BLUMENAU 165 ANOS
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Um trabalho de formiguinha

O

gorro de lã clara que cobria os finos cabelos brancos de dona Catarina denunciava que o frio tinha voltado para Blumenau. Aos 98 anos, a senhora que cantava louvores junto aos colegas na atividade de quarta-feira é uma das 74 pessoas atendidas na Casa São Simeão. Muitas das meias longas que cobrem as canelas, dos xales que aquecem os ombros e pescoços e dos casacos de lã e moletom que deixam o abraço mais aconchegante vieram de doações feitas ao bazar da instituição.

 

Localizada em um pequeno espaço entre a área de convivência e as casas fixas da instituição, a sala do bazar chama atenção pela arrumação. As calças jeans separadas por tamanho e gêneros dividem espaço com blusas e casacos de lã na estante de metal. Já as camisas ficam penduradas, que é para não amassar e também para que fiquem bem visíveis, explica Tânia Regina da Silva, que também guarda colares e outras bijuterias dentro de uma caixinha sobre a única mesa do cômodo.

 

Voluntária na Casa São Simeão, Tânia, uma simpática senhora de 60 anos, repete a mesma rotina há 11 anos. Responsável pela triagem e organização das doações, ela também se prontifica a lavar, secar e passar itens que vêm muito sujos ou ainda a fazer pequenos reparos para que todas as peças possam ser aproveitadas pelos moradores da casa ou vendidas no bazar.

 

– Tudo começou quando vim fazer uma festa de Natal para os idosos. Depois ajudei no Dia dos Pais, no Dia das Mães e fui ficando – lembra ao apontar que o bazar da instituição nem sempre foi como é hoje.

 

 – É difícil conquistar a confiança de quem doa. Fazemos um trabalho de formiguinha.

 

A secretária aposentada só ficou ausente quando adoeceu, mas garante que assim que a saúde estava em perfeita condições, voltou:

 

– Aprendo muito com eles, sabe? Eles dão muito deles pra nós.

 

Acho que se todo mundo fizesse um pouquinho, daí sim teríamos uma Blumenau melhor. No fim, eles só querem o amor e o carinho das pessoas.