BLUMENAU - Parece cena de filme, mas é realidade. Por causa da estiagem que castiga a região, a carcaça de uma velha embarcação, que há décadas naufragou no Itajaí-Açú, emergiu majestosa. Agora, os curiosos que forem até a margem direita do rio, próximo à antiga oficina de trens, no Bairro Itoupava Seca, podem observar facilmente o que sobrou do barco.
Segundo moradores do local, a embarcação tem valor histórico. Eles dizem que, no passado, ela era usada para levar os produtos têxteis das indústrias de Blumenau ao Porto de Itajaí e para trazer maquinários importados à cidade. De acordo com os mais velhos, a chata (nome pelo qual é conhecida) era rebocada por barcos maiores, como o Vapor Blumenau, hoje em exposição na Prainha.
O aposentado Osvaldir Cândido Pacheco, de 58 anos, mora às margens do Itajaí-Açú desde os sete anos. Por muito tempo, o pai dele trabalhou como carregador dos produtos que eram trazidos pela chata. Para Osvaldir, são lembranças de uma época de prosperidade. "Foi um período de movimento, de desenvolvimento, que acabou logo", comenta.
Segundo a historiadora Suely Petri, é realmente possível que o barco que emergiu tenha sido rebocado pelo Vapor Blumenau. De acordo com informações do Arquivo Histórico Municipal, o auge da utilização das chatas se deu entre as décadas de 1920 e 1940, período em que o Vapor estava em atividade. Entretanto, Suely faz questão de ressaltar que o Dr. Blumenau, fundador da cidade, não viajou nessas embarcações.
Os moradores reclamam da falta de cuidado com o patrimônio histórico. "Essa chata é um marco que está se perdendo", comenta Pacheco.
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