BLUMENAU 165 ANOS
aquecer

Vestindo o amor

R

oupas deixadas em calçadas ou cabides pendurados em cercas conseguiram expor não apenas a necessidade de quem mora nas ruas – e como qualquer ser vivo sente frio –, como o envolvimento e a compaixão das pessoas com outras que vivem e convivem na mesma comunidade. Fruto de um ideal maior, o + Amor Nesse Inverno foi responsável por essa mobilização.

 

Apresentado inicialmente para um grupo de 45 moradores de rua, o projeto ganhou vida e notoriedade com a criação de nove lojinhas espalhadas por praças e ruas de Blumenau.

 

– Recebemos muitas doações, muitas mesmo. Chegou uma hora que não tínhamos mais controle das doações que chegavam na minha casa porque eram milhares de sacolas – sorri satisfeita a idealizadora do + Amor, Jackeline Oliveira.

 

As doações, que abasteceram os nove postos durante todas as segundas-feiras de julho e, salvo os dias chuvosos, as de agosto também, já aqueceram aproximadamente 150 pessoas e, desde então, Jackeline, que deixou o Acre rumo a Blumenau há sete anos, trabalha não só em busca da ressignificação da palavra amor, mas também da conscientização de que é preciso colocar em prática ações que contribuam para que isso aconteça:

 

– Não fiz nada sozinha. Fiz porque muitas pessoas acreditaram nessa ideia. Pessoas que fizeram doações sem saber ao certo quem iria receber essas roupas. Vi um desapego muito grande nas pessoas, mas acima disso, vi que tudo era e foi feito com amor.

 

Mesmo quando todas as peças forem doadas, o + Amor seguirá em frente, garante Jackeline, que já prevê a execução de ações sociais durante a primavera, mas dessa vez ligadas à questão das cores dos muros da cidade.

 

– Essas ações estimulam as pessoas a não olhar só para o próprio umbigo. Temos uma responsabilidade coletiva e isso deve ser estimulado.