Notícias

Itapema FM  | 01/03/2016 11h18min

Ed Motta troca bailes, festas e afins por soul e jazz em novo disco

Cantor mira o sofisticado & culto público estrangeiro em Perpetual Gateways

Atualizada às 11h19min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperir@diario.com.br

Tanto aprontou Ed Motta para não ser confundido com os conterrâneos feios e mal-educados que até outro dia lhe pagavam as contas que seu 12º disco não tem qualquer vínculo com o Brasil e com os brasileiros. Lançado em fevereiro na Europa e no Japão, Perpetual Gateways foi gravado nos Estados Unidos com instrumentistas americanos e é todo em inglês. A previsão é de que a edição nacional saia em 11 de março, mas as dez faixas autorais divididas entre soul e jazz deixam bem claro o público-alvo do trabalho: o culto & sofisticado consumidor estrangeiro do primeiro mundo.

Leia as colunas anteriores
Hard rock, metal & vertentes do som pesado todas as quintas em Males que Vão para o Ben

Como já vinha fazendo antes mesmo de AOR (2013), batizado com a classificação do mercado gringo para adult oriented rock, o cantor investe em uma musicalidade muito mais relacionada à madureza do que ao estilo expresso na sigla. Na primeira metade do álbum, é inegável a influência de Steely Dan. Os timbres elegantes e o groove suave de Hyponcodriac's Fun, Good Intentions e Heritage Déjà Vu têm tudo a ver com a dupla americana que brilhou na década de 1970 cunhando um pop no qual imperava o requinte do jazz – se você não conhece, vá atrás, por favor.



A segunda parte traz o artista em faceta jazzista mais ortodoxa, puxando-se para ficar pelo menos à altura dos craques que o acompanham. A concorrência é forte, com a banda quebrando tudo e extrapolando as convenções do gênero em Forgotten Nickname, The Owner e A Town in Flames. São os músicos – todos com extensa folha de serviços prestados ao ritmo – que respaldam o caminho adotado por Motta. Pois, em vez de viver de hits radiofônicos, coisa em que já provou que tem a manha, ele preferiu se aventurar em um nicho impopular, onde muitas vezes suas pretensões são encaradas como piada. Que seja feliz com suas escolhas.

Vinil arranhado
Produzida por Martin Scorcese e Mick Jagger, a incensada série Vinyl, sobre as entranhas da indústria da música nos anos 1970, esbarra em um problema mais inacreditável do que o preço do pacote da operadora de TV a cabo com o canal que a exibe: a trilha sonora. Pela temática e pela época, o conjunto de canções que embala a trama tinha tudo para ser épico. Mas passa longe disso – e a resposta para o nanismo dos artistas escalados está no altíssimo valor do licenciamento de canções originais. Salva-se a racha-assoalho It's Just Begun, de Jimmy Castor Bunch, e olhe lá.



LANÇAMENTOS

Quilt, Plaza – Em seu terceiro disco, o quarteto de Boston borra as fronteiras entre psicodelismo e indie rock. Descobrir onde termina um e começa outro é a última coisa com a qual se preocupar para se deleitar com pepitas como Eliot St e Passersby. Com alguma sorte e um pouco de justiça, talvez a gente ainda ouça falar muito dessa rapaziada.



TEEN, Love Yes – Como é que ninguém nunca pensou nesse nome antes? A frescura de ser todo em maiúsculas estende-se pelo terceiro trabalho dessa banda formada por três irmãs e uma amiga radicadas em Nova York. Coloque Free Time, All About us ou Tokyo para rolar e brinque de buscar referências, que vão de Madonna fase oitentista a Cocteau Twins.

Reprodução / Divulgação

Artista poderia estar vivendo de hits radiofônicos, mas preferiu se aventurar por estilos impopulares
Foto:  Reprodução  /  Divulgação


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.