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Itapema FM  | 16/02/2016 13h02min

Gigante dos anos 80, The Cult torna-se menor a cada disco

Banda inglesa está lançando seu décimo álbum, Hidden City

Atualizada às 13h02min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperir@diario.com.br

O Cult está com disco novo, Hidden City. (Suspiro). Esses caras já foram meus heróis, quando eu ainda acreditava nisso. Mais precisamente, na segunda metade da década de 1980, com Love (1985) e Electric (1987) fornecendo toda a psicodelia e o hard rock que o então moleque imberbe aqui nem sabia que gostava tanto. No ritmo de uma metamorfose por álbum, a banda adotou o rock de arena em Sonic Temple (1989) – e se cristalizou nesse modo. Dali em diante, a cada lançamento o grupo apenas queimaria o crédito acumulado com o fã, sem oferecer nada que justificasse o, desculpe o trocadilho involuntário, culto em torno de si.



De frustração em frustração, o Cult chega a esse décimo trabalho em uma situação cruel. O velho admirador não nutre mais expectativa nenhuma e o jovem ignora sua existência. A abertura com a bateria tribal de Dark Energy levanta a suspeita de que o cenário pode melhorar, mas fica na tentativa de emular o passado glorioso, assim como em No Love Lost e Dance the Night. Apesar de Ian Astbury continuar com seu vocal trovejante e Billy Duffy extrair riffs poderosos da guitarra, a sensação é de que os únicos remanescentes da formação original nunca mais acharam o que perderam pelo caminho.



O repertório só não é uma caricatura completa porque G O A T, Hinterland e, com alguma boa vontade, Avalanche of Light fazem jus ao legado do grupo, com um ou outro trechinho que honram seus momentos mais inspirados. As poucas investidas em algo diferente são tão canhestras que nem valem a pena ser mencionadas. Segundo consta, Hidden City é o desfecho da trilogia composta pelos esquecíveis Born into This (2007) e Choice of Weapon (2012). Na produção, pela quinta vez aparece Bob Rock, responsável pelos discos mais fracos do Cult. Quer dizer, surpresa seria se essa combinação desse certo.  

A vida pós-Gazu
Muito se lamentou a saída do vocalista Gazu do Dazaranha, na quinta passada. É óbvio que ele fará falta à mais bem-sucedida banda pop de Santa Catarina – uma história que envolve irmãos nativos do bairro Saco Grande, orgulho de ser manezinho da Ilha, personagens típicos citados nas letras, a caixa d'água que virou estúdio e tal. Mas também é óbvio que o grupo deu uma estagnada e talvez precisasse de uma sacudida dessas. Como disse um cínico executivo de gravadora ao saber da separação de um de seus mais rentáveis produtos, agora teremos dois artistas, em vez de só um.

LANÇAMENTOS

Matheus Brant, Assume que Gosta – Um dos criadores do bloco Me Beija que Eu Sou Pagodeiro, o mineiro mostra no segundo disco que seus interesses vão além do Carnaval. É pop na veia, traduzido em uma pegada que remete a Novos Baianos (Me Namorar), rock brega (Abandonado, gravada pelo Exaltasamba) e até sertanejo universitário (A Balada).



Wolfmother, Victorious – Passaram-se 11 anos desde que os australianos estrearam com rock pesado vindo diretamente da década de 1970. Mas a vontade de atordoar o mundo sob a tradição de Black Sabbath e afins permanece impecável – vide a energética faixa-título, City Lights e Pretty Peggy. É pau na água parada!

Tim Cadiente / Divulgação

Únicos remanescentes da formação original, Ian Astbury (vocal) e Billy Duffy (guitarra) nunca mais acharam o que perderam pelo caminho
Foto:  Tim Cadiente  /  Divulgação


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