em busca de uma vida

mais verde

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arbarah Rios, de 27 anos, e David Tiago, 29, têm perfil semelhante ao de boa parte dos jovens que escolhem Florianópolis para viver. Buscaram na Capital oportunidades de emprego e uma vida mais conectada com a natureza, em ritmo leve e com tempo para atividades de lazer.

Ela se mudou ainda criança com a família, que montou uma empresa de colchões na cidade.

Ele chegou à cidade adulto seduzido pelas ofertas de emprego do mercado tecnológico, responsável por movimentar 5% da economia de Santa Catarina.

O grande atrativo da região para quem busca mais qualidade de vida não é somente as paisagens convidativas para ações ao ar livre. Os altos índices de escolaridade, renda per capita e longevidade de Florianópolis, que compõem o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também empolgam quem é de fora.

Não à toa, a cidade se mantém como a capital brasileira no topo do ranking de IDH, feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, desde 1991.

 

consciência ecológica

 

Barbarah se acostumou com a estrada e a conhecer lugares novos desde pequena, quando percorreu boa parte do Brasil em viagens de férias com a família. A paulistana diz que um dos destinos mais marcantes foi o Pantanal (MT), pela imensidão verde. Este contato a fez ter uma percepção diferente de mundo, maior respeito pela natureza e senso de preservação, além de iniciar um processo interno de mudanças, uma busca que supriria vazios criados por uma megalópole cinzenta e “sem horizonte”, como ela mesma destaca.

Quando tinha 11 anos, seus pais decidiram se afastar da violência crescente da capital paulista para criar as filhas em um local que proporcionasse a tão sonhada qualidade de vida. Para Barbarah, esse foi o ponto de partida para um estilo peculiar de viver. Cresceu enxergando o limite entre céu e mar. Apaixonada por água, desde cedo começou a surfar. Depois também virou adepta do skate, da escalada e da meditação, hobbies usufruidos nas horas livres.

Barbarah cuida de uma franquia de colchões da família. Antes de trabalhar, checa as ondas e, quando dá tempo, vai para o mar com prancha e pé-de-pato com o bodyboard. Após o expediente na loja, escolhe algum local para praticar escalada, momento de maior introspecção. O skate está um pouco parado agora, mas ela vibra ao ver meninas e meninos pequenos com os “carrinhos no asfalto”.

Nas horas vagas, busca espiritualidade na meditação como auxílio para o autocontrole, paz interior e reflexão, que funcionam como um antídoto contra um mundo consumista e faltoso com a natureza.

A consciência ecológica a levou a desenvolver cosméticos que não agridem o meio ambiente. Após diferentes cursos na área, hoje ela só usa filtro solar, xampu e hidratante naturais, produzidos por ela mesma. Além disso, a roupa é lavada e amaciada com produtos orgânicos igualmente feitos por ela. A lista de produção se estende ao detergente, ao desodorante e ao creme pós-barba, inspirado no namorado. Como Barbarah ressalta, todos esses produtos, quando industrializados, contaminam o lençol freático.

Os cosméticos naturais começaram para consumo próprio, mas hoje Barbarah projeta lançá-los no mercado em uma linha com seu nome e sobrenome. Ela explica que o objetivo principal é “retribuir de alguma forma à natureza”.

 

tecnologia e saúde lado a LADO

 

David Tiago ainda é novato em Florianópolis, onde ancorou há um ano e meio. Natural de Blumenau, o desenvolvedor de aplicativos viu na Ilha de Santa Catarina

a oportunidade de progredir na profissão e ter um estilo de vida mais tranquilo.

O blumenauense foi atraído por um mercado que fatura cerca de

R$ 11,4 bilhões por ano em Santa Catarina, 37% desse total deve-se à região da Grande Florianópolis, que concentra 901 das quase 2,9 mil empresas do segmento no Estado e é o terceiro maior polo tecnológico do Brasil em relação a faturamento médio. Perde apenas para os polos tecnológicos de Campinas (SP) e Rio de Janeiro (RJ). O levantamento é do Acate Tech Report 2015, estudo sobre a área de tecnologia no país desenvolvido pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia em parceria com a Neoway.

Esse mercado em movimento em meio a praias, montanhas e paisagens paradisíacas despertou em David a vontade de se mudar para a  capital catarinense. O sonho se concretizou no final de 2015.

A vida mais perto do mar proporcionou mudanças na rotina do desenvolvedor de aplicativos, que hoje usa a bicicleta para se deslocar ao trabalho, o que garante cerca de

10 quilômetros de pedalada diariamente. Além disso, usa os dias de folga para fazer trilhas, o que não tinha por hábito na cidade natal.

O ramo de atividade de David também é conhecido pela política mais flexível de horário, já que lida com criatividade. Isso proporciona maior liberdade para ele se dedicar às atividades de lazer.

Ele afirma que como em qualquer outro segmento também tem metas a cumprir, a diferença está no pensamento de muitas das novas empresas de TI que se fixaram na Grande Florianópolis.

– Posso comunicar que chegarei ao meio-dia ou sair no meio da tarde para dar uma volta – diz.

Do projeto para a realidade, o profissional dos aplicativos pôs em sua vida um pouco mais de sutileza no cotidiano, com mais tempo para contemplação de paisagens. Tudo isso, entretanto, sem abandonar os estudos para aprimoramento em tecnologia, só que agora ao invés de entre quatro paredes, à beira-mar.

 

QUEM FEZ

CHARLES GUERRA

TEXTOS E FOTOGRAFIA

FELIPE CARNEIRO

TEXTOS E FOTOGRAFIA

MÔNICA JORGE

EDIÇÃO

Ricardo WolffenbÜttel

edição de fotografia

aline fialho

Design e projeto gráfico

thais fernandes

edição de vídeos