A escolha por um bairro para se viver implica em diversas questões. A financeira é uma delas. Mas também há a relação de afetividade que pode determinar a opção por uma área da cidade. Débora Lima de Aguiar, 33 anos, nasceu no Jardelino Ramos. Quando casou, há 12 anos, ampliou a casa da mãe e passou a viver com o marido, Deverson Macedo, na parte superior da residência. O casal teve um filho, Arthur, hoje com nove anos, e chegou a tentar uma nova vida em Arroio do Sal, no Litoral Norte, em 2014, em busca de maior qualidade de vida. Mas por problemas na segunda gravidez, Débora resolveu voltar. E para o mesmo lugar.
— Sempre gostei. Nasci aqui, conheço todo mundo. É perto do Centro, de tudo, de mercado, padaria, escola. Só o meu trabalho fica fora de mão — diz a técnica em enfermagem, que atua no Hospital da Unimed.
Deverson, que já morou em vários bairros de Caxias e até fora da cidade, em São Paulo, também gosta do Jardelino Ramos, também conhecido como Burgo. Como em todo lugar, diz que há problemas, como a insegurança, mas cita a proximidade com o centro da cidade, o que possibilita o deslocamento a pé, como uma vantagem do bairro.
— Na cidade, falta oportunidade de trabalho, de estudo mais acessível. No bairro, algo que seria bom e não conseguimos ainda é um posto policial — diz Deverson, atualmente desempregado.
A escola do menino e a creche da pequena Anna Júlia, embora não sejam no bairro, também estão próximos. Arthur cursa o quarto ano no Caldas Junior, no Petrópolis, e frequenta uma ONG no turno inverso, no Sagrada Família. A menina, de um ano e seis meses, está matriculada em uma escolinha no Jardim América. A instituição é particular, mas a vaga é paga pela prefeitura.
Nos momentos de folga, a família gosta de visitar amigos e familiares. A falta de uma área de lazer no bairro não incomoda os pais, que levam as crianças para brincar nos parquinhos do Jardim Margarida ou da Maesa.
Apesar da boa relação com o bairro, o pequeno Arthur admite que gostava de viver na praia. E nem era tanto por estar próximo ao mar.
— Eu ia de bicicleta para a escola — conta o menino, que hoje faz o trajeto para o colégio de van e só anda de bike na rua de casa, que é sem saída, porque a mãe tem medo do trânsito de Caxias.
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