SORRISO DE
ROLAND GARROS
TEXTO | joão lucas
joao.lucas@diariocatarinense.com.br
ILUSTRAÇÕES | BEN AMI SCOPINHO
benami.scopinho@diariocatarinense.com.br
um menino de florianópolis botou o sorriso e a roupa colorida
junto das raquetes, desafiou gigantes do tênis e
encantou a frança com alegria e coragem
CONFIANTE
TUDO DEU CERTO NOS TREINOS NO BRASIL.
era a hora de colocar o bom momento à prova em paris.
Gustavo Kuerten foi para mais um Roland Garros.
Desta vez, as coisas seriam diferentes.
mal sabia ele que estava tão preparada, e jamais imaginava que iria longe.
A cada jogo mais confiante, Guga demonstrou na quadra sua força e derrotou tcheco, sueco, austríaco, ucraniano, russo e belga...
Gustavo Kuerten foi para mais um Roland Garros.
Desta vez,
as coisas seriam diferentes.
mal sabia ele que estava tão preparado,
e jamais imaginava
que iria longe.
Sergi Bruguera tinha dificuldade para fechar os games em que sacava. Gustavo Kuerten confirmava o serviço rapidamente, sem que o espanhol marcasse pontos nestas ocasiões.
CONTAGIANTE
DESDE O INÍCIO
por CARLINHOS ALVES,
treinador do guga na infância
— Logo no início do primeiro set, da maneira que o Guga estava jogando e da maneira que jogava o Bruguera, estava claro quem iria ganhar o jogo e seria campeão.
Não demorou para quebrar o serviço do bicampeão de Roland Garros. Já no quinto game, Guga aproveitou a abertura para subir até a rede e chegar ao 3 a 2.
— O Guga começou a ir na rede porque ía na rede quando pequeno. A bola curta o fazia ir à rede. Jogador não vai para a rede em bola ineficiente. Ele treinava no piso duro e jogava na terra os campeonatos fora de Floripa. Isso deu versatilidade. Era um jogador agressivo, de mão pesada.
Com a vantagem adquirida, Gustavo Kuerten continuava a dar trabalho para que Bruguera fechasse seus games e levava os que tinha o saque ao final rapidamente. E fez isso também no nono game, quando era o espanhol que botava a bola em jogo. Guga foi arrasador, arriscou e se deu bem.
Kuerten 1, Bruguera 0, indicava o placar seguido das parciais 6 a 3.
SEM TEMPO
RUIM
por mário motta, narrador da partida
para a rádio cbn diário
Bruguera passou os jogos Da campanha perdendo o primeiro set, mas reagia e avançava. Guga e o técnico Larri Passos não se deram conta. Em desvantagem, o espanhol passou a arriscar mais e, ainda assim, Gustavo Kuerten suportava e desfiava o novelo de jogadas fortes.
Entre detalhes como o local do
quique da bolinha e a forma de
rebatida dos tenistas, Motta
informou que no quinto game Guga
havia quebrado o serviço de
Bruguera, que respondeu em seguida: 3 a 3. Foi a primeira e única vez que o brasileiro não conseguiu confirmar o saque, mas não causou abalo.
— O Bruguera estava numa
fase espetacular, voltando
ao topo. Mas o Guga superou
as expectativas.
— Não dava nem para perceber a responsabilidade sobre as costas do Guga, parecia um
guri brincando de jogar tênis. Tecnicamente, estava muito bem. Tinha saques mortais, subia bem na rede e não dava condição ao adversário.
Seguiu assim até o momento crucial. Quando o marcador indicava 5 a 4 neste set, bastava uma nova quebra do saque de Bruguera. Guga botou o espanhol para correr por toda quadra e conquistou os pontos, esvaziando as forças dele. Quando confirmado o 6 a 4 e dois sets a zero, Guga mirou Larri, o irmão Rafael, a mãe e a vó Olga. “Vamos!”, gritou.
— Ele continuou massacrando e não teve jeito. Acho que essa foi uma das partidas mais rápidas de final de Roland Garros.
O MENINO
CRESCEU
POR RAFAEL KUERTEN, irmão de guga
faltava um set para que o menino de Floripa fosse campeão. “Vamos, Guga” ecoou pela quadra Philippe Chartier. Uma torcedora entre os que foram a Paris para admirar a cidade.
Turistas mudaram roteiros para ver guga, assim como os que viajaram para acompanhar uma excursão da Seleção Brasileira.
Passada uma hora e meia de jogo, Gustavo Kuerten dava sinais de cansaço pelo tênis intenso. O adversário também, mas por não conseguir ser regular. O espanhol tentava outras jogadas. O manezinho parecia preparado para tudo.
— Também foram muitos jornalistas que tinham ido cobrir futebol e viraram para o tênis, e muitas pessoas que estavam na Europa. Na final, eu tive que arrumar 26 convites para pessoas próximas, isso que o jogador ganha 10. Eram pessoas que não queria deixar de fora: amigos de infância, pais de amigos e amigos da vida que estavam lá. Tinha muita gente, muitos brasileiros.
Do quinto game em diante, só deu Kuerten: quebrava o serviço do adversário e encantava quando ia até a rede para pontuar.
— Como grande jogador, Bruguera estava mudando seu estilo. Tentava fazer outras situações que não estava acostumado. O Guga estava em um momento ímpar, e a torcida contagiando com tudo. A torcida francesa é apaixonada por tênis, e chega a torcer contra para ver mais jogo. Mas as pessoas estavam maravilhadas com aquele menino que sorria o tempo todo, com roupa colorida, fazendo pontos sensacionais.
No set mais rápido da partida, Gustavo Kuerten fazia 6 a 2. O placar não precisava mostrar mais nada. O mundo conhecia um novo campeão de Roland Garros.
— O Guga fez muito essa jogada, estava ligado. Ele estava deslizando muito bem, por isso chamavam de surfista do saibro. Deslizava com a perna bem aberta e dava a contra-curta.
— Estou certo que passou um filme na cabeça dele, porque passou na minha, naquela hora. Eu não me lembro da comemoração, é o que menos me lembro. Na hora passa o filme. Veio na hora. Ficamos 15 dias em Paris e aquilo fica dentro de ti, mas tu não sabe, não pensa, mas vem. Meu pai me veio à mente na hora. Foi o cara que sonhou com isso, que idealizou em algum momento aquilo.
QUEM SOMOS
Textos
João Lucas Cardoso
Ilustrações
Ben Ami Scopinho
Editor
Lucas Balduino
Design e web