Entramos no Vale da Utopia para mostrar como vive Vilmar Godinho. Depois de uma noite de conversa, chimarrão e sono interrompido pelo barulho dos morcegos, contamos quem é o Guardião do Vale

texto | marcus bruno

iver em harmonia com o meio ambiente, retirar o alimento da terra e, em retribuição, proteger a natureza. Pode parecer um ideal distante. Mas durante mais de duas décadas, essa tem sido a rotina de Vilmar Godinho, 58 anos. Ele é conhecido como Guardião do Vale pelo trabalho de preservação que realiza na Mata Atlântica, na Grande Florianópolis. Só que para o Ministério Público de Santa Catarina não há amparo legal para isso. Mesmo que esse lugar seja o Vale da Utopia.

Trata-se de um local paradisíaco entre a Guarda do Embaú e a Praia da Pinheira, na cidade de Palhoça. É ali que, há 26 anos, Vilmar decidiu viver. Ele habita uma caverna formada por quatro rochas, duas delas enormes, sob as quais ficam uma pequena cabana de madeira de quatro metros quadrados e um segundo ambiente, com uma sala e uma cozinha.

– Eu me sinto seguro aqui, protegido. Tem todo esse paredão entre o Vale e a civilização – diz.

Em 29 de fevereiro, a vida idílica de Vilmar foi perturbada por uma decisão da Justiça que determinou a desocupação da caverna. A sentença gerou protestos da comunidade em Palhoça e despertou a atenção da imprensa nacional. Tudo porque a gruta fica no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, uma área de preservação estadual.

Vilmar nunca teve conta em banco, nem declarou imposto de renda, não tem habilitação, está com o CPF desatualizado e votou pela última vez em 1989. Não se preocupa se vai sobrar mês no fim do salário. Para o sistema, é como se ele não existisse nos últimos 26 anos. Mas parece que ele não tem como fugir: o sistema quer reintegrá-lo por meio dessa ordem judicial. Desde quinta-feira, a Justiça cobra uma multa diária de R$ 500 pela permanência na caverna.

Um oficial de Justiça foi até o Vale da Utopia entregar a intimação, mas Vilmar não estava. Os documentos, que foram deixados na gruta, acabaram encharcados pela chuva e lá ficaram. Mas ele não está muito preocupado com isso. Desde jovem, não dava grande importância para essas coisas práticas. Até que na década de 1990 decidiu deixar a cidade para trás.

cena cultural de Porto Alegre pulsava nos anos 1980. Vilmar morava com os pais Aníbal e Jacoba no bairro Lindoia, zona Norte da cidade. Ele era mecânico e ela, dona de casa.

Na capital gaúcha, trabalhava como artista plástico e publicitário. Organizava festivais e promovia shows de artistas regionais, como a banda de rock Cascavelletes, que revelou Flávio Basso (Júpiter Maçã), Frank Jorge e Nei Van Sória, e o músico pelotense Vitor Ramil. No verão de 1990, viajou para o Vale da Utopia e se deslumbrou. Resolveu ficar.

Um dos irmãos de Vilmar, Vitor Hugo Godinho, de 67 anos, conta que o caçula nunca demonstrou interesse por dinheiro, nem tinha ambição com o trabalho. Quando resolveu morar no mato, não foi um choque tão grande para a família:

– Pela maneira que ele pensava, pelo comportamento dele, a gente sabia que era isso que ele queria. É claro que nossos pais sentiram muito. Nenhum pai ou mãe gosta de ter o filho longe. Mas acabaram aceitando, porque ele vinha periodicamente fazer visitas.

Pouco depois da mudança, a mãe desenvolveu doença de Alzheimer. Nesse período, Vilmar viajava a cada seis meses para ficar com ela em Porto Alegre. Dedicava um mês de cuidados à progenitora e, depois, voltava para o Vale. Ela morreu em 2004. Além de Vitor Hugo, aposentado, ex-funcionário da Justiça, Vilmar tem outro irmão, que mora nos Estados Unidos, uma irmã e um irmão já falecido.

ilmar Godinho não é um ermitão – alguém que foge do convívio social. Ele edita um jornal chamado Espinheira-Santa, com distribuição gratuita e sem fins lucrativos, que circula em Palhoça.

A publicação funcionou de 1994 a 2007, foi suspensa, e voltou agora, em fevereiro. O dinheiro recolhido com anúncios serve para pagar a impressão. Ele acompanha notícias pela internet e tem um telefone celular que usa raramente, já que na caverna não há sinal de telefonia móvel. Além disso, participa da rádio comunitária da praia da Pinheira.

Para alunos de escolas e faculdades, ele confere uma espécie de palestra em que fala da natureza e da própria vida. Às vezes, trabalha com bioconstruções, casas ecologicamente corretas. Isso lhe rende algum dinheiro, embora não goste de depender da moeda.

Vilmar é um jovem de 58 anos em plena forma física. Sobe e desce morro todo dia. O caminho para chegar na caverna em que fica a casa não é nada fácil. O percurso começa depois da Praia de Cima, na Pinheira. São cerca de 15 minutos de subida, descida e desvios de pedras, lama e bois soltos pelo caminho. Mas a vista do Vale da Utopia recompensa.

No final da trilha, fica a caverna. Quando chegou no local, em 1990, já havia uma estrutura debaixo das pedras, usada por outro antigo morador. Ele só precisou fazer alguns reparos e tirar o lixo, porque o lugar estava imundo. Além do quarto, protegido por uma cabana de madeira, há um segundo ambiente que ele chama de sala de estar, com uma mesa redonda de pedra e bancos em volta. Nesse mesmo espaço está a cozinha, composta de um fogão à lenha e uma despensa com alguns potes e latas. O que seria a pia não fica ali, mas no caminho da gruta: uma fonte.

Vilmar decora o ambiente com diversas conchas e pedras polidas, ornadas com desenhos. Coleciona, em um pequeno aquário, alguns pedaços de cerâmica de povos ancestrais.

No começo da vida no Vale da Utopia, comia peixes e outros frutos do mar, mas pela sobrevivência. Nunca se sentiu à vontade. Aos poucos, foi descobrindo na mata vegetais com os quais poderia se alimentar. Atualmente, a dieta é vegetariana. Além de deixar a carne de fora do cardápio, há alguns anos parou de beber.

Próximo à casa, ele mantém uma horta com diversos grãos e ervas, como amendoim, hortelã, sálvia, guanxuma e a ora-pro-nóbis, uma planta rica em proteína e com um leve gosto de feijão. Também cuida de árvores frutíferas, como pitangueira e cerejeira do mato. A alimentação é baseada nessas plantas, in natura ou refogadas. Também cozinha outros grãos como arroz e feijão, e assa pão.

– Eu sou muito curioso. Gosto de experimentar plantas novas. Sempre fico observando o que os animais estão comendo para ver se posso comer também – conta.

A rotina começa cedo, quando ele sai para buscar lenha e acender o forno da casa. Toma banho no riacho – sem shampoo, nem sabonete, para não poluir.

Dorme sobre quatro esteiras e usa um travesseiro. Se precisar, tem cobertor, mas não costuma sentir frio. Está quase sempre com os pés descalços, mas diz que raramente fica doente. Uma só vez foi parar no hospital por causa de um acidente na mata. Quebrou a tíbia e ficou um mês internado, esperando uma cirurgia. Depois da alta, voltou depressa para a caverna e não retornou ao hospital nem para tirar os pontos.

A vida na gruta não despiu o gaúcho de todas as vaidades. Gosta de cuidar da barba e do cabelo comprido. Busca a própria imagem no espelho para conferir como está antes de ser fotografado. É um pouco tímido e costuma rir quando conta sobre o próprio estilo de vida. Fala bem baixinho, como se para não atrapalhar o som da floresta.

O silêncio do lugar só é cortado pelo vento balançando as árvores, o cantar dos pássaros, coaxar dos sapos, a água vertendo da nascente e as ondas do mar. Nesse ambiente, ele costuma meditar. Na cabana também há vários livros. Lê muito sobre espiritualismo e história.

beleza, a tranquilidade e os cogumelos com poderes alucinógenos do Vale da Utopia costumam atrair muitos hippies durante o ano. Mas é no Réveillon que o lugar lota de malucos. Na praia do Maço, depois de meia hora de trilha, há um bar que abre só no verão. O dono é Alvenir Silveira, o Mema, que cobra R$ 10 de quem quer acampar no local. Apesar do cuidado, sempre há quem deixe sujeira no caminho. Vilmar, o Guardião do Vale, é quem recolhe. Ele ainda orienta sobre em quais locais é permitido acampar e fazer fogo e orienta a não usar shampoo no rio.

– Lá naquela pedra – mostra Vilmar apontando para o morro em frente – fica um pássaro raro, um urutau. É o único que tem por aqui. E ele se comunica com outro, lá na Guarda do Embaú. Então, quando o pessoal vai acampar ali, eu sempre aviso que não pode – explica.

escritor e teatrólogo Wilson Rio Apa, com 91 anos, afirma que é o dono da área em que está a gruta de Vilmar. O velho foi jornalista em Curitiba e largou tudo para viajar o mundo como marinheiro e escrever. Anarquista, é um dos idealizadores do Vale da Utopia. Comprou um quinhão de terra do Mema, o dono do bar na praia do Maço. Queria fundar uma sociedade alternativa lá, mas acabou não dando certo. Por isso, não se importa com a presença do gaúcho e outros bichos-grilos que chegam frequentemente. Ele, inclusive, chegou a dar um cavalo branco de presente para Vilmar. Kim, filho de Rio Apa, é o advogado do gaúcho.

– Quando ele chegou, eu estava morando na gruta. Achei ele muito mais cavernoso do que eu. Aí ele foi ficando lá, e eu voltei para casa. Esse foi o nosso primeiro contato. Eu acho que o Vilmar deveria era cobrar do governo a capacidade dele de preservar toda aquela região que me pertence. Eu, que deveria receber alguma notificação, não recebi nada da Justiça – afirma.

Mas o gaúcho não é o único habitante do Vale da Utopia. Figuras como Odenilson dos Santos, o Baiano, 45 anos, também escolheram a área como lar. Ele foi notificado pelo oficial de Justiça e disse que, se for o caso, vai deixar o local.

– Eu também não vou me esconder. Tenho que saber o que a Justiça tem para falar, mas acho que eles não vão tirar a gente de imediato – espera.

O promotor de Justiça José Eduardo Cardoso, responsável pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, tem cinco processos em andamento contra pessoas que ocupam de forma ilegal a área de preservação, entre eles o de Vilmar. Ele explica que o parque não tem um único dono, que o Estado de Santa Catarina o criou em 1975 e, de lá para cá, desapropriou e indenizou 12% da área. O restante permanece em nome de particulares. Diz que a criação da área de preservação implicou em uma restrição muito severa àquele território. As pessoas não podem fazer uso em razão do regime que impede a exploração direta.

– O uso que é feito por Vilmar Godinho não é permitido pela legislação. O uso direto, mesmo de uma forma amigável, amistosa, não é possível. O modo de ocupação de Vilmar não é de muita agressividade, é talvez um micro dano. E por mais que seja pitoresco o estilo de vida dele, que ele tenha uma sintonia com a natureza, não existe uma hipótese legal de permissão do uso ou da residência que ele faz. Nós lamentamos por isso, porque o Vilmar é uma pessoa benquista na comunidade. O fato é que se for aberta uma exceção para ele, muitos outros, que têm uma situação completamente diferente do Vilmar, podem se aproveitar desse precedente perigoso, e isso regularizar uma situação totalmente contrária à lei – argumenta o promotor.

ilmar Godinho é pai. Foi na Pinheira que conheceu Elizabeth Albrecht, a Dete, com quem teve um filho, o Huanan, hoje com 15 anos.

– Eu conheci o Vilmar no ano em que ele foi para o Vale. Em 1990, por coincidência, eu fui morar na Pinheira. Uma amiga nos apresentou e a gente se identificou desde o início. Somos amigos desde aquela época. E a carência de inverno fez vir o Huanan, nosso tesouro – recorda.

O menino mora com a mãe na Pinheira e cursa o terceiro ano do Ensino Médio no Instituto Estadual de Educação (IEE) em Florianópolis. Acorda de madrugada e algumas vezes na semana tem aula à tarde. Nesses dias, só chega por volta das 20h em casa.

– A relação com o meu pai nunca foi muito próxima, mas também nunca foi distante. A gente se visita quando dá, uma vez por mês. Eu gosto muito dele. Já acampei do lado da caverna por uns três dias e acho o estilo de vida dele bem interessante. Às vezes até me passa pela cabeça, quem sabe no futuro, seguir o mesmo exemplo  – diz o tímido Huanan.

Dete tem 62 anos. É arquiteta e maquetista. Também tem uma casa na Costa da Lagoa, em Florianópolis. Ela e Vilmar mantêm uma boa relação de amizade.

– Eu fiquei muito admirada com essa ação, porque com tantos crimes para se preocupar, como a retirada de areia no Sertão do Campo, as invasões no Parque do Tabuleiro, os loteamentos clandestinos, a falta de saneamento, uma série de situações importantes, o Ministério Público foca a atenção no Vilmar – protesta.

Ela tem, inclusive, ajudado na mobilização para manter o companheiro no Vale. “Deixem o Vilmar em Paz” é o movimento que ganhou a internet. Uma petição no site Avaaz já tem mais de 20 mil assinaturas.

A repercussão levou equipes de televisão e jornais em busca do Guardião do Vale. Mas essa não é a primeira vez que Vilmar Godinho fica famoso. Em 2014, estrelou um videoclipe da banda catarinense Dazaranha. A música Rastaman retrata o estilo de vida do gaúcho radicado no Vale. Enquanto o impasse não termina, ele mantém a mesma rotina. Como diz a canção, dorme com saúde, acorda com disposição e de bem com o mundo.

Vilmar recebeu, na virada de quarta para quinta-feira, a reportagem – este que vos escreve e o fotógrafo Marco Favero – para passar uma noite na gruta.

Foi o primeiro frio deste outono, o termômetro marcou cerca de 11ºC, mas o anfitrião não parecia se incomodar. Afinal, estava de chinelos. Chegamos no final da tarde. Ventava muito, e o céu estava um pouco fechado.

Ele nos mostrou a horta, sabia o nome de cada planta e para que servia, se era para comer, medicinal ou venenosa. Depois, tomamos chimarrão e conversamos por horas, sob a luz da brasa do fogão e de uma vela.

Vilmar falava pausadamente e, nessas pausas, o silêncio era absoluto no Vale.

A história da fundação da Praia da Pinheira era o assunto principal da conversa. Ele também falou sobre as civilizações incas e africanas. Conversamos bastante sobre a relação do homem com a natureza.

– A industrialização tirou o chão das pessoas. Transformou os homens em astronautas dentro do próprio planeta. Acabam perdendo o vínculo com a Terra, não comem mais alimentos naturais, não põem mais o pé no chão, respiram ar contaminado, não contemplam a natureza, a vida. Nem pensam, não questionam. Tudo é feito para a comodidade, para poderem produzir e a sociedade consumir, consumir cada vez mais, até que acabam consumindo o planeta – filosofa.

Para Vilmar, o mundo precisa resgatar a relação do homem com a natureza. Sobre a solidão de viver na caverna, ele discorda.

– Não me sinto só. Eu me sentia muito sozinho quando vivia na cidade. Eu acho que a solidão que a gente mais sente é quando estamos no meio de tanta gente e não temos com quem contar. Havia um prédio do lado da casa onde eu morava. Viviam muitas pessoas  estranhas, que entravam, saíam e se cruzavam nas ruas e nunca trocavam uma palavra, um olhar – lamenta.

Vilmar foi dormir pontualmente às 22h. Disse que vai se deitar conforme as fases da lua. Naquela noite, ela estava cheia. Antes, nos alertou sobre a grande quantidade de morcegos voando para lá e para cá. De fato, os bichos deram alguns rasantes, fizeram barulho, mas logo se acomodaram, e o Vale da Utopia dormiu em paz, inclusive os únicos dois intrusos, o repórter e o fotógrafo.

Conheça pessoas que acabaram se isolando em algum canto do Brasil

Dominguinhos da Pedra – Durante 42 anos, Domingos Albino Ferreira viveu em uma toca de pedra nas proximidades de Itambé do Mato Dentro (MG). Nascido em Dom Joaquim (MG), morou em São Paulo, Cuiabá e em algumas fazendas no interior mineiro até se isolar definitivamente por, segundo ele, “ter se apaixonado pela filha de um dos fazendeiros para quem trabalhava”. Mantinha-se com a aposentadoria de um salário mínimo, recebida por alguém na cidade que lhe dava uma cesta básica e ficava com o resto. Morreu em 2011, aos 79 anos, sete meses depois de ir morar em uma entidade assistencial em Itabira (MG). Sua história foi contada no documentário A Alma do Osso, de Cao Guimarães.

Shigeru Nakayama – Japonês de Fukuoka, mudou-se para o Brasil na década de 1960, onde se assentou no Pará como agricultor. Em 2001, chegou a Airão Velho (AM), cidade abandonada desde o declínio do Ciclo da Borracha no início do século 20, e realizou o sonho de se estabelecer na Floresta Amazônica. Aos 62 anos, mora em uma pequena casa de madeira e chão de terra, come o que planta e recebe doações dos turistas que guia pelo local.

Siegfried Helmut Geib – Ex-soldado, fluente em alemão, trocou São Leopoldo (RS) para levar um vida sem endereço, sem patrão e sem família em um barraco de madeira sem luz elétrica em frente a uma lagoa que desemboca do rio Jacuí, em Vale Verde (RS). O acesso ao local era pela água, a seis quilômetros do vizinho mais próximo. Sua única conexão com o mundo era um radinho de pilha. Alimentava-se de peixes e mel, que também vendia aos raros visitantes que recebia. Morreu em 2008, aos 84 anos – 50 dos quais nessa rotina.

Giovanni Maria de Agostini – Frei italiano que em 1838 cruzou o Atlântico rumo ao Brasil, onde atuou como missionário entre 1844 e 1852. No Rio, então capital do Império, permaneceu quatro meses morando no pico da Gávea. Para se sustentar, fabricava rosários e crucifixos. Quatro anos depois, no Rio Grande do Sul, ganhou notoriedade ao tornar “milagrosas” as águas de uma fonte. Diversos locais por ele habitados – não só no sul do Brasil, mas também no Chile, no Peru, México e Estados Unidos – viravam “lugares santos”. Ficou conhecido como o “eremita do Novo Mundo”.

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