Diz

a lenda que era valente e guerreiro. Vivia em um tempo em que espadas, mosquetes, lanças e canhões confundiam-se com as brancas flores sobre os verdes laranjais. De acordo com o guardião da lenda, o escritor Simões Lopes Neto (...), Sepé Tiaraju nascera trazendo na testa um lunar "Bem pequenino/ Como um emblema divino".

Batizado Joseph Tyarayu, o índio missioneiro cresceu nas aldeias jesuítas dos Sete Povos das Missões rodeado pela sabedoria e instruído pelos padres a serviço Divino. Predestinado por Deus e São Miguel, destacou-se por ser um bom combatente e estrategista. No entanto, de boca em boca, persiste a lenda que se espalha e se mistura às histórias dos séculos. Sepé, cujo nome tupi-guarani se traduz como facho de luz, ostentava o lunar responsável por guiar os soldados em seus combates. "E tinha por penitência/ Que a sua própria figura/ De dia, era igual às outras.../ E diferente, em noite escura..."

O

ano era 1750, época pré-açoriana em que os povos das Missões se encontravam em seu maior grau de desenvolvimento. Portugal e Espanha haviam assinado o Tratado de Madri, implicando na troca entre si das Missões pela Colônia de Sacramento. Com isso, cerca de 50 mil índios deveriam deixar as terras de seus ancestrais, onde, em meio a igrejas e fazendas exerciam a pecuária e a agricultura. Ao passo que os jesuítas buscavam revogar o Tratado, os enviados dos reis começavam o trabalho de demarcação.

No habitual cenário rio-grandense de lutas e conquistas, surgia Sepé. Junto dos guaranis, ele impedia a entrada da comitiva em suas terras - daí sua declaração famosa: - Esta terra tem dono! Simões continua: "E quando a guerra chegou/ Por ordem dos Reis de além/ O lunar do moço índio/ Brilhou de dia também". Diante de armas luso-brasileiras e espanholas, apesar de toda a luta, Sepé pereceu junto de 1,5 mil guaranis na batalha do Caiboaté.

Diz

a lenda - de novo ela -, que ao morrer Deus lhe tirou o lunar da testa, transferindo-o para o céu dos pampas a fim de guiar os gaúchos. Por isso, em noite escura, ao olhar para o céu, lembre-se que o herói guarani missionário rio-grandense Sepé, agora São Sepé, olha por você. E saiba: o Cruzeiro do Sul nunca brilhou tanto.

Esta é uma adaptação de O Lunar de Sepé, de Simões Lopes Neto, em Lendas do Sul (1913). Sepé Tiaraju é considerado o símbolo do sentimento indígena de libertação.
A Lei Federal 12.032/09 inscreveu se nome no Livro dos Heróis da Pátria, reconhecendo-o como herói guarani. O santo popular emprestou o nome a um município gaúcho e batizou a rodovia ERS-344.

E se fosse hoje?

7 Lendas Gaúchas - Sepé Tiaraju

Todos somos São Sepé

Sepé Tiaraju pode ser qualquer homem predestinado, que vai à guerra e volta dela todos os dias - e sempre vence. Sepé Tiaraju pode ser qualquer criança, com sonhos, anseios e aquela vontade típica de querer mudar o mundo. Sepé Tiaraju pode ser qualquer personagem fantástico: um Harry Potter da vida, por que não? Ambos carregam na testa um fardo que lhes marca a vida.

Sepé Tiaraju pode ser qualquer gaúcho que, independentemente da batalha, vê a conquista de um amanhã melhor como ideal. Sepé Tiaraju pode ser qualquer mulher que encara a vida sozinha - por escolha ou por destino -, e muitas vezes desdobra-se em diversas guerreiras para vencer o dia a dia.

Sepé Tiaraju existiu. Sepé se tornou lenda. Ficou marcado na história de nosso Rio Grande para que pudéssemos, todos os dias, buscá-lo como exemplo. Para isso, basta olhar para o céu.

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