Caroline Stinghen caroline.stinghen@an.com.br
Ao falar sobre água, o agricultor Ordival Macoppi, 64 anos, muda visivelmente a expressão de seu rosto. Suas sobrancelhas e testa enrugam. O respiro profundo, quase que em tom de desabafo, deixa explícito seu descontentamento: ele está estressado. Há cerca de 30 anos.
Na região rural do bairro Vila Nova, nas comunidades que moram após a ponte do rio Piraí até o limite com Guaramirim (cerca de 6,5 quilômetros) — a água potável, tão indispensável, não chega. A comunidade, onde ficam as terras e a empresa de sementes de arroz da família Macoppi, não conta com água tratada da autarquia Águas de Joinville, uma empresa pública, responsável pelo abastecimento e saneamento básico de Joinville.
A briga começou quando as terras às margens da SC-108, a Rodovia do Arroz, ainda eram de seu avô. Mas foi ele, com ajuda da família, que iniciou o movimento.
A situação, há poucos anos, era um pouco mais fácil. Um caminhão-pipa era enviado pela Águas de Joinville todas as semanas, para as 70 famílias da região. O benefício foi cortado há cerca de quatro anos. Macoppi procurou empresas privadas que realizassem o abastecimento com caminhão-pipa, só que o gasto mensal seria de R$ 2 mil.
— Eu não quero água potável de graça. Quero pagar a taxa como todo mundo — desabafa.
Foi uma parceria com uma empresa do bairro, que conta com água potável, que a ajuda chegou. A indústria fornece o benefício para a família e para a empresa de Macoppi.
O caminho da água não é simples. É Macoppi que, ao menos uma vez por semana, leva — com a ajuda de um funcionário — duas caixas-d'água, cada uma com 2,5 mil litros, na caçamba de um caminhão. O peso no caminhão aumenta muito mais, e como o agricultor observa, o risco de um acidente é grande.
— Já quase tombei em uma curva. A água uma vez começou a vazar. Uma senhora que andava na estrada que me ajudou. Ela me emprestou sua bengala para tentar fechar o buraco do vazamento — relembra o agricultor.
O agricultor também investiu pesado para o abastecimento da empresa. No total, ele possui 17,5 mil litros em caixas que armazenam água. Uma parte é destinada à a água que vem direto do rio. Ela é usada para descarga de banheiros e para lavar calçadas. Para consumo e banho (a empresa possui banheiros com seis chuveiros para os funcionários), é usada a água potável que seu Macoppi busca semanalmente de caminhão.
— Esta indústria parceira nos ajuda porque quer, porque se sensibilizou com a nossa situação. Se eles quiserem, podem deixar de nos fornecer água a qualquer momento— explica o agricultor.
De acordo com a Águas de Joinville, a rede de abastecimento para a região será construída ainda neste ano, mais precisamente no segundo semestre. Os estudos já estão sendo viabilizados pela autarquia e inclusive, conta Macoppi, funcionários de uma empresa terceirizada já apareceram para medir o trecho por onde deve passar a obra. A esperança acenou. Mas, como já diz o bom e velho ditado: agora, eles só acreditam vendo.
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Eu não quero ÁGUA POTÁVEL de graça. Quero pagar a taxa como todo mundo.
Ordival Macoppi, agricultorA população da área rural do Vila Nova ainda enfrenta um segundo problema. O lençol freático da região tem muitos tipos de metais. Macoppi cansou de, ele próprio, mandar fazer exames para avaliar a qualidade da água que saía do poço artesiano que mandou construir, uma sugestão da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Na época, ele gastou cerca de R$ 8 mil. Investimento quase que em vão. A água não é própria para consumo.
Ele mostra, entristecido, o que acontece com a água que retira do poço, que tem quase 70 metros de profundidade. No princípio, ela parece limpa e transparente. Mas deixada em um pote de vidro, que foi esterilizado, em poucos dias a cor dos metais toma forma. Em um pote com água que ficou guardado por um ano, por exemplo, uma espécie de espuma ou geleia se formou em tom acobreado.
— Imagina o que aconteceria com esta água dentro do organismo — avalia o agricultor.
Caroline Stinghen caroline.stinghen@an.com.br
Ter água tratada em casa é uma realidade comum para a grande maioria dos joinvilenses. Não ter é que é anormal. Mas a situação existe e afeta dezenas de famílias. Seja no bairro Vila Nova, em pontos do distrito de Pirabeiraba, no alto do morro do Boa Vista e do Quiriri, em áreas carentes como o Juquiá, na zona Sul, e o morro da rua Itajubá, na zona Norte, ou até em residenciais da área urbana que, por escolha própria, optaram por não receber água tratada da rede.
Segundo dados oficiais da Águas de Joinville e divulgado pela organização Programa Cidades Sustentáveis, 99,84% da população urbana recebem água tratada. Em termos gerais, são cerca de 99% da população de quase 550 mil habitantes que têm água potável em casa. De acordo com o assessor de planejamento e desenvolvimento operacional da autarquia, César Rehnolt Meyer, a maioria destas famílias tem procurado alternativas. Seja com água canalizada de nascentes, poços artesianos ou através de ligações clandestinas, quando a água tratada pela autarquia é desviada ilegalmente.
Mesmo com um panorama que, visivelmente, bastante positivo, este pouco menos de 1% da população que não conta com abastecimento reclama. No 21º lugar no ranking nacional de desenvolvimento no País, segundo dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, Joinville apresenta IDMH 0,809, o que é considerado alto. O índice avalia três indicadores: vida longa e saudável, educação e padrão de vida. Na educação, há índices baixos de analfabetismo, boas notas no Ideb e Enem. Joinville é a maior cidade e a maior economia de Santa Catarina, com um produto interno bruto de R$ 18,8 bilhões (2013). Os números, definitivamente, nos favorecem.
Se analisarmos, então, 1% parece pouco. Mas para quem não tem o benefício, números não bastam e nem explicam.
A rua Itajubá, no bairro Bom Retiro, em uma determinada parte, dá acesso para uma dezena de vielas. Sem pavimentação e em barro esburacado, é subindo que se percebe a quantidade de moradores que vivem ali. Casas em alvenaria no pé, residências de madeira mais ao topo. A rede de água tratada atende a muitas casas na região. Mas é subindo mais que ela não chega. Foi preciso improvisar. Saneamento básico também não existe.
A alternativa surgiu há mais de 30 anos, quando os primeiros moradores canalizaram água de uma nascente. Como qualquer encanamento, as tubulações levam uma água transparente até as casas. Hoje, mesmo com o aumento surpreendente de moradores — chega a cerca de 100 famílias — a situação continua a mesma. A água da nascente permanece canalizada. Os moradores compraram uma caixa de cinco mil litros para armazenar parte da água. Eles mesmos a limpam e se dividem nos cuidados.
Mesmo nas casas onde chega o abastecimento, um carma: a água só aparece durante a noite.
— Quem não tem caixa ou não tem condições de comprar uma, fica acordado de madrugada para ter água — relatou uma dona de casa.
A assistente administrativa Alana Catiê Domingos, de 29 anos, que mora no morro da rua Itajubá desde que nasceu, é uma das moradoras que possuem água canalizada da nascente.
- Quem tem água da rede acaba pedindo água aos moradores que têm da nascente. Sempre falta para eles — lamenta.
Ela mora com o marido e dois filhos, de um e dez anos, no local. Poucas vezes filtrou ou ferveu a água. Somente quando há chuva forte e a água fica suja, é realizado um processo de filtragem.
— Compramos um filtro para a tubulação e agora que vimos quanta sujeira para ali. Mas desde criança tomei esta água e nunca fez mal a ninguém. Quando tomo água da rede, o gosto é até ruim — contou.
A solução, segundo Alana, seria água tratada para todas as famílias. Desde que o abastecimento ocorresse 24 horas. Não somente à noite.
As melhorias na rua Itajubá fazem parte do plano diretor da Águas de Joinville. A solução é a implantação de uma motobomba, que geralmente fica nos pés dos morros. O equipamento aumenta a pressão e leva a água para os pontos mais altos. O aparelho é chamado de booster.
Equipamentos já foram instalados em 51 pontos da cidade. Ele consome uma grande quantidade de energia elétrica, mas é essencial para as comunidades. O booster instalado na rua Lindoia, no bairro Glória, por exemplo, alimenta casas de 15 ruas. Na rua Itajubá, informa a autarquia, o benefício será instalado no segundo semestre. Os moradores não terão custo a mais pelo aparelho.
Camila Guerra camila.guerra@an.com.br
Limpa e gelada, a água que abastece a casa da família Dumke, no Rio da Prata, distrito de Pirabeiraba, na zona Norte de Joinville, brota da terra da propriedade do irmão de agricultor Nelson Dumke, 64 anos, nas proximidades do morro da Tromba.
— A água daqui é um cristal. É por isso que chamam este lugar de Rio da Prata. É tão fácil achar água aqui — diz Nelson.
A mulher do agricultor, Lucilda Dumke, 51, que mora na localidade rural desde que nasceu, conta que nunca teve água tratada na região. Antes de utilizar a água da nascente, a família pegava água de outro rio que passa pela propriedade, explica o filho mais novo do casal, Vanildo Dumke, 24.
— Quando chovia muito, a água daquele rio era suja. Agora é boa, porque vem direto da nascente — conta o jovem.
Há 14 anos surgiu a simples ideia de canalizar a água da nascente. Para evitar folhas ou alguma sujeira, foi instalada uma espécie de filtro feito com parte de uma garrafa pet cheia de furos pequenos. Desta forma, a água que nasce na terra passa pelo filtro, em seguida entra no cano, e depois se ramifica em mangueiras que levam o líquido até as casas.
Um amigo da família que faz conservas para vender passa pelo menos uma vez por mês na propriedade dos Dumke para pegar a água, conta Lucilda. Segundo ela, ele prefere usar a água da nascente porque acredita que as conservas duram mais. Mesmo assim, a água é fervida para fazer a conserva.
Nelson não troca a água da nascente por nada. Ele lembra que há uns anos teve de ir ao Centro de Joinville para resolver alguns problemas e tomou água da torneira para matar a sede, mas não gostou.
— Agora só procuro ir onde tem água boa — afirma Nelson, antes de dar gargalhadas.
O filho Vanildo também prefere a transparência da nascente.
— Quando vou na casa de alguém que só tem água tratada, eu tomo. Mas não gosto — confessa.
O engenheiro sanitarista da Águas de Joinville, Pedro Toledo Alacon, explica que não é comum as companhias de abastecimento levarem água até as áreas rurais pelo alto custo que isso demandaria. Mas alerta que mesmo a água proveniente de nascentes deve passar por tratamento.
— Animais também bebem dessa água e podem defecar em locais próximos, então é grande a chance de haver coliformes fecais — explica Alacon.
É do alto do morro do Boa Vista, na zona Leste de Joinville, que vem a água que abastece as residências de cerca de 50 famílias que vivem no local, uma área de preservação permanente. Mangueiras que saem de poços artesianos criados pelos próprios moradores — os mais antigos — levam a água até as casas, em parte construídas acima da chamada cota 40 (acima de 40 metros de altitude).
O processo para garantir o abastecimento não é simples. Muito parecido com a região do morro da rua Itajubá, os moradores é que investiram nos equipamentos que levam a água até suas torneiras. A rede de abastecimento da Águas de Joinville não chega, e nem pode ir até o local, que é considerado uma área de invasão.
O poço artesiano que abastece a casa de uma operadora de produção de 28 anos, por exemplo, fica a pelo menos três quilômetros mata adentro. Na casinha de madeira, envolta pela espessa mata atlântica, a mulher mora com o marido, a sogra e uma cunhada há um ano e dois meses. Antes de se mudar para Joinville, ela morava em Canoinhas, onde tinha acesso a água tratada. Agora, sem outra alternativa, já está até acostumada a consumir água do poço.
— Desde que me mudei, ficamos sem água apenas uma vez, quando ocorreu um problema com as mangueiras. A comunidade se reuniu e comprou novos acessórios. Desde então, não houve nova interrupção, nem no verão — relatou a moradora, sobre o procedimento alternativo desenvolvido pela comunidade.
A lei municipal 1410/1975 proíbe a construção de imóveis acima de 40 metros de altitude em Joinville. Desta forma, é a própria legislação que isenta a Companhia Águas de Joinville de levar água às residências situadas na parte mais alta dos morros, que, neste caso, também é considerada área de invasão. Em 1997, houve algumas mudanças na lei, que passaram a permitir a construção em alguns locais acima dos 40 metros, mas esta brecha não se aplica ao morro do Boa Vista.
Para chegar até a residência de uma dona de casa do Juquiá, a água vai de uma casa a outra por mangueiras, que cortam não só casas, mas ruas, terrenos e até valas de esgoto — comuns nesta região. A improvisação é igual na rede elétrica. Televisão, geladeira e micro-ondas, só com "gato". Esta situação ocorre na zona Sul de Joinville, no bairro Ulysses Guimarães.
Mergulhadas em meio ao esgoto, as mangueiras estão presentes na maioria das casas. Sem saber ao certo de onde vem o líquido e se é tratado, a dona de casa diz apenas que onde mora é assim mesmo.
— Ninguém tem relógio (hidrômetro) — conta, com naturalidade.
Apesar de, aparentemente, não se incomodar com a forma de abastecimento praticada, a realidade nem sempre foi esta. Antes de se mudar para o Juquiá, ela morava com os dois filhos — um adolescente de 14 e um menino de seis anos — em uma casa no bairro Jarivatuba, também na zona Sul, em uma região urbanizada e com acesso aos serviços básicos, como água e luz.
— Vim para cá porque lá a gente não tinha condições de pagar água, luz e aluguel — relata.
Vivendo há cerca de um ano e meio na área de invasão, a moradora disse que quando comprou a casinha, ela já estava com a ligação de água, via mangueira.
— Dor de barriga, estas coisas, nunca tivemos — afirma.
Em janeiro, durante a onda de calor, a dona de casa, assim como outros moradores da zona Sul, também ficou sem água, mas, diferentemente deles, que são abastecidos pela Companhia Águas de Joinville, não tinha a quem recorrer.
— Queria colocar um relógio. Apesar de a Prefeitura ter legalizado a casa, ainda não legalizou o terreno, então não podemos ter água tratada — lamenta.
A Águas de Joinville informou que a água utilizada pelos moradores do Juquiá é desviada da rede da companhia. Segundo a assessoria de imprensa da empresa, não é possível legalizar o abastecimento no local porque se trata de uma área de invasão. Existem ainda 40 áreas de invasão em Joinville, identificadas pela autarquia. A água que abastece estas casas irregulares entra na cota de desperdício da companhia, o chamado desperdício comercial.
Camila Guerra camila.guerra@an.com.br
De toda a água que sai das estações de tratamento de água (ETA) de Joinville, 47% dela são perdidos. Os dados são da Companhia Águas de Joinville. Os vilões para tanto desperdício são, principalmente, vazamentos na rede. Tubulações antigas, veículos pesados nas ruas e acidentes de trânsito são as causas para os rompimentos. Mas a população também tem culpa neste cartório. Evitar o desperdício de água pode começar em casa, com simples ações.
Um dos principais objetivos de trabalho da autarquia é reduzir esta perda. A meta é chegar em 2022 com 30% de desperdício, que é considerado o número ideal pela empresa. Para isto, a companhia pretende diminuir 2% ao ano.
— Para reduzir, depende de estudos de viabilidade e, às vezes, o investimento é maior do que a própria perda de água — explica Pedro Toledo Alacon, engenheiro sanitarista da companhia.
As perdas se dividem em dois tipos: física, que consiste nos vazamentos ocultos (aqueles internos que não vemos) e visíveis (quando conseguimos ver a água brotando nas vias); e na comercial, que corresponde a fraudes em hidrômetros, ligações irregulares — comuns em áreas de invasão — problemas com hidrômetro ou a usuários isentos de pagamento, como o Corpo de Bombeiros, por exemplo.
Segundo ainda o engenheiro, a rede de abastecimento em Joinville é mais suscetível a vazamentos porque a maior parte dela é feita de PVC, que é um tipo de plástico mais frágil — utilizado em 99% das empresas de abastecimento.
— Os sistemas que utilizam PVC não têm perda inferior a 30%.
Uma opção, de acordo com o especialista, seria utilizar o plástico PAD, que é mais moderno e resistente, mas custa o dobro do valor. A manutenção também é muito mais cara.
— Teríamos que substituir 2,3 mil quilômetros de rede se fôssemos fazer a troca, o que torna a opção inviável — lamenta Alacon.
Camila Guerra camila.guerra@an.com.br
Para combater os vazamentos, a Águas de Joinville conta com a ajuda da tecnologia e das equipes de caça-vazamento. O coordenador de adução e distribuição da autarquia, Bruno Gentil, explica que os vazamentos se dividem em três categorias: inerente, que não é possível detectar; visível, aquele que podemos identificar nas ruas; e os invisíveis, que são encontrados somente com o auxílio de aparelhos.
O equipamento mais preciso na identificação é o geofone, um estetoscópio com duas bases amplificadoras. Gentil explica que uma delas é colocada no chão para ser possível ouvir os ruídos produzidos pelo vazamento. Desta forma, a área de abrangência é varrida e a localização do vazamento é encontrada.
— Este processo, normalmente, é feito de madrugada porque a pressão de água é maior e o ruído externo é menor — justifica.
Já o chamado logger de ruído é utilizado durante o dia. O aparelho é instalado no hidrômetro e coleta dados da área de abrangência do medidor, que corresponde a 100 metros de raio.
A haste de escuta é outro instrumento usado. Conforme Gentil, o profissional encosta um dos ouvidos em uma das hastes e a outra no hidrômetro para ouvir a vibração causada pelo vazamento. Quando não há, nenhum barulho é ouvido. Quando existe, ele é parecido com o barulho de uma torneira ligada.
— Este aparelho não dá a localização precisa, apenas sinaliza que há vazamento na área de abrangência dele — explica o coordenador.
Com simples ações, você também pode ajudar a diminuir o desperdício de água potável em Joinville.
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Para assegurar um abastecimento de qualidade até 2037, ano em que o Plano Municipal de Saneamento prevê uma população de aproximadamente 850 mil habitantes em Joinville, a Águas de Joinville pretende investir na ampliação e melhora da rede de distribuição.
O objetivo deve ser conquistado por meio da construção de uma nova estação de tratamento na zona Sul, a ETA Piraí Sul, ampliação da ETA Cubatão, modernização da ETA Piraí, construção de dois reservatórios e a ampliação de outros quatro. As obras devem aumentar para 78 milhões de litros a capacidade de armazenagem de água na cidade. Hoje, a capacidade é de 52 milhões.
Helena Dausacker da Cunha, engenheira sanitarista da companhia, explica que o Plano Diretor propõe investimentos s para atender à demanda apontada pelas projeções do Plano Municipal de Saneamento.
— O plano aponta um crescimento maior na zona Sul devido à possibilidade de instalação de fábricas, por isso a instalação de uma nova ETA no Jativoca — aponta Helena.
Segundo a coordenadora de projetos, Charlotte Elisa Maehl, a construção da ETA Piraí Sul está prevista para iniciar-se no segundo semestre de 2017. Atualmente, estão sendo feitos a elaboração do projeto e o estudo de tratabilidade da água, para identificar a melhor tecnologia a ser utilizada no tratamento. A nova ETA terá capacidade de fornecimento de 750 litros por segundo. De acordo com Helena, há uma equipe de técnicos responsável por monitorar as evoluções de crescimento da cidade, que influenciam diretamente nos investimentos da Águas de Joinville.
O engenheiro sanitarista Pedro Toledo Alacon chama a atenção ainda para a importância da redução de perdas de água quanto aos estudos das obras a serem feitas.
— Se as perdas se mantiverem altas, elas nos obrigam a antecipar investimentos; se eu consigo reduzir, eu posso postergar — observa.
Os novos reservatórios serão construídos no Vila Nova, para atender ao Morro do Meio; e no João Costa, que beneficiará parte da zona Sul. Os reservatórios que serão ampliados são o do Aventureiro, América, Profipo e Paranaguamirim.
Esta edição do AN Verde dá início a um período especial para o "A Notícia". Neste 2014, o caderno sobre meio ambiente completa 15 anos.
A iniciativa surgiu da preocupação do jornal com as causas ambientais e pela busca e implantação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que culminou com a conquista da certificação ISO 14001 _ uma das normas empresariais mais importantes _ que foi conquistada cerca de três anos depois, em 2002. O "AN" é um dos únicos jornais do País a conquistar a certificação ambiental.
Lançado em 1999, no princípio a publicação reunia material com a temática principal. Edições adiante, a linha editorial optou pelas grandes reportagens. Uma oportunidade aos jornalistas e aos leitores, que se aprofundaram em temas como o rio Cachoeira, baía da Babitonga, fauna e flora do Norte de Santa Catarina. Fomos finalistas de importantes prêmios, como o HSBC de Jornalismo e Prêmio Fatma de Jornalismo Ambiental.
A primeira das quatro edições anuais do caderno é sobre o Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março. Desta vez, o AN Verde traz histórias de vida de quem, por incrível que pareça, ainda não conta com água tratada em casa. O número, em Joinville, de fato, é bastante pequeno. Menos de 1% dos quase 550 mil habitantes não tem algum tipo de abastecimento. O que parece pouco para nós é muito para quem não conta com o benefício. Trabalhos e estudos estão sendo viabilizados pela empresa responsável pelas obras de abastecimento, a Águas de Joinville. É preciso reconhecer a atuação da autarquia. Mas para quem espera a vida toda pela água potável, a intenção de melhorar não é suficiente. Os moradores querem ver trabalho, querem promessa cumprida. Eles querem água.
Para celebrar os 15 anos, o AN Verde contará ainda com uma página especial no AN.com.br. Diferentemente de outras edições, conteúdos extras estarão disponíveis online. Um experimento para a equipe e a prova de que buscamos novas alternativas de informação a você, leitor. Confira ainda fotos extras e vídeos realizados pela equipe de fotografia de "AN".