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Itapema FM  | 24/05/2016 12h22min

O dia em que um sex pistol quase tocou em Florianópolis

E mais: Fernanda Abreu, Parquet Courts e John Frusciante

Atualizada às 12h22min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperin@diario.com.br

Em 2007, um colega de São Paulo ligou com uma proposta irrecusável para eu trocar a informalidade jornalística pela fortuna do showbusiness. Ele estava envolvido com a vinda do ex-baixista dos Sex Pistols Glen Matlock para uma série de discotecagens no Brasil e queria incluir Florianópolis no roteiro. Cachê, passagens e estadia correriam por conta de uma multinacional do setor tabagista, só faltava o local para o inglês se apresentar na cidade. Eu teria que descolar esse lugar. Meu pagamento seria o percentual de bilheteria que eu conseguisse negociar com os donos. Topei na hora.

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Procura dali, consulta daqui, acabei convencendo o gerente de uma badalada casa noturna na Lagoa da Conceição a me receber. Eu tinha na manga não apenas uma atração internacional a custo zero: tratava-se de uma figura que havia integrado a banda ícone do movimento punk, uma lenda do rock pela primeira vez em Santa Catarina. Já podia imaginar os cartazes nas ruas com a chamada “um pistol na ilha”, os spots nas rádios ao som de Anarchy in the UK, a fila para comprar ingressos. O potencial parceiro enlouqueceria com a oferta.



Mas a reação dele me quebrou as pernas. “Tá, mas o que esse Sex Pistols toca?”, perguntou. Ante meu estupor, completou, cheio de marra: “Porque eu trabalho com música há 20 anos e nunca ouvi falar desses caras, então não devem ser muito famosos”. De tão chocado, nada respondi. Agradeci pela atenção e, na saída, ainda comentei, apontando para um pôster com “a revelação da e-music sul-africana”: “House demais na cabeça dá nisso”, abortando qualquer plano de trazer Matlock para cá. Lembrei dessa história quando um amigo veio falar de política comigo. Se ele não é capaz de reconhecer algumas premissas básicas, nem vou perder meu tempo tentando mudar seu ponto de vista.

Festa para depois
Primeiro disco de inéditas de Fernanda Abreu desde 2004, Amor Geral reflete as transformações na vida da cantora nesse período. O fim de um casamento de 27 anos, a morte da mãe, as duas filhas para criar – tudo isso confere ao álbum um caráter menos festeiro do que o associado à artista. Mesmo em faixas nas quais imperam clichês garota-carioca-suíngue-sangue-bom, como Tambor (com participação do pai da matéria Afrika Bambaataa), a rotação está mais baixa e as letras, mais contemplativas. Talvez fosse o trabalho que ela tivesse que fazer agora, servindo de transição para um próximo lançamento.




LANÇAMENTOS

Parquet Courts, Human Performance – Ninguém espera que a banda nova-iorquina, já no quinto disco, torne-se “a próxima grande coisa”. Liberto dessa pressão artificial, o grupo se encontra à vontade para desacelerar seu punk rock e caprichar mais na melodia que reveste músicas como DustOutside e No Man No City.



John Frusciante, Foregrow – O guitarrista dos Red Hot Chili Peppers largou a banda com o nobre propósito de sobreviver aos demônios interiores. Parte da terapia é desovar, de quando em quando, EPs com sua recente produção calcada na eletrônica. Este é um deles, com quatro faixas em que mescla cordas e beats para tecer paisagens ora oníricas, ora perturbadoras.

Divulgação / Sex Pistols

Vinda de Glen Matlock (primeiro à esquerda) à cidade foi brecada pela empáfia do gerente de uma casa noturna
Foto:  Divulgação  /  Sex Pistols


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