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Ambiente  | 18/03/2011 08h15min

Planejamento de olho na biodiversidade

Olhar para o ambiente colabora para que projetos sejam melhor direcionados

O Brasil ainda não é um país que inclui em seus planejamentos de uso e ocupação do solo instrumentos que considerem a biodiversidade. Foi para saber como integrar a diversidade biológica ao processo de planejamento municipal que a bióloga Cíntia Angelieri estudou o tema em seu mestrado.

Cíntia descobriu a viabilidade de aplicar no país metodologias mais cuidadosas no que se refere à biodiversidade já usadas internacionalmente. Para isso, elaborou "mapas temáticos", capazes de apontar as áreas mais importantes para conservação de espécies em municípios.

No Brasil, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ainda é a principal ferramenta de planejamento, vinculada ao processo de licenciamento de empreendimentos e atividades. Segundo a bióloga, no entanto, esse estudo não proporciona uma avaliação eficaz sobre a biodiversidade das áreas, limitando-se a levantamentos e divulgação de listas de espécies.

Segundo Cíntia, essa metodologia fornece subsídios ao poder público para a escolha de alternativas de uso e ocupação do solo, como a construção de empreendimentos, a expansão urbana e o manejo de áreas agrícolas.

- Antes de escolher uma futura área de plantio, por exemplo, é possível prever a forma mais adequada de manejo do solo, que seria mais vantajosa para a biodiversidade, em conjunto com os interesses do empreendimento.


Os mamíferos como base

Cíntia utilizou em seu estudo o município de Brotas, em São Paulo. O primeiro passo da bióloga foi definir três grandes mamíferos que fariam parte da composição dos mapas temáticos.

- Esses animais são espécies-chave para conservação da biodiversidade, por suas interações de grande alcance com outras espécies, seus altos padrões de distribuição e capacidade de migração, podendo refletir efeitos das alterações na paisagem regional.

O lobo-guará, a jaguatirica e a onça-parda foram os animais observados. Baseada em dados disponibilizados pelo Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Estado de São Paulo (Biota-FAPESP), a bióloga gerou modelos de distribuição para cada espécie pesquisada.

A partir dos modelos gerados, como afirma Cíntia, "quanto maior for a 'adequabilidade' das áreas à presença desses animais, maior a importância desse espaço para a preservação das espécies e, portanto, maior a prioridade dessas áreas para conservação".

AGÊNCIA USP
Jefferson Botega / Agência RBS

Presença da jaguatirica serviu como base para projeto de pesquisa
Foto:  Jefferson Botega  /  Agência RBS


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