BELEZA

EXÓTICA

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O

dia nem nasceu e os irmãos Feltrin já se preparam para o trabalho. A lida na lavoura precisa começar cedo, às 6h, enquanto o clima ainda está fresco. Na propriedade da família, já não são mais as folhas verdes de fumo que os raios de sol tocam. Essas davam “muito trabalho e pouco rendimento”, conforme afirma Valmirei. Há sete anos, o sustento dele e dos irmãos vem das frutas de cor rosa, roxa, amarela ou branca: as pitayas.

 

A fruta tem aparência exótica, cores vivas, casca grossa e nasce em uma espécie de cacto. Por dentro, a polpa é mole e cheia de sementes como um kiwi, de quem a pitaya é “parente”. Conhecida no oriente como fruta do dragão devido à sua aparência, é rica em fibras, mineirais, vitamina A e antioxidantes. Seu consumo é recomendado para regular a digestão, melhorar a imunidade e o sistema cardiovascular, além de estabilizar o diabetes, ao transformar a glicose em energia.

Foi na fazenda localizada no interior de Turvo, no Sul do Estado, à beira da BR-285, que as primeiras cem mudas do fruto originário na América Central vingaram em solo catarinense.

– A gente viu na TV. Daí, naquela época, ela custava caro. Chamou atenção. E é uma fruta bonita também – lembra Volnei Feltrin.

 

A propriedade, de 2,5 hectares, agora se chama Recanto das Pitayas e tem 4 mil pés de cinco variedades e outras 13 estão em experimento. Em 2016, os irmãos produziram 60 mil quilos do fruto. Com o aumento de 2 mil pés, a projeção é alcançar 80 mil quilos este ano.

– Hoje nem precisamos sair de casa para vender– afirma Valmirei.

Entre os compradores, há paulistas, gaúchos (para quem já venderam 80 mil mudas em um ano) e argentinos.

 

Depois do caminho aberto pelos irmãos, outros produtores da região começaram a deixar a plantação de fumo e substituí-la por outras culturas como a pitaya, que em Turvo representa sete hectares. Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), há também pequenas propriedades cultivando a fruta no Oeste do Estado, mas ainda em nível experimental.

— Toda alternativa que diversifica as propriedades da agricultura familiar é importante. A pitaya é um desses casos. Ainda cultivada em poucas propriedades, ela não é expressiva em SC, mas nos locais onde é produzida gera renda — analisa a extensionista rural da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Luciana Ferro Schneider.

 

A fruta se adaptou bem ao sul catarinense por ser uma planta rústica com floração estimulada pelas temperaturas mais elevadas e de fácil adaptação a climas secos. De acordo com Luciana, no último inverno, que teve temperaturas mais baixas e por período prolongado, percebeu-se que algumas plantas de pitaya amarelaram com frio e geadas.

Os frutos pesam de 600 gramas a 1,2 quilo  e podem ser utilizados para fazer geleia, vinho, sucos, sorvetes ou serem consumidas in natura. No mercado, o preço chega até  R$ 15 o quilo.

 

irmãos feltrin, de turvo,  substituíram plantio de fumo pela pitaya, fruta originária da américa central que ajuda a estabilizar o diabetes e a melhorar

o sistema  cardiovascular

Colheita precisa ser feita de manhã cedo. Depois, passa por seleção e pesagem. No ano passado, o Recanto das Pitayas produziu 60 mil quilos

Fruta tem aparência exótica, escamada por fora e polpa macia com coloração vibrante e cheia de sementes

QUEM FEZ

MARCO FAVERO

TEXTOS E FOTOGRAFIA

MÔNICA JORGE

EDIÇÃO

Ricardo WolffenbÜttel

edição de fotografia

aline fialho

Design e projeto gráfico

CLAUDIO SANTOS

DESENVOLVIMENTO WEB

thais fernandes

edição de vídeos