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Bullying  | 17/12/2013 10h18min

"Nem sempre a punição é o que resolve", afirma representante da OAB sobre o bullying nas escolas

Iniciativa da OAB traçou perfil de oito instituições da Grande Florianópolis

Para a presidente da Comissão OAB Vai à Escola, Ana Paula Travisani, o papel da entidade, enquanto representante dos advogados, é conscientizar a comunidade escolar e orientá-la. Por meio da comissão, a OAB levantou dados preocupantes na Grande Florianópolis: 82% dos alunos de escolas públicas convivem com bullying. Além disso, mostrou que para 89% dos docentes a família não é participativa.
 
Os dados foram coletados de forma anônima no primeiro semestre deste ano com 552 alunos em oito escolas e 47 professores, seis colégios estaduais e municipais de Florianópolis, Biguaçu, Palhoça e São José. Eles responderam questionários aplicados nas palestras feitas por iniciativa da comissão nas escolas, abordando temas como violência e diversidade sexual.

Confira a entrevista com  presidente da Comissão OAB Vai à Escola, Ana Paula Travisani:

Diário Catarinense — Quando a OAB começou a ir às escolas públicas?
Ana Paula Trevisan —
Começamos os trabalhos em março. A OAB estava se preocupando muito com as escolas da rede pública e estávamos dispostos a ministrar palestras. Desenvolvemos três temas: bullying e diversidade para os alunos, sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para os professores e sobre responsabilidades aos pais.

DC — Quais dados revelados pelos questionários chamaram atenção da OAB?
Ana Paula —
O percentual relevante de alunos que já presenciaram ou já sofreram bullying. Mas o que nos deixou muito felizes é que os alunos tomaram alguma atitude. Já no questionário que passamos aos professores um dado muito preocupante é a questão da vulnerabilidade social. Eles detectam na escola a violência doméstica entre os alunos, e os estudantes acabam desencadeando os problemas dentro da escola, por ser um reflexo de onde moram. Também apareceu a questão do uso de drogas por parte dos próprios pais.

DC — Qual era o papel da OAB nas palestras?
Ana Paula -
Enquanto advogados, podemos passar para os alunos quais as consequências diante de uma atitude em relação ao bullying. Não temos ainda uma lei criminal, mas temos situações na esfera cível, que podem culminar numa ação indenizatória. No entanto, se ocorrer em razão da etnia pode ser racismo e racismo é crime.

DC — Qual orientação dada a alunos nessas situações de bullying. A quem devem recorrer?
Ana Paula —
Se o bullying foi praticado dentro da sala de aula, eles devem falar com a pessoa superior mais próxima. Muitas vezes falta orientação, nem sempre a punição é o que resolve.

DC — Antes de partir para uma ação sempre deve haver essa conversa?
Ana Paula —
Claro. É preciso pensar no caráter pedagógico da escola, há situações que acabam sendo intoleráveis, culminando numa ação indenizatória, tendo em vista a omissão da própria escola.

DIÁRIO CATARINENSE

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