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Itapema FM  | 31/05/2016 14h29min

Bob Dylan gostou tanto de gravar Sinatra que repete a dose em novo disco

E mais: Joutro Mundo, Ponto Nulo no Céu e Black Pistol Fire

Atualizada às 15h31min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperin@diario.com.br

Tudo indica que Bob Dylan caminha a passos largos para se tornar o Woody Allen da música. Como o cineasta, ele tem ascendência judia e assina com pseudônimo – inclusive o sobrenome verdadeiro de um é o falso de outro. Também é patrimônio da cultura dos Estados Unidos, daqueles que quando morrer vai gerar longos e laudatórios obituários de costa a costa. E, já em idade avançada, adotou um método de produção que o diretor de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa mantém desde jovem: estando inspirado ou não, bota coisa nova na rua ano após ano. No caso, o 37º disco de sua duradoura carreira, Fallen Angels.

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O álbum é quase uma continuação do anterior, Shadows in the Night, lançado em 2015. Os dois trabalhos trazem canções populares americanas imortalizadas por Frank Sinatra. O detalhe que faz toda a diferença é o humor ou, em bom português, o mood. Enquanto aquele se arrasta, taciturno, este flana pela faceirice. Mérito do repertório escolhido, pinçado entre os mais conhecidos standards gravados pelo Mr. Blue Eyes. Nem a cor dos olhos e muito menos a voz de Dylan se comparam às do cantor, mas seu timbre peculiar acaba dando uma velha cara simpática a manjadas interpretações.



É o que acontece com as batidíssimas All the Way e Skylark (a única nunca registrada por Sinatra). Seus arranjos miúdos apenas ressaltam o conforto que os versos soprados no vento pelo menestrel proporciona. A dúzia de baladas como It Had to Be You deixa Fallen Angel com cara de trilha sonora para um jantar a dois com alguém já conquistado ou, em âmbito mais caseiro, para arrumar gavetas em um domingo preguiçoso depois de assistir ao último filme de Allen. A exemplo do diretor, que vem rodando seus longas longe de Hollywood, Dylan poderia continuar nessa toada e se debruçar sobre o cancioneiro de paragens mais distantes. Desde que não se atreva a entoar A Luz de Tieta.

Bacana jimais
O nome é sensacional: Joutro Mundo, com o jota pronunciado à inglesa, como em John. Cria do produtor carioca Jonas Rocha, o projeto colide os embalos de sábado à noite com o groove verde e amarelo. A proposta recheia a coletânea Brazilian Boogie & Disco Reworks Vol. 1 com truques como Panthera – por cima de uma versão de Sing to me Mama, de Karen Cheryl, são jogadas pitadas de ritmos amazônicos e africanos. A melhor faixa é Paul in Rio, nada menos do que a deliciosa Coming Up, de McCartney, engordada por beats que anunciam palavras de ordem a quem quer felicidade.




LANÇAMENTOS

Ponto Nulo no Céu, Pintando Quadros do Invisível – Surgida em 2007, a banda catarinense logo se destacou pela bem acabada sonoridade, que conjuga new metal com referências de outros gêneros sem nunca parecer forçada. Este terceiro disco – que terá distribuição digital pela Deckdisc – promete voos mais altos ao grupo. Potencial não falta.



Black Pistol Fire, Don't Wake the Riot – Um na guitarra e vocais, outro na bateria. Você já (ou)viu esse formato nos White Stripes e nos Black Keys. A dupla canadense radicada no Texas não se incomoda com as comparações e oferece um punhado de rock empoeirado pela estradas do Sul dos Estados Unidos e blues garageiros sujos de graxa.


Sony Music / Divulgação

Velho menestrel está ficando parecido com Woody Allen no ritmo de produção, botando coisa nova na rua ano após ano
Foto:  Sony Music  /  Divulgação


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