regente de
gigantes

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P

or trás da atividade que movimenta uma média de 2,6 navios, 1,5 mil contêineres, 34,5 mil toneladas e R$ 2,4 milhões por dia está a pilotagem de práticos como Kelly Greicy Araújo, 32 anos, que atuam no Complexo Portuário de Itajaí-Navegantes. O porto de Itajaí é o segundo com maior movimentação de carga de contêineres – superado apenas pelo de Santos. Kelly é uma das 12 mulheres entre os quase 600 práticos em todo o país e faz parte da primeira turma feminina a se formar na atividade.

A brasiliense ajuda comandantes de embarcações de mais de 80 mil toneladas a manobrar os navios, a maioria cargueiros, para atracar no porto e garantir a segurança da tripulação e das mercadorias que transportam, além do meio ambiente.

No dia em que a reportagem acompanhou

o trabalho da prática, ela manobrou uma das maiores embarcações que o porto recebe, com

300 metros de comprimento por 45 metros de largura e uma altura equivalente a um prédio de

18 andares (a partir da linha do mar). No dia ventava forte e o mar estava agitado, por isso a dificuldade da ação começou já no acesso ao navio.

Kelly se desloca até a embarcação em uma plataforma adaptada em uma lancha, ao se aproximar pula em direção à escada de corda pendurada no navio e sobe até a cabine de comando. De lá, se comunica por rádio com todas as partes envolvidas no processo (porto, mestres de barco da lancha e dos rebocadores). Depois da atracação faz o mesmo caminho de volta. A atividade envolve risco e muito esforço mental e físico.

 

Atividade ainda é pouco conhecida

A praticagem existe há mais de 200 anos e há pelo menos 70 em Itajaí, mas passou a ter mulheres somente a partir de 2009. Com a fama de ser uma das profissões mais bem remuneradas no Brasil, a atividade ainda é pouco conhecida por grande parte da população. O prático é o profissional que orienta o comandante da embarcação para que ele navegue por rotas seguras nas manobras de entrada ou saída de portos, incluindo a atracação e a desatracação. Para isso, é preciso conhecimento técnico sobre meteorologia, atuação dos ventos, correntes, do mar e das ondas, entre outros.

Kelly tem formação na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante no Rio de Janeiro, como bacharel em Ciências Náuticas, com especialização em piloto de navio. Ela decidiu que era essa a carreira que queria seguir aos 18 anos. Depois de formada pela Marinha, trabalhou por cinco anos pilotando navios de todos os tipos: conteineiros, petroleiros, de lançamentos de dutos para prospecção de petróleo e de apoio à plataformas, até que em 2008 fez o concurso para prático.

De família humilde, ela nunca se intimidou e diz que o estranhamento inicial de alguns comandantes ao ver uma mulher subir os quase nove metros

da escada de corda de acesso à embarcação não durou muito tempo. Muitos já conheciam práticas que trabalham em portos de outros países há mais tempo do que no Brasil.

– Incentivo as mulheres a correrem atrás dos sonhos, pois não vejo no gênero nenhuma limitação que possa nos impedir de chegar aonde queremos – diz.

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