BLUMENAU 165 ANOS
confortar

Uma trégua para as dificuldades

O

lhares de espanto e de curiosidade se misturavam com palavras de advertência. “O que ela está fazendo aqui no hospital?”, indagou uma senhora que logo se rendeu aos encantos da visitante. O receio deu lugar a sorrisos de homens e mulheres que, convidados um a um para deixarem o silêncio de seus quartos, se acomodaram lado a lado na sala de convivência, localizada no fim do largo corredor. A porta de vidro transparente se transformou em uma vitrine para aqueles que preferiram acompanhar a movimentação de longe e, pouco a pouco, a monotonia daquela quinta-feira à noite era quebrada.

 

O que era um dia especial para alguns dos pacientes da ala psiquiátrica do Hospital Santa Catarina era apenas mais um dia de trabalho para Madona Mia, uma golden retriever de três anos que há um atua como cão terapeuta no Trapapet, distraindo e divertindo as pessoas. O projeto hoje é formado por nove voluntários com seus cães e outros nove voluntários acompanhantes.

 

Criado como um braço do Trapamédicos, a iniciativa que promove atividades assistidas por animais nasceu depois de um ano e meio de estudo. Em vigor há dois anos, a equipe do Trapapet também leva conforto e companhia para os idosos dos asilos São Simeão e Continuando a Vida e às crianças da Casa de Apoio.

 

– Como sempre vamos nos mesmos lugares, as pessoas pedem “Ah, vocês vão voltar? Todo mundo vem aqui e depois não volta”. Mas a gente volta, sim. Vamos uma vez por mês em cada um dos lugares. A visita dura 45 minutos, mas nós sempre voltamos – garante uma das fundadoras e voluntárias do Trapapet, Adriana Kreibich da Costa.

 

Adriana, que é voluntária na área da saúde há 12 anos e no Trapapet conta com a ajuda direta da veterinária Alessandra Pedroso, tutora da Madona, e da adestradora Franciele Montagnani, explica que os voluntários são orientados a tentar transformar as coisas negativas em positivas e que o cão é um facilitador nessa hora. Para ela o sucesso de qualquer projeto é determinado pelo planejamento e pela seriedade com que ele é feito:

 

– Vontade a maioria das pessoas tem, mas é preciso ter dedicação e comprometimento, porque tem sempre alguém esperando por você. Nosso foco são justamente aqueles minutos. Queremos fazer uma transformação naquele ambiente. Mudar a atenção de quem está ali e tentar fazer com que esse sentimento permaneça quando formos embora.