente, as crianças precisam ser vistas como sujeitos de direitos. É preciso cumprir a legislação e os prazos estabelecidos para o andamento dos processos. Infelizmente, leis não mudam cultura, não modificam crenças sociais, não erradicam o preconceito. Leis também não vocacionam profissionais, não conscientizam técnicos, não priorizam ou aceleram processos. Os dispositivos jurídicos e legislativos são ineficazes se não estiverem acompanhados de uma radical transformação cultural — destaca Suzana Schettini, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad).

Mas não é só o perfil desejado que faz com que ainda tenhamos crianças e adolescentes na fila para adoção no Brasil. Uma determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) contribui para o alto índice de abrigamento. Para a Justiça, a prioridade deve ser tentar a reintegração familiar das crianças retiradas dos pais biológicos e só depois de esgotadas as possibilidades é que elas podem ser encaminhadas à adoção. Os responsáveis pelo sistema reconhecem que há muita burocracia e falta de agilidade nesse processo.

— É preciso investir nas varas de infância e juventude e na capacitação das equipes técnicas, nos magistrados e promotores. Além disso, as redes de atendimento dos municípios precisam funcionar, tendo como prioridade aqueles que não tem absolutamente nada, nem mesmo um pai ou uma mãe. Sem isso, vamos continuar nesse discurso de que nada acontece — reclama Sérgio Luiz Kreuz, juiz da Vara da Infância e Juventude da comarca de Cascavel (PR).

Mesmo com essas dificuldades, Sara Vargas, presidente da ONG Pontes de Amor, de Uberlândia (MG), acredita que o Brasil está progredindo com a implantação de alguns programas, como o da família acolhedora:

— A Justiça precisa andar mais rápido, cada dia que essas crianças ficam nos abrigos é uma perda imensurável. Muitas práticas estão dando frutos, embora tenhamos muito a fazer ainda. Hoje um pequeno com sete anos é adotado, coisa que há pouco tempo era difícil de acontecer.

Leque de preferências está abrindo




O esforço de grupos de apoio à adoção com campanhas de conscientização e de preparação para pais habilitados a adotar têm mudado um pouco a realidade de abrigos lotados. O que se percebe, de acordo com Suzana Schettini, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), é que, ano a ano, os pretendentes têm aberto o leque de preferências etárias. Mas o sonho de um filho recém-nascido ainda impera, impedindo que a fila de crianças diminua.

— Ao longo dos últimos 20 anos, os grupos têm trabalhado muito na perspectiva de flexibilização dos perfis escolhidos pelos adotantes. Embora ainda não seja suficiente, já evoluímos muito. Enquanto até há pouco o perfil mais desejado era bebês até seis meses, hoje alguns já aceitam crianças de até cinco anos. Está entendido para muitos que o amor não tem cor nem idade — comemora.

Mario Maggioni, juiz da Infância e Juventude de Farroupilha, cidade que não tem crianças disponíveis para adoção graças a um trabalho incansável da equipe formada pela assistência social, Justiça e Ministério Público (MP), enfatiza que ainda há falta conscientização. Mas o magistrado vê solução:

— Se entrássemos em contato com os mais de 30 mil possíveis pais que estão na fila, certamente conseguiríamos diminuir o número de crianças que esperam por uma família. Falta aproximarmos os pretendentes. Já falei com pais que, no início, queriam um perfil de criança. No final, adotaram outro.

A idealização de um filho esbarra muito no preconceito e na forte tendência à padronização de comportamentos, de acordo com a psicóloga caxiense Patrícia Prigol. Para ela, a sociedade é excludente e ainda carrega a marca de um passado de perversões.

— Avançamos na tecnologia, mas não muito nas questões sociais e humanas. Ainda é difícil para a sociedade admitir, por exemplo, que existam várias configurações familiares. Parece que tudo que se diferencia do padrão imposto como "normal" pode ser rejeitado. É mais fácil lidar com os iguais do que com os diferentes.

A psicóloga enfatiza que ações de conscientização precisam ser tomadas porque quem mais sofre nesse processo são as crianças e adolescentes.

— Para o adotado, é necessário que o exercício do amor incondicional lhe seja garantido em detrimento de qualquer interesse ou necessidade narcísica de seus pais — sentencia.

Aumento no número de deficientes adotados




Prova de que o perfil está mesmo mudando é que o número de crianças adotadas com algum tipo de doença ou deficiência tem aumentado no país. Dados da Corregedoria Nacional de Justiça mostram que, em 2015, houve 143 adoções de pessoas com alguma limitação ou enfermidade no Brasil — um aumento de 49% em relação a 2013. Em 2014 foram 148.

A lei 12.955, criada em fevereiro de 2014, pode ter ajudado a melhorar esse número, já que ela prioriza os processos de adoção de crianças deficientes ou doentes crônicas ao estabelecer uma celeridade no trâmite das ações. Hoje, das 6.595 crianças e adolescentes no CNA, 1.694 (mais de 25%) possuem alguma doença ou deficiência.

O preocupante ainda é o percentual de pretendentes dispostos a adotar uma criança com essas condições. Dados do relatório mostram que quase 70% não aceitam possíveis filhos com doenças ou deficiências. Apenas 3%, por exemplo, se colocam como futuros pais de uma criança com HIV e pouco mais de 2% de uma com deficiência mental.

Abrigos não são depósitos de crianças




Autoridades que trabalham diretamente envolvidas com o processo de adoção são unânimes ao afirmar que a instituição de acolhimento, seja um abrigo ou casa-lar, precisa ser um local temporário para crianças e jovens. Por melhor que seja o local em termos de recursos materiais, a justificativa é de que ele não conseguirá proporcionar aos institucionalizados os subsídios necessários ao seu desenvolvimento pleno.

— Abrigos não são um depósito de crianças e adolescentes. Todos precisam estar inseridos em uma família que lhes proporcione os nutrientes necessários para que possam desenvolver-se de forma saudável — acredita Suzana Schettini, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad).

A demora no andamento do processo das crianças e adolescentes que são retirados das famílias também é um fator que dificulta a adoção dos institucionalizados. Mesmo que a legislação preveja um tempo máximo de dois anos em abrigamento até que a situação jurídica seja definida (regresso à família natural ou encaminhamento a uma adotiva), isso ainda é só teoria em muitos estados brasileiros. A falta de equipes técnicas especializadas e um investimento demasiado na busca por parentes na família extensa, que nem sempre têm laços de afinidade com a criança são alguns fatores que prolongam o tempo dos jovens em abrigos.

— Nesta espera interminável, crianças e adolescentes acabam "envelhecendo" e perdendo chances de adoção a medida que o tempo passa, já que ficam fora da faixa etária mais desejada pelos adotantes. Crianças não podem ficar reféns de processos judiciais que não andam por inoperância ou incompetência de um cruel sistema — diz Suzana.

O juiz da Vara da Infância e Juventude da comarca de Cascavel (PR), Sérgio Luiz Kreuz, afirma que a criança acolhida perde visibilidade e avalia como crime a demora no andamento dos processos daqueles que são retirados dos pais biológicos:

— As pessoas acham que o problema se resolve com o acolhimento. A sociedade não quer ver criança na rua, mas se conforma com ela nas instituições. Os acolhidos deveriam ter prioridade absoluta, a começar pelo Judiciário.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determina que os processos sejam revisados constantemente pelo Juizado da Infância e Juventude. Em Caxias, é o que acontece, de acordo com a assistente social Jenifer Souza Silva.

— Crianças/adolescentes disponíveis para adoção somente não são adotados imediatamente quando não há habilitados compatíveis com seu perfil. Cabe à sociedade se conscientizar que a adoção tardia também é uma forma de construir a maternidade/paternidade — afirma.

Acolhimento familiar pode ser alternativa




A maioria dos estados brasileiros mantém abrigos ou casas lares para acolher crianças e jovens que foram afastados, independente do motivo, da família de origem. Novos modelos de acolhimento sempre foram debatidos, mas profissionais que trabalham com adoção são específicos ao afirmar que a falta de estrutura, e muitas vezes de vontade, atrapalham a implantação de mudanças e melhorias nos processos.

Ciente de que o abrigamento prolongado pode causar dano afetivos, como a dificuldade para criar vínculos, além de déficit no desenvolvimento motor e na linguagem, e retardo na ressocialização, o juiz da Vara da Infância e Juventude da comarca de Cascavel (PR), Sérgio Luiz Kreuz, implantou, em 2006, o Programa de Acolhimento Familiar, modelo conhecido também como guarda subsidiada. Nele, uma família, cadastrada e treinada por uma equipe técnica, recebe em casa crianças e adolescentes — um por vez, exceto quando se tratar de grupo de irmãos — que não podem mais voltar para os pais de origem e que têm remotas chances de adoção, já que têm mais de 12 anos ou problemas de saúde e, por isso, raramente encontram interessados.

— Era preciso fazer algo por eles, já que para muitos a única experiência de família que tinham era de um grupo desestruturado. Percebemos que esse acolhimento dava resultados muito superiores aos dos adquiridos em instituições. Eles têm um tratamento individualizado, cercado de cuidados e, principalmente, de carinho, o que é muito difícil acontecer nas instituições. O programa foi crescendo e conseguimos extinguir a maior parte das instituições de acolhimento. Hoje, das três cidades que formam a minha comarca (Cascavel, Lindoeste e Santa Tereza do Oeste), somente Cascavel ainda trabalha com instituições — comemora Kreuz.

O magistrado explica que há uma lei municipal que disciplina o funcionamento do Programa de Acolhimento Familiar, que estabelece uma bolsa-auxílio para as famílias acolhedoras (que varia entre 1 e 1,5 salários mínimos), além de outros benefícios, como isenção do IPTU. O acolhimento é temporário, portanto, assim que a criança estiver em condições de retornar para sua família, é reintegrada. Não sendo possível o retorno, os pais serão destituídos do poder familiar e a criança encaminhada para adoção. Também não sendo possível a reintegração ou adoção, ela poderá permanecer na família acolhedora até os 21 anos.

A criação de vínculos, de acordo com Kreuz, é fundamental para o sucesso do programa de acolhimento familiar, considerado o maior do Brasil pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS):

— Mesmo desligados do programa, alguns jovens permanecem morando com as famílias acolhedoras porque criaram vínculos.

O programa também é amparado na Lei 12.010/12, que diz que os acolhimentos familiares são preferenciais em relação aos institucionais. Mas ainda não é o que se vê na prática: menos de 5% dos quase 45.898 acolhidos no Brasil, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, estão em acolhimento familiar, ou seja, 95% ainda estão nas instituições.

— A lei está sendo ignorada. Na Comarca de Cascavel, 85% dos acolhidos, hoje 245, estão em famílias acolhedoras. O Estado precisa fazer um esforço para que os acolhimentos sejam mais humanizados e realmente se priorize o acolhimento familiar — espera o juiz paranaense.

Em Caxias, programa está sendo elaborado




Os modelos de acolhimento familiar e de apadrinhamento, no qual a criança abrigada recebe a atenção de padrinhos nos finais de semana, são considerados eficientes por grande parte de juízes e psicólogos que trabalham com adoção. Em Caxias, o apadrinhamento já foi desenvolvido nos abrigos há anos, mas não foi adiante em função de questões administrativas. Agora, a Fundação de Assistência Social (Fas) lança um edital ainda neste mês para convocar empresas e grupos que queiram aplicar esses dois programas nas instituições da cidade.

— O apadrinhamento é muito desafiador e muito positivo, já que as crianças e adolescentes podem sair aos finais de semana dos abrigos e instituições e conhecer novos lugares e rotinas. Todo mundo sai ganhando. As famílias acolhedoras, cadastradas para cuidar daqueles que são destituídos do poder familiar, também só tem coisas positivas para agregar ao dia a dia dessas pessoas que já sofreram tanto — opina Marta Mazzuchini, presidente do Instituto Filhos, de Caxias.

Farroupilha zerou número de crianças disponíveis para adoção




Uma rede de apoio à adoção bem estruturada é a principal justificativa para Farroupilha estar em uma condição invejável para municípios como Caxias: hoje não há crianças disponíveis para adoção na cidade. Vinte e quatro estão na Casa Lar Padre Oscar Bertholdo, único abrigo de Farroupilha, mas estão em processo de destituição da família. Há anos, a equipe formada pela assistência social, Justiça e Ministério Público (MP) está empenhada em resgatar crianças e adolescentes em situação de risco e encaminhá-los para boas famílias. Para isso, busca casais por meio do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mas também telefona para interessados e faz propaganda boca a boca.

— Usamos todas as ferramentas disponíveis para conseguir o melhor para elas. A situação de crianças e jovens é sempre questão urgente. Também damos muita atenção para aquelas que ficam na Casa Lar Padre Oscar Bertholdo durante o processo de adoção ou destituição da família. Elas recebem todos os cuidados, mas a média de permanência no local não passa de sete meses. O lugar de todos eles é ao lado de uma família — acredita o juiz da Infância e Juventude, Mario Maggioni.

O grande diferencial da cidade, de acordo com o magistrado, é o estímulo para o acolhimento de meninos e meninas a partir de oito anos, quase sempre deixados em segundo plano. Somente neste ano, 11 crianças e jovens foram adotados em Farroupilha; no ano passado, 31. A maioria deles, segundo Maggioni, tinha acima de oito anos. Esse número é expressivo para uma cidade do porte de Farroupilha, com 63,5 mil habitantes. No Brasil, por exemplo, dos 35.721 pretendentes cadastrados no CNA, apenas 670 pessoas se candidataram para adotar crianças com essa idade, enquanto outras 6.463 demonstraram interesse por bebês:

— Alguns dos que foram adotados ainda tinham outro fator complicador: tinham irmãos em busca de uma família. Um dos últimos casos são cinco irmãos que serão adotados juntos por uma família de São Paulo. Procuramos até que conseguimos uma família incrível que os acolherá. É difícil conseguir? Claro que é, mas não dá para desistir. Já falei com pretendentes que estavam em busca de um perfil de criança, mas acabaram adotando outro porque se apaixonaram.

Hoje, 20 pretendentes estão na fila para conseguir adotar uma criança ou adolescente em Farroupilha.

"Nosso arco-íris se formou"




As dificuldades no processo de adoção são inúmeras, mas não são empecilhos para muitos pais. O sonho de adotar uma criança acompanhou Mariana Barbosa Vidor, 31 anos, desde a infância. Ela cresceu com o desejo de gerar um filho, mas sempre soube que criaria um pequeno que não tivesse saído da sua barriga. Assim que começou a namorar com Cléber, 36, expôs sua vontade para o companheiro e, como ele concordou com a decisão, o casal firmou, a partir daí, um trato que mudaria o futuro da família.

Um ano depois do casamento, em 2013, eles começaram a buscar informações sobre o processo de adoção, passaram por entrevistas e foram habilitados a entrar na fila de pretendentes — o único pedido era por duas crianças de até dois anos. Nos meses seguintes, Mariana conheceu grupos de apoio e passou a entender todos os trâmites do processo. Em janeiro de 2014, a ansiedade e a falta de retorno da Justiça fez com que a jovem agisse:

— Liguei para todas as comarcas do país, todas mesmo, para saber se nenhuma tinha uma criança para mim. Deixei meus contatos e pedi retorno, mas achei que ninguém me ligaria. Meses depois, uma vara do Maranhão retornou dizendo que tinha uma menina que se encaixava no perfil que queríamos. Tremi, chorei, e meu marido não quis nem ver a foto dela: já sabíamos que ela seria nossa filha.

Mariana e Cléber arrumaram as malas e ficaram 15 dias em São Luís, todos eles visitando o abrigo que a pequena Bianca, de quase dois anos, estava morando. Como a menina havia nascido com fenda palatina (quando há uma abertura entre o céu da boca e a base do nariz), lábio leporino (divisão no lábio superior, entre a boca e o nariz) e doença de blount nas pernas (distúrbio no crescimento da tíbia - as pernas se voltam para dentro, ficando arqueadas), Mariana encurtou o período de adaptação em função das consultas médicas que estavam marcadas para a menina em Caxias. O trio voltou para o Rio Grande do Sul, Bianca passou por cirurgias e se adaptou bem à nova vida.

A presença da criança na casa fez tão bem aos novos pais que, no ano passado, eles voltaram para a Justiça em busca de um menino para completar a família. Um mês depois, ficaram sabendo que um menino de 10 meses, com sérios problemas de saúde, estava para adoção, e sem pretendentes, em São Paulo. Mariana foi avisada de que o bebê tinha aumento craniano e sofria com doenças respiratórias, mas um só detalhe chamou a atenção da futura mãe:

— Quando me disseram que o nome dele era Guilherme, enchi meu coração de alegria. Era o nome que sempre quis dar para o meu filho. Era o meu príncipe me esperando! No dia que o conhecemos, era uma criança frágil, tinha um olhar assustado. Mas tudo deu certo e o trouxemos para casa ao lado da Bianca.

Mas as surpresas não pararam por aí. Cinco dias depois que os quatro já estavam em Caxias, Mariana começou a ficar enjoada. Cleber e os amigos logo desconfiaram de que ela estava grávida, mas a jovem, natural de Osório, se recusou a acreditar em um primeiro momento. Foi ao médio, fez os exames e logo descobriu que seria, então, mãe de uma terceira criança. Há seis meses, Sofia brinca ao lado dos irmãos Guilherme e Bianca. Os tons de pele diferentes das "manas" e do "mano", como são chamados pelos pais, só dão ainda mais graça ao trio.

— Eles são a nossa vida. Ainda bem que ninguém os quis enquanto estavam nos abrigos: sei que todos vieram ao mundo para serem nossos. Nosso arco-íris se formou — diz Mariana.

Encontro nacional, em Caxias, debate a adoção




Apesar do processo de adoção ter uma sistemática padrão para ocorrer — desde o momento que o pretendente busca a Justiça para se habilitar até o momento em que a criança/jovem chega na nova família — há sempre uma nova possibilidade que pode ser estudada e aplicada em cada caso. Os grupos de apoio à adoção, hoje são mais de 140 espalhadas pelo Brasil, conversam e debatem metodologias diferentes e, anualmente, se encontram para trocar experiências. Neste ano, o 21° Encontro Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Enapa) ocorre em Caxias hoje, sexta e sábado e pretende reunir profissionais da saúde e da Justiça, além de interessados em adotar uma criança ou jovem. Essa será a primeira vez que o Estado vai sediar o evento, que aconteceu pela primeira vez em 1996, em Rio Claro (SP).

— Os encontros pretendem possibilitar um espaço para refletir, discutir e organizar uma mobilização em torno da situação da criança e do adolescente institucionalizado, na perspectiva de fortalecer uma nova cultura da adoção no Brasil. Também buscamos propiciar a atualização dos grupos nas metodologias de trabalho adotadas com as famílias adotivas juntamente com todo o sistema envolvido na proteção dos seus direitos — explica Suzana Schettini, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad), uma das organizadoras do evento ao lado do Instituto Filhos, de Caxias.

Durante os três dias, juízes, psicólogos e representantes de grupos de apoio de diversos estados participarão de mesas-redondas. A abertura será às 18h do dia 26 com a palestra Da Parentalidade e das Relações Afetivas, com Marcos Piangers, jornalista e escritor do livro O Papai é Pop.

— O evento tem por objetivo discutir profundamente novos aspectos sobre o tema. Queremos desmistificar muitos assuntos e tentar dar luz para o ato da adoção. Também aproveitaremos para lançar um livro com 50 histórias de crianças adotadas e de pais que adotaram — adianta Marta Mazzuchini, presidente do Instituto Filhos.

SERVIÇO




O que: XXI Encontro Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Enapa)
Quando: hoje, amanhã e sábado
Onde: no UCS Teatro, em Caxias do Sul
Quanto: as inscrições custam R$ 170 e podem ser feitas pelo site www.sympla.com.br. Também será possível se inscrever na hora. A programação completa está disponível na página
Informações: pelos telefones (54) 3021.6950 e 9907.3265 ou contato@institutofilhos.org.br

Reportagem:

Carolina Klóss

Fotografia:

Jonas Ramos

Infografia:

Guilherme Ferrari