preciosidade

do oeste

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Extremo-Oeste de Santa Catarina tem produzido um tipo de joia em formato de moeda que apesar de valer ouro não é metal. Trata-se de uma receita milenar vinda da Itália e guardada em segredo pela família Menestrina: o queijo tipo grana padano. A especiaria de estrutura granulosa e paladar delicado é levemente frutada e doce. Parte dos ingredientes é trazida do país europeu.

Entre o processo de fabricação, estabilização, salmoura e secagem para produção são necessários 30 dias. Após isso, o produto vai para a maturação que é de, no mínimo, 12 meses. A cada 10 dias, as peças são escovadas e viradas. De três em três meses, um mestre queijeiro, com a batida de um martelinho, verifica o ponto. Eles são armazenados na maior estufa de maturação do Brasil.

É no interior do município de Guaraciaba, na Gran Mestri, a maior fábrica de queijos duros da América Latina, que os ensinamentos dos grandes mestres queijeiros italianos são aplicados. A indústria tem 1,3 milhão quilos em estoque.

Por trás da mega-estrutura, está a história do empresário Acari Luiz Menestrina, que não só mantém a única indústria de queijo fino de Santa Catarina como foi o precursor da produção da especiaria no Estado. O filho de pequenos agricultores, natural de Rio dos Cedros, no Vale do Itajaí, foi quem iniciou a profissionalização dos criadores de gado leiteiro e formou a bacia da região, a partir de 1976, quando escolheu o Oeste para viver.

Hoje, somente para abastecer a Gran Mestri, 350 famílias de agricultores trabalham na produção do leite.

O agricultor José Carlos Foiatto, da granja Foiatto, produz 900 litros por dia em uma propriedade de 140 hectares. Há oito anos, ele cria a raça jersey exclusivamente para a produção de queijos e derivados. As primeiras vacas da raça, aliás, foram levadas para a região, com o gado holandês, por Menestrina.

Segundo o empresário, hoje 80% das famílias rurais do Oeste têm o leite como principal atividade. Descendente de italianos, Menestrina faz questão de manter a cultura e a tradição dos ancestrais na produção dos queijos. Sempre com muita paixão, leite nas veias e queijo no coração, conforme afirma com orgulho.

 

Produção mais forte do Estado

A produção de queijo hoje é tradição no Oeste de Santa Catarina. Segundo o presidente do Conselho Paritário da Indústria de Laticínios e Produtores Rurais de Santa Catarina (Conseleite), Adelar Zimmer, há outras sete fábricas na região: Laticínios Sgorla, em Guarujá do Sul; Piracanjuba, em Maravilha; Aurora, em Pinhalzinho; Tirol, em Treze Tílias; Laticínios Paraíso, em Paraíso; Laclelo, em São João do Oeste, e Laticínio Mondaí, em Mondaí. A Gran Mestri, porém, é a única mais focada em queijos finos.

Nem Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq), nem a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) têm levantamento sobre a produção de queijo no Estado. Segundo a Epagri, o Estado é responsável pela produção de pouco mais de 3 bilhões de litros de leite por ano, o equivalente a 8,7% do total do país. A região Oeste é responsável por 75% da produção estadual.

 O analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa Tabajara Marcondes, diz que 2,4 bilhões de litros produzidos no Estado foram para a indústria inspecionada (produção de leite UHT, manteiga, queijos e derivados) em 2016. Ele acrescenta que a produção do Estado destina-se basicamente ao leite longa vida, sendo a fabricação de queijo menos expressiva.

PONTO CERTO

Durante período de maturação do produto, mestre queijeiro, com a batida de um martelinho, verifica o ponto do queijo de três em três meses

QUEM FEZ

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EDIÇÃO

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