Um dos únicos redutos ainda intocados pelo homem na Ilha de Santa Catarina, a Ponta dos Naufragados conseguiu resistir à ocupação urbana ao longo das últimas décadas. E o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro foi sua proteção por 33 anos: graças a ele, o local era mantido como área protegida desde 1976, o que talvez ajude a explicar o aspecto natural da região.
Mas de área protegida, Naufragados passou a permitir a ocupação sustentável pela lei de 2009. Um prato cheio a investidores, que voltaram a mirar naquela região. Mas os nativos do local — 33 famílias vivem lá hoje — querem manter o aspecto quase rural e deserto do lugar, sem acesso asfáltico, sem energia elétrica e nada além dos 15 únicos caminhos naturais abertos pela ação do tempo. Para eles, qualquer tipo de nova ocupação irá afetar o patrimônio daquela área, histórica e ambiental.
— Naufragados nunca quis se desanexar do parque, que nos garantia proteção integral. Não sabemos o que está por trás isso. Vivemos sempre um risco — coloca o presidente da associação dos moradores do bairro, Ademar Alarício do Espírito Santo, o Mazinho.
Mesmo assim, a prefeitura garante resistir aos anseios imobiliários. O novo Plano Diretor, que já está na Câmara de Vereadores, exclui aquela área de um crescimento exacerbado. Segundo o superintendente do Instituto de Planejamento Urbano (Ipuf), Dalmo Vieira Filho, não está prevista a extensão da malha viária até o extremo sul da Ilha, nem qualquer tipo de nova ocupação — a não ser manter as que já estão lá, que são históricas e tradicionais da cidade.
— Toda aquela área é muito sensível e com um ecossistema muito vulnerável, que exige cuidado extra. Acho muito difícil aquele lugar um dia ser ocupado. Não há como se pensar nada diferente para lá.
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