Mesmo em fase de elaboração, o Plano Diretor da cidade está na mira dos ambientalistas. Dos quatro municípios afetados com a APA, é o que teve a maior área transformada: 5,2 mil hectares, o que corresponde a toda a região Sul de Palhoça — incluindo as praias do Sonho, da Pinheira e Guarda do Embaú, locais até então pouco habitados.

E é por isso que os moradores receiam o que virá pela frente. Eles querem preservar o que ainda resta de natural por lá e também temem que o novo Plano Diretor seja nos mesmos moldes daquele foi levado à votação dos vereadores no fim do ano passado. Marcado por prédios de até 12 pavimentos à beira da Praia da Pinheira, o documento acabou retornando ao Executivo assim que o prefeito interino Nirdo Luz, o Pitanta, assumiu a administração.

— A verticalização nos preocupa muito. As praias dessa região não comportam grandes construções, principalmente porque 100% da região não tem esgoto tratado hoje. Não é possível que pensem primeiro em trazer o desenvolvimento, em vez de oferecer a solução para ele — reclama o presidente do Movimento SOS Rio da Madre, Plínio Bordin.

Segundo ele, as áreas de APA viraram alvo de invasão desde que a lei foi assinada, em 2009 — principalmente na Pinheira e em Morretes. De acordo com estimativas do movimento, cerca de 10% da área da APA já foram ocupadas irregularmente pela falta de fiscalização da prefeitura.

O município ainda elabora um estudo para desenhar os novos limites da cidade e definir o que será permitido ou não dentro desse traçado. O prefeito Camilo Martins já fez suas premissas: nada de prédios de 12 pavimentos à beira da praia, nem inchaço exagerado e população exorbitante — hoje, o limite de construções naquela região litorânea não ultrapassa os dois pavimentos. Ele não adianta os principais pontos do novo Plano Diretor, mas avisa que a construção de prédios nas praias deve respeitar o meio ambiente e a luz solar: quatro pavimentos nas vias mais próximas ao mar e oito nas mais distantes.

Mesmo assim, alerta: não há como evitar a verticalização. Por isso, a prefeitura publicou o edital de licitação para dar início às obras para o fornecimento de água tratada. Já o de esgoto está com o projeto em fase final. Cada obra deve durar cerca de dois anos e o investimento deve ser de R$ 6 milhões — mais da metade financiado pelo governo federal.

— A verticalização não tem volta. É uma tendência mundial e precisamos nos acostumar com isso. Vamos enriquecer aquela região e procurar manter um crescimento sustentável, respeitando as belezas das praias e evitando que a região fique inchada demais — disse Camilo Martins.