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Itapema FM  | 26/04/2016 15h14min

Com Monstro, DeFalla finalmente se enquadra no tempo em que vive

E mais: o lendário guitarrista Lanny Gordin, o rapper Rashid e a coletânea New York noise

Atualizada às 15h14min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperin@diario.com.br

Quase nunca é bom negócio estar à frente do seu tempo na música. Na melhor das hipóteses, o artista morre e acaba sendo reconhecido como visionário. Na pior, termina seus dias pobre e amargurado com a injustiça & ingratidão do mundo. Que o diga o DeFalla. A banda gaúcha costumava antecipar tendências – e presenciou gente depois fazendo as mesmas coisas e ficando com a fama e a fortuna que lhe foram negadas. Por isso, Monstro soa tão oportuno: em seu nono disco de estúdio, o primeiro em 14 anos, o grupo liderado por Edu K finalmente se enquadra na época em que vive.

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Sem a imposição de apontar caminhos, o álbum reverbera estilos que o próprio DeFalla já explorou em três décadas de carreira. O funk metal dos primórdios se atualiza em Zen Frankenstein e Fruit Punch Tears. O pop rock, rótulo que sempre penou para receber o devido valor na mitologia da banda, aparece em Veneno e em Dez Mil Vezes – essa, com vocais de um antigo desafeto, o engenheiro havaiano Humberto Gessinger. Outra participação digna de nota é de Beto Bruno, que traz o Cachorro Grande para a conversa em Timothy Leary.



A homenagem ao grande difusor do LSD é a segunda parte de uma trilogia psicodélica que se completa com Aldous Huxley (autor de Admirável Mundo Novo) e Ken Kesey (autor de Um Estranho no Ninho). Mas Monstro se coloca muito mais "competitivo" em termos de apelo comercial do que o oposto sugerido pela reverência a personalidades tortas: o disco acerta as contas com o passado, reúne um punhado de refrãos memoráveis, tem potencial para atrair a molecada e manter os velhos fãs. Após tanto murro em ponta de faca, a formação clássica do DeFalla conseguiu parir seu trabalho mais bem-resolvido. O futuro estava mais perto do que eles pensavam.



Mãos ardentes
Caetano, Gal , Gil, Rita e Jards são alguns que recorreram aos préstimos de Lanny Gordin e sua guitarra endiabrada. Diz a lenda que, já no ostracismo pós-Tropicália, ele chegou a atear fogo nas mãos em uma viagem mal-sucedida. Folclore ou não, o fato é que poucos no país têm uma história tão luzidia nas seis cordas. O lançamento Lanny's Quartet & All Stars recupera um pouco dessa flamejante trajetória em regravações instrumentais de London London, Back to Bahia, Mal Secreto e Pérola Negra, entre outros clássicos de artistas aos quais emprestou seu talento. Não à toa, os colegas de instrumento Sergio Baptista, Luiz Carlini, Pepeu Gomes, Roberto Frejat e Edgar Scandurra fazem fila para acompanhá-lo.




LANÇAMENTOS

Rashid, A Coragem da Luz – O rapper paulistano estreia com uma pegada em que sobressai o jazz para mandar papos retos sobre a correria do dia a dia. Criolo e Mano Brown tabelam com ele em Homem do Mundo e Ruaterapia, mas é nas ladainhas solitárias de DNA, Segunda-feira ou Groove do Vilão que o mano diz a que veio.



New York Noise Dance Music from the New York Underground 1977-82 – Descubra onde LCD Soundsystem, Rapture e toda a moçada nova-iorquina foi buscar inspiração para botar banca no século 21. Está tudo nessa coletânea: o groove empenado dos Bush Tetras, o ritmo invertebrado do Material, as conexões com a eletrônica do Konk.



Raul Krebs / Divulgação

Primeiro disco em 14 anos traz a formação clássica reverberando estilos que a própria banda já explorou em três décadas de carreira
Foto:  Raul Krebs  /  Divulgação


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