MARIAZINHA,

A FILHA

DA GUERRA

Ângela Bastos, reportagem

Esta é a catarinense Maria Francisca Alexandre Simão. Se o documento feito em 1989 for correto, ela tem 89 anos. Se os parentes estiverem com razão, em torno de 100. A referência é a carteira de identidade de Ana Alexandra Simão, irmã mais nova, com 94 anos. Essa, também, com suspeita do registro civil ter sido feito anos depois de nascer. A possível diferença de idade do que mostra a identidade de Mariazinha é mais do que um contar de anos. A infância dela foi em tempos de guerra. Até o fim dos combates ela era a caçula dos Simão, que tinham outra filha, Dorvala. A imprecisão das datas se explica. No passado, o registro civil de nascimento não era comum. Algumas famílias deixavam nascer vários filhos para ir ao vilarejo mais próximo tirar o documento de uma única vez. As distâncias do meio rural tornavam a situação ainda pior. É o caso de Mariazinha, que viveu em Couro d’Anta, interior de Lebon Régis, cidade que recebeu esse nome em homenagem ao secretário-geral do Estado de Santa Catarina na época da guerra. Hoje Mariazinha mora em Santa Cecília, no Planalto Norte catarinense. Também passou por Timbó Grande, um dos palcos do conflito. Uma vida feita de andanças por aquele território. Peregrinamente carregando memórias.

Registro tácito de quem sobreviveu àqueles tempos ou, na maioria das vezes, ouviu atento os relatos dos que viveram as amarguras da guerra. Tempos de uma convulsão social armada que fez verter um mar de sangue e acirrou ódio no Vale do Iguaçu, ao norte; pelo planalto de Lages, no centro-sul; e nas terras de todo o Meio-Oeste.

De um lado, grandes fazendeiros, coronéis, governo. De outro, pequenos lavradores, tropeiros, agregados. Também digladiaram posseiros corridos de seus lotes, ervateiros que de uma hora para outra se viram sem erva para colher. Ainda, operários relegados depois da construção da estrada de ferro São Paulo-Rio Grande pela empresa Brazil Railway Company, que entre 1907 e 1910, rasgou a mata. A chegada da ferrovia continua sendo um assunto emblemático para Mariazinha. Ainda hoje duvida sobre o ganho para a região. O ponto de vista dela remonta ao ocorrido em Perdizes Grandes, localidade da região abandonada pelos moradores em adesão à causa.

“Eram, pois, irreconciliáveis inimigos do trem de ferro. Havia-se gerado entre aquela ignorante gente a convicção de que as iniciais E.F.S.P.R.G. nos trens, traduziam a esquisita sentença: Estrada Feita Somente Para Roubar pro Governo [...]”, escreveu Demerval Peixoto em Campanha do Contestado: a grande ofensiva.

"Passava, claro que passava, naquele tempo existia a estrada de ferro.

Era essa mesmo que atoravam, essa mesmo que passa por tudo".

Mariazinha é neta de uma índia e de um avô branco. Só não sabe a tribo. Desde o começo, o Planalto Norte de Santa Catarina era habitado pelos índios jês, inimigos dos guaranis, que viviam no outro lado do rio do Peixe. Mais tarde vieram os tropeiros, conduzindo gado entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Alguns se fixaram na região. Outros foram chegando, por motivos diversos, o que inclui o trabalho na ferrovia. Inicialmente, foram contratados 4 mil trabalhadores de outros Estados, com o passar do tempo, esse número foi para 8 mil. A população foi aumentando.

Nas grandes propriedades, os peões viviam de favor, praticando uma agricultura de subsistência e dando conta das rotinas do campo, tendo os fazendeiros como padrinhos dos seus filhos. Essa relação de compadrio legitimava fidelidade e proteção recíprocas. O Planalto, que era uma região fronteiriça, aos poucos viu se estabelecendo pequenos e médios lavradores independentes, que comercializavam excedentes ou colhiam erva-mate nativa. Porém, como foi o caso dos antepassados de Mariazinha, não conseguiam receber título de propriedade. As terras devolutas e inexploradas estavam reservadas aos coronéis, grandes fazendeiros e políticos da época.

Havia ainda uma disputa entre Santa Catarina e Paraná pela ocupação e administração de uma faixa de terra, rixa começada em meados do século 18. Restava a condição de posseiro: estar na terra, mas não ser proprietário dela. Ainda assim, em liberdade no sertão de pastagens e de pinhais, retirando da mata os meios de subsistência para a família. Esse novo habitante, que iria se tornar o personagem central da Guerra do Contestado, assimila a cultura indígena. Além de ficar marcado pelos traços das tradições de origem ibérica, do tradicionalismo dos bandeirantes paulistas e do comportamento dos gaúchos dos pampas. Mariazinha é o resultado dessa síntese antropológica. Tem pele acobreada, olhos meio puxados e sangue caboclo.

É esse “espírito rebelde” que traduz a resistência à opressão e o ímpeto de luta, marca registrada do caboclo do Contestado. Sempre com físico minguado, Mariazinha diz ter aprendido com a mãe: é preciso comer pouco para trabalhar muito. As atividades no cultivo, na extração ou na lida campeira exigiam muito daqueles peões ou agregados. A mãe, Celeste Florzina Alexandre, acompanhava o marido, João Simão Sobrinho, em busca de trabalho nas fazendas. Seguiam por caminhos deixados pelos tropeiros, abertos pelos cascos de mula e moldados ao passo lento da boiada. Abrigavam-se em pousos, estábulos e galpões. Os filhos cresciam no mato, sujeitos a mordeduras de cobras e ataques de onça.

Mas terror maior foram os tempos de guerra, um final conhecido como a fase do açougue, devido à grande mortandade. Até hoje não há consenso entre pesquisadores e historiadores sobre quantas pessoas morreram naqueles quatro anos. Os dados oscilam entre 10 mil e 20 mil. Uns em consequência dos combates, outros pela fome e doenças decorrentes. Por causa da escassez de alimento, quando encontravam, devoravam cavalos, cachorros, cintos de couro, correia, capa de cangalha e até bruacas.

"E a nossa comida, aquela tristeza, nós dávamos graças quando encontrávamos uma casinha velha para se esconder e o que comer".

Mariazinha viveu dois casamentos e teve sete filhos – fora dois que não vingaram, os abortados. Quatro com Avelino Gabriel, com quem se casou aos 15 anos. Era tão mirrada que não bastou o pai consentir: precisou da autorização do juiz. Da segunda união nasceram José e Capitolino. O primeiro foi morto a tiros, em uma emboscada que ela acredita ter sido armada pela nora. Desconfia que o filho estivesse sendo traído. Parecido com o velho sertão do Contestado, no qual episódios de “acerto de contas”, fossem eles de cunho moral ou em defesa da propriedade, corriqueiros e que se resolviam à bala.

No coração de mãe restou a incompreensão: se não quisesse mais o marido, que tivesse a coragem dela, que deixou Avelino e se amasiou com Felipe Martins dos Santos. O coração de mãe sofre. Sentimento que não alivia mesmo depois da morte da nora e do suposto amante — não de morte injusta, como ocorreu com o filho, mas de morte morrida, por causa de doença, explica.

Capitolino, 58 anos, não se casou e mora com Mariazinha. Teve dificuldade de aprendizagem na escola, mas se orgulha da letra bonita no título de eleitor. É bom na enxada, foice e machado. Ele diz que saiu igual à mãe: não carrega dinheiro, mas bondade no coração. Mariazinha também criou Luiz, hoje com 43 anos, filho biológico de uma sobrinha. Ela mesma fez o parto e impediu uma tragédia. A mãe do bebê, conta, ia entregá-lo aos porcos. Mas ela pegou o menino nos braços e o criou como filho. Luiz é casado e quando pode visita a mãe. Quase sempre chega com frutas e carnes.

 A casa de Mariazinha fica no alto de um barranco, às margens da BR-116. O terreno é da União. Faz 50 anos que ela recebeu permissão para ficar ali. No começo, apareciam leão-baio, veado e até onça. Com o movimento dos carros, os bichos desapareceram.

A moradia é de madeira. Uma peça única reúne sala, cozinha e quarto. A luz elétrica chega de bateria e a água de um poço. Um galpão guarda tralhas. São panelas, garrafas de plástico, latas de leite, vidros vazios de remédios, roupas ensacadas. No pátio, uma hortinha com milho, ervilha e couve. Pequenos canteiros com salsa e cebolinha. Frutas também: tem pé de limão, laranja, maçã. E três altas araucárias, de onde todo inverno caem quilos de pinhão.

Mariazinha fala claramente: só entra em casa quem for convidado. A frase enfática é confirmada pelas placas de advertência espalhadas no terreno. Intrusos são recebidos com armadilhas: cerca de arames, buracos, cincerro (sino de pendurar no pescoço do gado). Aos homens, limites materiais. Aos espíritos, barreiras espirituais. Pés de alecrim fazem a limpeza do ambiente. Os de arruda mandam coisa ruim embora.

Esse apego à terra traz à tona memórias da guerra. Certa vez, homens do Exército acharam no bolso de um guerrilheiro morto uma carta manchada de sangue: “Nóis não tem direito de terras tudo é para as gentes da Oropa”. No Contestado, o direito à terra se tornou algo consciente e isso explica a destruição de cartórios. Entre as razões mais fortes pelas quais os sertanejos aderiam à luta armada, estava a explosão de uma revolta contra as grandes concessões de terra, que vinham a escorraçá-los das propriedades.

Mariazinha veste calças compridas por baixo do vestido ou saia e casaco sobre blusões de lã. Na cabeça, lenço escuro e chapéu preto com barbicacho (cordão que prende no queixo). Nos pés, botas de borracha. Isso se estiver trabalhando. Quando vai à cidade, substitui por tênis ou sapatos sem salto. Também troca o lenço roxo – que diz surrado – por outro mais novo.

Mas capricho mesmo é com a maquiagem: talco no rosto e batom vermelho nos lábios. Quando era moça, gostava de rouge, atual blush, que deixava suas bochechas avermelhadas. Na falta dele, usa nas maçãs do rosto um batom que ganhou de presente para dar a impressão de estar mais “corada”. De expressão triste já chega a do tempo da guerra.

A cabocla quase sempre trabalhou na roça. Mas também ajudou a cuidar dos filhos de ricos fazendeiros. Lavou e passou roupas. Também se tisnou em carvoarias e foi auxiliar de cozinha e camareira em um hotel da região. Não é de pedir. Vive com o salário de aposentada e tem noção de justiça social. Esse sentimento é o que mobiliza populações inteiras na luta pelas causas nas quais acreditam.

O profetismo popular praticado pelos monges começou com João Maria de Agostini, desde meados do século 19. Era um rezador leigo, andarilho, que circulava entre São Paulo e Rio Grande do Sul, passando pelo planalto catarinense, onde criou um conjunto de práticas sociais e costumeiras do mundo caboclo.

“Eram mandamentos para uma vida boa no sertão, baseados em valores como o respeito, a defesa da vida e da honra, a lealdade, a sinceridade e o equilíbrio”, diz o historiador Paulo Pinheiro Machado em Lideranças do Contestado: a formação e a atuação das chefias caboclas.

Na década de 1890 outros andarilhos assumiram esta identidade. Em 1912, um de nome José Maria, após morrer no combate do Irani, teve a memória associada, cada vez mais, à trajetória de João Maria. Para os caboclos, o profeta é um santo. O monge pregava uma vida de respeito ao próximo, aos animais e à natureza.

"São João estava pelo mundo junto com a gente, era manso, andava com sua panelinha, dava de comer à multidão e sobrava comida".

Uma vez por mês, Mariazinha e Capitolino vão comungar na igreja matriz de Santa Cecília. Ela se diz mulher de muita de fé, herança dos pais. Rezadeira e benzedeira, como as muitas mulheres do Contestado que faziam partos e cuidavam dos doentes com a ajuda de Deus, conforme acredita. Com seu poder de crença, fixou vários rosários nas paredes.

Mas é no altar no canto da casa que demonstra maior devoção. Reveladas pela luz da rua que perpassa a janela, surgem dezenas de imagens de santos. Entre essas, a do monge João Maria. Era de se esperar que alguém com tantas memórias da guerra fosse devota aos monges que sulcaram os sertões. Uns se dedicavam mais a atividades religiosas, outros a práticas mágico-medicinais; uns eram peritos na cura do gado, outros em doenças dos homens ou em propiciar a sorte ou o azar.

João Maria parece ter sido a síntese dessas atividades. Aos sertanejos que se queixavam de má sorte e pobreza, o monge assim falava, conforme cita Maurício Vinhas de Queiroz, em Messianismo e Conflito Social: memórias sertanejas e a Guerra do Contestado, “Deus disse assim: Faze que te ajudarei. Cuida, por isso, do teu corpo e trabalha”.

A fé é presença marcante na vida de Mariazinha. Ela acha que é herança da mãe, que buscava proteção e que também ensinou-lhe a bondade. Foi com Celeste Florzina que aprendeu a rezar. Outro ensinamento foi o de evitar estar parada. Só mesmo quando o cansaço fosse muito grande. Talvez por  isso Mariazinha seja de andar a pé. Só nos últimos tempos aderiu ao ônibus. Quando tem urgência chama um taxista conhecido.

Tornou-se popular no vaivém do lugar onde mora ao centro de Santa Cecília. Faz um bom tempo que não vê os filhos. O mais velho, Felipe, 71 anos, mora em Videira. Frosina, 65 anos, em Santa Cecília. Outros dois estão em São José dos Pinhais, no Paraná. Tem netos e bisnetos que nem conhece. Mas não admite que falem mal dos  Simão.

Mariazinha parece feita de força e persistência. Diz não ter medo de tiro, de faca, de emboscada, de nada. Ainda hoje recorda da ocasião em que foi autorizada a ocupar o terreno em tempos em que a “ordem de boca valia mais que o papel”. Não temeu o avanço do asfalto sobre o traçado da BR-116. Só se assusta com a detonação das rochas. Para ela, o estrondo que faz voar pedras remete ao tempo dos canhões contra as espingardas. Não é para menos. Os relatos memoráveis dos que resistiram passaram a fazer parte do cotidiano dos que vieram depois. Seja pela lembrança dos horrores, seja pelo desespero. Também pela culpa atribuída a eles e aos seus antepassados ou pelo medo de serem tomados como “rebeldes” que sobreviveram. Sem perder a coragem.

A morte matada sempre trouxe sofrimento a Mariazinha. Foi assim nos tempos da guerra, como quando o pai pôs fim, a tiros, a um fazendeiro que não pagou uma dívida. Igualmente no assassinato do filho. Mas nada lhe tirou a coragem: é uma velha forte. Dessas com memória acumulada. Diz que nunca desistiu de viver. Talvez, por isso, esteja vivendo apesar das dificuldades, da exclusão, da guerra.

Existe um misto de valentia e coragem nos marginalizados e explorados que habitavam a região. Uma centelha de esperança na vitória certa pela proteção de São Sebastião e a crença em fazer parte do “exército encantado”, se porventura morressem na batalha.

Talvez tenha sido esse o grande trunfo que manteve o espírito de luta daqueles caboclos desprovidos de qualquer instrução militar ou de tecnologia bélica – mas movidos pela vontade de vencer. Em grande parte lutavam com as táticas de guerra adquiridas em treinamentos nos redutos pelo “pessoal de briga” e, em muitas situações, com armas que eles próprios construíam. Outros, vinham aos redutos já preparados e acompanhados dos seus “chefes, chefetes, cabecilhas, comandantes de piquetes”, observa Delmir José Valentini, em Da Cidade Santa à Corte Celeste: memórias de sertanejos e a Guerra do Contestado.

Mariazinha acha que teve a sorte de envelhecer. Acredita que vive como tinha que ter vivido. Cheia de boa resistência para contar o que tinha – e tem – que ser contado. Ela nunca foi à escola. Mas tem sabedoria para analisar as circunstâncias da guerra: nem todos eram do mal, mas havia muita maldade das duas partes. Governo, fazendeiros e coronéis estavam juntos. Se ficasse do lado deles, os rebeldes voltavam e matavam mulheres e crianças. Quem dava pouso ou comida para os rebeldes morria pelas mãos dos soldados.

"Nós somos sofredores e vencedores".

Maria Simão guarda na memória o que ouviu dos pais sobre a guerra (1912-1916). Faz isso com a capacidade de uma guardiã nascida oficialmente 10 anos depois do fim dos combates. Essa memória oral comum a outras pessoas da região permitiu que as marcas e experiências da guerra se mantivessem vivas nos descendentes e pudessem ser registradas em depoimentos e relatos escritos e visuais que resultaram em livros e documentários.

Isso permitiu o (re) conhecimento e a (re) construção dessa história mais de 100 anos depois de deflagrada a batalha. É o que observa a professora Rita Inês Petrykowski Peixe em sua tese de doutorado Imagens que (re)constroem história: alegoria e narratividade visual da Guerra Sertaneja do Contestado. O trabalho da pesquisadora que mora em Araquari, no Litoral Norte, foi apresentado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e revela o que as narrativas visuais contam sobre a guerra, de que modo “contam” esse episódio e quais os significados construídos pelas imagens.

O lugar é conhecido como Cemitério dos Jagunços. Também cova da morte, por causa da geografia, no pé de morros, que escondeu emboscadas para os militares que não conheciam a região. Em dezembro de 1914, por ordem de Adeodato – o chamado último jagunço – houve  mudança do reduto-mor. Ele, o novo comandante-geral escolheu Santa Maria por ser privilegiado como posição defensiva. Além disso, para se atingir o local, era necessário galgar ladeiras íngremes e penhascos. Santa Maria chegou a ter milhares de habitantes, com bairros e ruelas que desembocavam em uma praça e capela. Mas o Exército os alcançou. Sete mil homens silenciaram o reduto.

O lugar faz parte do valioso patrimônio do Contestado. Abandonado no espaço e no tempo, necessita de ser resguardado, recuperado e posto à mostra da população e dos visitantes, como sugere o pesquisador e geógrafo Nilson Cesar Fraga. A guerra terminou em 1915, nos 54 dias de combates no vale de Santa Maria. Oficialmente encerrou com o Acordo de Limites de 1916. Mas não parece findo.

Mariazinha olha ao redor. Suas botas de borracha pisam o chão da última trincheira. O solado recolhe terra do palco da rendição total. Tomada por emoção, cambaleia apoiada no cajado. Como se, mais de 100 anos depois, ouvisse gritos e choros, a força das baionetas, o estampido das espingardas, o bombardeio das granadas. Apesar de ser o palco derradeiro, o lugar também é símbolo de muitas lutas, de um povo que não se deu por vencido. A cada reduto que ia sendo destruído, outros eram formados. Aprendizado de uma trajetória marcada pela obstinação, característica que define os homens e mulheres do Contestado. A mesma resistência e coragem presentes em Maria Simão, que nos revela – e se revela – por suas palavras e verdades. Agarrada em seu cajado, ela se reconhece em uma guerra que muitos brasileiros desconhecem. Uma guerra que se reinventa quando encontramos figuras como Mariazinha, a qual nos faz voltar à cena cada vez que retornamos pela estrada.